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8 - A reconstituição da Tradição Primordial

Moíses é encarregado de receber a nova Revelação pela qual Deus reconstitui a Tradição Primordial esquecida. Mas, desta vez, a Revelação é registrada por escrito: é a Escritura Sagrada. Ao mesmo tempo, uma organização sacerdotal é criada, que cuidará, entre outras funções, da conservação literal da Escritura. E as gerações futuras só terão a louvar o rigor com que essa conservação será realizada.

Hoje conhecemos a Tradição Patriarcal, não diretamente e oralmente, mas através da Escritura. Como sabemos o que Deus disse a Adão, depois a Noé? Certamente não é pela Tradição, pois ela foi alterada e até esquecida. É pela Escritura. Aqueles, portanto, que não aderem à Escritura, como é o caso dos hinduístas, conhecem da Tradição apenas o que restou em Babel, ou seja, a parte profana, cosmológica e recente; a parte que não tem valor para a salvação; é por isso que eles ignoram a salvação e a substituem pela libertação.

Moisés conheceu vestígios da Tradição Primordial semelhantes aos que acabamos de descobrir em Jó? É provável. Mas o que é certo, em todo caso, é que Deus, por uma inspiração explícita, preencheu lacunas irreparáveis e reconstituiu arquivos religiosos que a humanidade foi incapaz de transmitir.

Se há no mundo, hoje, uma instituição capaz precisamente de falar da Tradição Primordial e de apresentar seu conteúdo, é a Igreja. Não há outra.

Quando o hinduísmo diz: "A Igreja esqueceu a Tradição; somos nós que a conservamos", está errado. Na realidade, é exatamente o contrário. Todas as religiões pagãs (e não apenas o hinduísmo) abandonaram a linha reta dos marcos tradicionais antes de Abraão e antes da Escritura. Portanto, elas possuem da Tradição apenas a versão babilônica que, justamente, Deus não quis.

A superioridade da tradição pagã (hinduísta ou hermética) sobre a Tradição apostólica é uma afirmação sem fundamento. Mas ela é repetida com tal segurança e por alto-falantes tão poderosos que abafa toda outra palavra e passa comumente por uma verdade evidente.