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2 - O conteúdo da Tradição Primordial

Do ponto de vista geral dos escritores da Igreja, a Revelação feita por Deus a Adão e aos patriarcas que o sucederam continha quatro componentes essenciais: um Deus, uma Lei, um Culto e uma Profecia.

Um Deus - O Deus da Tradição é pessoal, criador e único. Ele é pessoal, permitindo uma relação com Ele; Ele não é uma força cega ou uma entidade abstrata; a religião primitiva não é panteísta. Deus é criador; Ele não tem força independente acima Dele; Ele é soberano mestre de tudo, portanto, criador de tudo. Deus é único; não há outro além Dele; a relação primitiva também não é politeísta.

Uma Lei - É implícita; é a regra de conduta colocada no coração do homem; é a voz da consciência; é a lei natural; portanto, não é revelada positivamente; mas quando Caim a transgride, Deus a lembra explicitamente; ela também é complementada por várias prescrições, como o preceito da procriação.

Um Culto - A lei do sacrifício é universal; consiste em confessar diante de Deus a própria insignificância; este é o fundamento do culto; antes não sangrento, tornou-se sangrento desde a queda, pois foi adicionada a necessidade de expiação; Abel entendeu isso, mas não Caim. O culto de Caim é uma oferta de ação de graças, agora insuficiente; não é aceito por Deus. O sacrifício de Abel é expiatório e, portanto, entra na tradição divina como tendo sido aceito por Deus.

Uma Profecia - É chamada de "Protoevangelho"; aqui está o texto. Deus fala com a serpente após o episódio da tentação original: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela; esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gênese, III, 15). Hoje, parte dessa profecia se realizou; sabemos que a descendência da mulher é Cristo e deduzimos que a descendência da serpente é o Anticristo. Nos tempos antigos, isso alimentou as meditações dos homens que "andavam com Deus", porque resumia a história do mundo; muitos estudiosos afirmam que esta profecia foi dada por Deus para sustentar a esperança dos primeiros homens, pois formula a esperança da Redenção.

Os "homens justos", como por exemplo Jó, meditaram por longos séculos sobre essas duas descendências, essas inimizades, esse "esmagamento da cabeça, essa mordida no calcanhar". Pode-se dizer que o Protoevangelho é a peça central da Tradição Primordial.