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7 - O Cenário Simbólico da Paixão

Outros símbolos, alguns vivos, outros materiais, cercavam a Cruz e recebiam dela seu significado como uma iluminação. Eles são de uma riqueza prodigiosa e aqui só podemos fazer uma breve enumeração. A Co-redentora ocupa o lugar principal neste cenário simbólico, pois nela não há pecado original nem pecados atuais. É a pomba que reproduz de forma mais perfeita a inocência do Cordeiro imolado. Ela não sofre a Paixão física, reservada a seu Filho, mas a Paixão mística. Ela também é uma imagem da Igreja e mais do que uma imagem, pois é a Mãe dela.

Nenhum dos personagens que testemunharam a Crucificação teve que sofrer uma morte violenta. Nosso Senhor os protegeu assumindo isso sobre Si. É assim que São João, o único dos Apóstolos presente no Calvário, também é o único que não morreu como mártir. Jesus se substitui ao homem sob os golpes do Rigor de Deus.

O Centurião, que não era judeu mas romano, foi o primeiro a confessar a divindade de Jesus:

"E o centurião, que estava defronte dele, vendo que expirara assim clamando, disse: 'Verdadeiramente este homem era Filho de Deus'." [Marcos 15:39].

Portanto, o centurião foi o primeiro a responder ao chamado dos gentios.

Entre os instrumentos materiais que participam do cenário simbólico da Cruz, o mais prestigioso é a Coroa de Espinhos. Esta coroa é aquela que Nosso Senhor adquiriu por direito de conquista. Ela se adiciona àquela que Ele já possuía por direito de nascimento em Sua qualidade de "Filho de Davi". A Coroa de Espinhos do Calvário é composta pelas mesmas espinhas que a prevaricação de Adão gerou sobre a terra.

"A terra produzirá espinhos e cardos..." (Gênesis, III, 18).

Esses antigos espinhos da falta original, Jesus as transformou em uma coroa e em uma realeza.

Os três cravos que fixaram Jesus na Cruz foram figurados pelas três flechas com as quais Joabe matou Absalão, que era precisamente "Filho de Davi", mas um filho rebelde contra seu pai. Portanto, Nosso Senhor recebeu as três setas destinadas a um filho rebelde. Mais uma vez, mesmo inocente, Ele desempenhou o papel de Absalão, ou seja, de um culpado.

Quanto às Cinco Chagas, duas nos pés, duas nas mãos e uma no coração, também foram figuradas na história de Davi na forma dos cinco seixos com os quais ele se armou para combater Golias. Ele usou apenas um, mas os destinou todos os cinco a ele, se necessário. Jesus recebeu os cinco seixos destinados ao inimigo do povo de Deus, Golias, cujo nome contém todas as letras necessárias para formar a palavra Golgota.

O "Caminho da Cruz" consiste em quatorze estações que os Cristãos meditam incansavelmente e nas quais se pode ver uma profecia da vida da Igreja e das tribulações que ela suporta.

As Sete Palavras pronunciadas por Jesus na Cruz e solenemente relatadas pelos Evangelistas, são por si só carregadas de um significado abundante. Muitos comentários são dedicados a elas. É bom enumerar pelo menos as primeiras palavras: Pai... Perdoa... Hoje... Eli... Tenho sede... Está consumado... Pai, em tuas mãos...

O Precioso Sangue foi chamado assim porque é a moeda, o ouro precioso, que pagou nosso resgate. O Túmulo é aquele de um homem rico, José de Arimatéia, membro do conselho. Ele convém a este outro "homem rico" que acabou de pagar um resgate tão prodigioso. A Manjedoura de Belém, ao contrário, foi a de um pobre, o que condizia com o Menino Jesus assumindo a condição humana após ter desfrutado da condição divina.