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A VISÃO ESPIRITUAL

Os fenômenos naturais exteriores (aliás, já escolhidos entre desabrochamentos e degenerescências) contemplados com penetração produzem no espírito do estudante em treinamento duas impressões sucessivas.

  • A primeira é a impressão comum a todo observador: é superficial e sensorial.
  • A segunda se realiza no nível psíquico profundo: é particular àquele que soube educar e sensibilizar seu psiquismo interno para torná-lo reativo; é, portanto, um eco, como notamos, mas um eco anormalmente amplificado pela atenção sustentada sobre ele. E amplificado a ponto de se tornar, por sua vez, um objeto de observação interna.

O estudante tornou-se capaz de recolher duas versões do mundo:

  • uma versão sensorial
  • e uma versão interna.

Então, intervém para ele um novo elemento de formação. É a INTERPRETAÇÃO do que acontece agora nele. Seus instrutores antroposóficos vão lhe explicar o sentido e a verdadeira natureza da versão interna recém-recebida: dirão a ele que é uma VISÃO ESPIRITUAL do mundo; ele supostamente verá doravante a "face" espiritual das coisas; e acreditará nisso facilmente, dado o caráter vago e vaporoso das novas imagens que se formam em seu psiquismo.

Esse eco amplificado é agora considerado, pelo sujeito que o experimenta, como pertencente ao mundo das almas, ao mundo das ideias, isto é, ao mundo espiritual ou "mundo superior". Dizem-lhe que adquiriu a visão do Espírito.

O eco de uma coisa material sobre o psiquismo do estudante tornou-se, portanto, uma coisa espiritual. Pelo menos, é essa assimilação, perfeitamente arbitrária, aliás, que vai inspirar doravante todo o resto da espiritualidade antroposófica: "Um ponto importante é o que a ciência secreta chama de 'orientação' nos mundos superiores. Chega-se a essa orientação penetrando-se inteiramente da consciência de que os sentimentos e os pensamentos são fatos reais, da mesma forma que as cadeiras e as mesas no mundo físico". (p. 62)

O estudante agora acredita ter se tornado sensível à estrutura espiritual que estaria subjacente a todo objeto material, a todo vegetal e a todo animal. Esses ditos seres espirituais que ele discerne em transparência no interior de todas as coisas, ele passará a tratá-los como objetos entre os quais deve se orientar e se deslocar, como se faz com os objetos materiais: "Assim como, na vida física, ele encontra seu caminho através das coisas físicas, ele sabe agora se orientar entre os fenômenos de crescimento e de perecimento que acabou de aprofundar da maneira descrita acima". (p. 63)