UMA ENTIDADE LUCIFERIANA
Vimos que a Entidade crística, da qual nos falaram tantas vezes, aproximou-se da Terra, por etapas, desde o fim da era atlanteana. A tendência de Steiner a considerar este ser como apresentando as características de um anjo é absolutamente evidente. A Entidade crística que ele encontra com tanta frequência em sua investigação espiritual é indubitavelmente um anjo. Ora ele se contenta em sugeri-lo prudentemente, ora ousa afirmá-lo nitidamente:
"Seria preciso dizer que o Cristo se fez alma em um 'SER ANGÉLICO'". ("O Cristo e o Mundo Espiritual", p. 61)
"O ser angélico habitado pelo Cristo teve que cumprir um ato que rejeita fora da alma humana o elemento caótico que devia ser expulso dela para que a harmonia e a ordem pudessem reinar no pensamento, no sentimento e na vontade. Uma imagem se oferece a nós: façamo-la viver diante de nosso olhar interior (clarividência). É a imagem deste SER ANGÉLICO, do Ser que está ainda nos mundos espirituais mas que se tornará mais tarde o Menino-Jesus de Natã..." (ib. p. 61)
Este ser, no espírito de Steiner, é angélico por natureza, ou não seria ele antes o resultado da angelização da divindade, isto é, da descida da divindade em um anjo?
Certas passagens tenderiam a prová-lo:
"Nos mistérios apolíneos, dizia-se que uma divindade muito grande havia um dia tomado posse de um SER DA HIERARQUIA DOS ANJOS e que um reflexo de sua ação harmonizadora sobre o pensamento, o sentimento e a vontade se encontrava na música..." (ib. p. 64)
"Apolo, de fato, é o Ser angélico do qual falamos, é um aspecto, uma projeção na mentalidade grega do Ser angélico cuja ação realmente se exerceu no fim da Atlântida e que era animado pelo Cristo. É este Ser que, pela voz das Pítias, inculcou a sabedoria aos Gregos, este Apolo, reflexo do ANJO HABITADO PELO CRISTO, isto é, o Ser angélico animado pelo Cristo". (ib. p. 65)
E ele termina suas considerações sobre o angelismo da Entidade crística com estas palavras:
"Eis o que nos revela A OBSERVAÇÃO OCULTA". (p. 65)
Tudo isso tem, portanto, por origem a falsa mística na qual ele se tornou mestre. É evidente que toda esta mitologia crística, à qual ele dá o nome de cristologia, ele a deve ao seu "olhar interior", isto é, à sua clarividência. Temos, portanto, um traço suplementar provando que esta falsa mística põe em jogo uma forte participação demoníaca.
Qual é, então, de fato, esta ENTIDADE ANGÉLICA, senão Lúcifer procurando se passar pelo Cristo?
De tal sorte que a pretensa "cristologia" de Rudolf Steiner nos dá do Cristo uma definição na qual Lúcifer pode vir se alojar sem que se tenha que mudar uma palavra. Ao honrar o Cristo da Antroposofia, honra-se o Anticristo.