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AS INSPIRADORAS VIENENSES

Rudolf Steiner nasceu em 1861 numa pequena localidade da Áustria meridional, situada atualmente em território iugoslavo. Tinha um irmão e uma irmã, sendo ele o mais velho. Seu pai era funcionário da ferrovia. Foi um estudante muito aplicado e manifestou desde jovem qualidades intelectuais bastante excepcionais. Tornou-se o líder de uma escola de pensamento que figura entre as mais vigorosas de hoje, mas também entre as mais perigosas para o catolicismo ortodoxo.

Sua mentalidade orientou-o desde cedo para as matemáticas e a filosofia. Em Viena, frequentou simultaneamente a Escola Superior Técnica e a Universidade, onde preparou um doutorado em filosofia, doutorado que, por razões que nos escapam, ele só apresentaria alguns anos mais tarde na Faculdade de Rostock, no norte da Alemanha.

Ele teve tanto mais mérito por ser obrigado a prover ele mesmo seu sustento e seus estudos. Foi assim que se tornou preceptor numa família austríaca onde lhe confiaram a educação de um menino de dez anos acometido por hidrocefalia, portanto, com deficiência mental; ninguém mais queria se ocupar dele, nem mesmo seus pais. O jovem Rudolf Steiner, ainda estudante, obteve sucesso com essa criança além de toda esperança, pois o conduziu até o doutorado em medicina.

Esse sucesso espantoso é particularmente sintomático das capacidades didáticas de Steiner. Mostrou então que possuía tesouros de paciência, uma incontestável generosidade altruísta e uma profunda perspicácia psicológica.

Posteriormente, cultivou ainda mais esses dons naturais que fizeram dele um prodigioso pedagogo, como veremos quando examinarmos as realizações da sociedade antroposófica.

Rudolf Steiner teve numerosas relações femininas. Mas, ao ler seus biógrafos, somos obrigados a reconhecer que elas permaneciam na maioria das vezes no terreno do romantismo e mesmo da intelectualidade. Jacques Lautier, em seu livro "La Théosophie", nota que "Steiner foi subjugado pelo poder feminino". Quanto a Édouard Schuré, que foi seu amigo durante certo tempo, reconhece nele "uma sensibilidade profunda e feminina". Durante seus anos universitários, havia frequentado muito a obra de Goethe, que foi apresentado como o poeta e até mesmo o filósofo do "eterno feminino".

A primeira de suas inspiradoras vienenses foi Marie Lang: "Steiner, que estava em contato, em Viena, com uma teósofa renomada, Marie Lang, encontrou junto a ela o apaziguamento que desejava: as horas que passei com ela, escreve ele, foram-me infinitamente preciosas." (Jacques Lautier).

Outra vienense, teósofa também ela, exerceu sobre Steiner uma forte influência: Rosa Mayreder. As longas conversas com ela o enriqueceram, e ele escreve:

"Minha FILOSOFIA DA LIBERDADE tomava em mim formas cada vez mais definidas. Rosa Mayreder é a pessoa com quem mais falei sobre isso naquele momento. Ela me arrancou, em parte, da solidão íntima em que vivi. Se ela aspirava à visão da personalidade humana em si mesma, eu queria, quanto a mim, alcançar a revelação do mundo pela via espiritual que essa personalidade encontra no fundo de si mesma".

Temos aí já o esquema de sua teoria da "clarividência", a saber: a descoberta da essência das coisas pela introspecção profunda de si mesmo. Voltaremos a isso em detalhe, pois é bastante complicado.