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ENTIDADES FLUORESCENTES

Para avançar mais um grau, o discípulo vai agora exercer, sobre seres humanos, o método de observação e meditação que até então se contentara em aplicar aos minerais, às plantas e aos animais.

Mas então esses novos objetos de observação diferirão dos antigos, pois não são mais guiados por seus instintos, mas pela vontade de uma alma espiritual e livre. Assim, os monitores antroposóficos aconselharão seu estudante a se tornar sensível, tanto quanto possível, às INTENÇÕES OCULTAS das pessoas cuja gesticulação eles observam e meditam.

Compreendemos bem que eles possam adquirir assim uma grande sagacidade, ainda mais que seu treinamento dura semanas e até anos. Somente o que não podemos compreender é o fenômeno mental que vai se produzir nele após tantos exercícios perseverantes. Não teríamos nenhuma ideia se antroposofistas experientes não nos descrevessem unanimemente esse fenômeno. Com efeito, o discípulo sentirá agora os primeiros sintomas do que os ocultistas chamam de ILUMINAÇÃO. Deixemos o próprio Steiner falar: "...O sentimento que a planta inspira, por sua natureza, assim como por seu grau de intensidade, ocupa o meio-termo entre o sentimento que a pedra desperta e o que o animal provoca. Os órgãos que se formam dessa maneira são 'os olhos espirituais'. Aprende-se progressivamente a perceber através deles AS CORES do mundo da alma e do espírito. Enquanto se assimilou apenas o que foi descrito para a fase preparatória, o mundo espiritual, suas linhas e suas figuras permanecem obscuros.

"Pela 'iluminação', ele se clareia. Aqui também, notemos bem que as palavras 'claro' e 'obscuro'", assim como as outras expressões que empregamos, exprimem nosso pensamento apenas de forma muito aproximada. A partir do momento em que se usa a linguagem comum, não poderia ser de outra forma. Essa linguagem é feita apenas para as condições físicas.

"A ciência secreta qualifica de 'azul' ou 'azul-vermelho' o que os órgãos da clarividência veem irradiar da pedra. O que é sentido como emanação de um animal é visto em 'vermelho' ou 'vermelho-amarelo'. Na realidade, as cores assim percebidas são de natureza espiritual. Aquela que sai da planta é 'verde', tendendo progressivamente para um 'rosa-claro' claro e etéreo. Pois a planta, de todos os seres vivos, é aquela que, nos mundos superiores, se assemelha sob certos aspectos à sua aparência no mundo físico. O mesmo não acontece com a pedra e com o animal". (p. 71-72)

Os próprios espíritos puros, quando observados com o olho espiritual, também têm sua cor própria: "Os seres dos mundos superiores, que nunca revestem um corpo físico, também têm cores muitas vezes admiráveis, mas também muitas vezes hediondas. De fato, nos mundos superiores, a riqueza das cores é infinitamente mais variada do que no mundo físico". (p. 72)

Por qual tipo de radiações o olho espiritual se deixou verdadeiramente impressionar? É uma questão muito difícil à qual não podemos responder aqui. Tentaremos resolver esse problema quando tratarmos da distinção a ser estabelecida entre a mística verdadeira e a falsa. O que é certo por enquanto é que todas essas ENTIDADES FLUORESCENTES não são unicamente subjetivas.

Steiner insiste no fato de que, entre os iluminados, há unanimidade quanto aos efeitos sentidos: as colorações ou as irisações são as mesmas quaisquer que sejam os observadores. Eles podem falar sobre isso entre si sem que surja nenhum mal-entendido. Um mesmo objeto provoca em todos uma mesma cor.

É certo, portanto, que o espírito do iluminado se deixou penetrar por uma forma sutil da matéria, forma sutil à qual o homem normalmente não é sensível. Sua "faculdade de contemplação", latente no início, está agora invadida, não mais por Deus, para quem ela é feita, no entanto, mas pela franja vibratória última da matéria. Uma "comunhão natural" se realizou. Para ser mais geral e mais teórico, fala-se de preferência de uma COMUNHÃO CÓSMICA.

Steiner descreve da seguinte forma a iluminação que encerra esta fase de treinamento do discípulo: "Faz anos que ele espera sem perceber os frutos de seu trabalho; um dia, sentado pacificamente em seu quarto silencioso, de repente uma luz espiritual o envolve; as paredes desaparecem, tornam-se transparentes ao olhar da alma e um novo universo se desenrola diante do olho agora clarividente e ressoa em seu ouvido agora aberto ao espírito". (p. 129)