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HELENA PETROVNA BLAVATSKY

Aquela que se tornaria a fundadora e a prodigiosa animadora da "Sociedade Teosófica" é de origem germano-russa. Seu pai, o coronel Von Rottenstern Hahn, era de linhagem mecklenburguesa fixada na Rússia. Sua mãe, Héléna Fadeef, era filha de um conselheiro do Czar.

Héléna Pétrovna nasceu em 1831, na época de uma terrível epidemia de cólera. "Ela entrou no mundo em meio a caixões e lágrimas", escreve um de seus biógrafos. Durante seu batismo, alguém ateou fogo, por inadvertência, com um círio, à casula do padre, que foi gravemente queimado; na confusão, várias pessoas foram feridas. Viu-se, nesse acidente, o presságio de uma influência diabólica que se exerceria sobre ela.

Quando chegou à idade de se casar, seu pai a repreendeu por negligenciar sua aparência e ser tão pouco feminina quanto possível. Lançou-lhe esta provocação, dizendo que ela seria incapaz de seduzir até mesmo aquele velho corvo do general Blavatsky, tão feio e de quem tanto zombavam. Héléna Pétrovna levou o pai à letra e seduziu, de fato, o velho general, que a pediu em casamento. E o casamento aconteceu. Mas os esposos nunca coabitaram. Desde a noite de núpcias, ela começou a fazer ao marido cenas violentas e repetidas. Ele foi obrigado a mantê-la trancada para evitar suas extravagâncias. Ao fim de alguns meses, ela acabou fugindo para o Cairo, no Egito, onde começou a vida itinerante e romanesca que conhecemos. Ela não reviu o general seu esposo, mas nunca deixou de se fazer chamar Madame Héléna Pétrovna Blavatsky, nome que seus adeptos, mais tarde, reduziriam às suas iniciais H. P. B.

É impossível resumir seu périplo religioso, assim como seu périplo geográfico. Inúmeras viagens a levaram a Paris, Londres, Estados Unidos, Índia, Jerusalém... Ela se introduziu em toda sorte de seitas, fazendo-se iniciar em todas as práticas e doutrinas, desde o Vodu até o Budismo, passando pelo judaísmo, o Islã e a franco-maçonaria. De tudo isso ela constituía, em sua cabeça tumultuada, uma síntese exaltada.

Em 1874, "a corpulenta senhora" (pois era enorme) encontrou o coronel inglês Olcott, que era um excelente organizador e com quem ela fundou a "Sociedade de Teosofia", cuja sede foi fixada em Adyar, pequena cidade da Índia.

O nome desta cidade tornou-se o símbolo da teosofia; é assim que a editora parisiense que assegurou (e que ainda assegura) a difusão das obras teosóficas adotou o nome de Éditions Adyar.

Durante uma estadia na Europa, H. P. B. escreveu e publicou sua primeira grande obra: "A Doutrina Secreta", que é a exposição caótica de tudo o que ela havia colhido um pouco por toda parte em matéria de ocultismo, espiritismo, hinduísmo, maçonaria, gnose, judaísmo. Ela nunca deixou de escrever artigos, brochuras e livros. Um deles merece menção especial: "Ísis sem Véu", que ela redigiu em Nova York e que teve uma repercussão mundial. Ela sempre manteve para sua doutrina o nome de teosofia, ou sabedoria divina, que lhe fora dado desde o início.

Seu colaborador Olcott multiplicava-se para fundar, no Oriente como na Europa e na América, "Sociedades de Teosofia" que ele organizava com grande habilidade e animava com um prodigioso dinamismo, fazendo reinar ali as concepções MUNDIALISTAS, HUMANITÁRIAS e FEMINISTAS que ele havia tomado emprestadas de suas frequentações maçônicas.

Em 1889, a londrina Annie Besant veio juntar-se à Sociedade e figurou imediatamente em seu comitê diretor de Adyar. Foi ela quem, com a morte de H. P. B., em 1891, assegurou a direção da sociedade teosófica mundial.

Naturalmente, uma sociedade de teosofia havia sido fundada na Alemanha, como em todos os países da Europa. E não tardaram a confiar a direção a Rudolf Steiner. É tempo, portanto, de apresentar o personagem que passará a nos interessar.