A. Algumas informações estatísticas
Antipapa é o termo usado para qualquer pessoa que tome o nome de papa e exerça, ou pretenda exercer, suas funções sem fundamento canônico. Assim, um antipapa pode ser um papa eleito de maneira não canônica […], um competidor designado em circunstâncias duvidosas contra um papa eleito regularmente […], ou até mesmo um intruso que se afirme pela força durante um pontificado […]. Na Antiguidade e na Alta Idade Média, usava-se principalmente o termo "intruso", que implicava invasão e usurpação (invasor, pervasor, usurpador); menos frequentemente, como mais tarde, usava-se "heresiarca" ou "cismático". Antíteses do termo "papa" eram bastante comuns: "falso papa" (falsus papa, adulterinus papa), "pseudo-papa" e até o helenismo "catopapa" (Philippe Levillain: Dicionário Histórico da Papado, Paris 1994, entrada "antipapa"). Em grego, katw = abaixo, saído dos infernos ou do reino dos mortos. Catopapa = papa morto.
Um antipapa não é um verdadeiro papa, mas um usurpador eleito de forma irregular e, portanto, não reconhecido pela Igreja Romana. É um impostor sem autoridade nem assistência do Espírito Santo.
Usurpar a tiara é um pecado gravíssimo. Santa Catarina de Siena fez críticas severas aos três cardeais italianos culpados por abandonar "Cristo na terra, o papa Urbano VI", para se juntarem ao antipapa e aos cardeais cismáticos. A santa acusou: "Demônios encarnados elegeram o demônio" (Carta 31, in: Rohrbacher, t. IX, p. 41).
Seria inadmissível admitir - mesmo como uma especulação teórica puramente hipotética - a possibilidade de uma usurpação do título de "soberano pontífice" por um homem de nossa época? Um ocupante ilegítimo da Cátedra de São Pedro - algo jamais visto? Jamais visto, portanto impensável, inadmissível?
Na verdade, este caso hipotético não é algo "jamais visto", mas sim "já visto", portanto pensável, admissível! Pois a história da Igreja está marcada pela aparição de cerca de cinquenta intrusos. O que poderia ter acontecido em algum momento da Idade Média muito bem poderia se repetir na segunda metade do século XX.
No volume 1 dos Atos de São Pio X (Bonne Presse, Paris) encontra-se a lista cronológica oficial (Annuario pontifico) dos papas e antipapas, lista que complementamos com informações fornecidas por Guérin (Os Concílios Gerais e Particulares, Bar-le-Duc 1872) e Rohrbacher (História Universal da Igreja Católica). A partir disso, estabelecemos uma estatística abrangendo dezenove séculos de papado, excluindo o século XX.
De um total de 300 (100%), tivemos: 244 papas legítimos (81%)
56 impostores (19%), dos quais 45 eram antipapas (15%) e 11 eram papas duvidosos (4%). "Papa duvidoso" = dois ou até três pretendentes à tiara, mas sem saber qual é o papa legítimo (especialmente durante o Grande Cisma do Ocidente de 1378 a 1417, onde os "papas duvidosos" de Avignon, Pisa e Roma competiam entre si). "Papa dubius, papa nullus - Um papa duvidoso é um papa nulo".
Entre os pretendentes à tiara, um em cada cinco (!) era ilegítimo ou duvidoso.
Ao longo de dezenove séculos (100%), a Igreja experimentou 12 séculos (63%) com antipapas ou papas duvidosos e 7 séculos (37%) sem antipapas nem papas duvidosos. Os séculos "com" predominam!