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XXVI. OS SINTOMAS DA INFLUÊNCIA LUCIFÉRICA

Os demônios obviamente comunicam seus comportamentos mentais a todos os seres humanos que inspiram. Esses comportamentos, que acabamos de examinar ao longo deste "Resumo", os veremos reaparecer no mecanismo das "instituições de malícia" que formam, na terra, o corpo monstruoso da besta. Agora vamos listar as inclinações mentais mais importantes assim comunicadas pelos demônios a certas instituições humanas, como por exemplo as redes iniciáticas, os partidos revolucionários e as falsas religiões. As pessoas que não são versadas nessas questões realmente precisam conhecer os principais sintomas pelos quais se reconhece a influência demoníaca nas várias instâncias do mundo moderno.

Quando falamos da influência demoníaca que prevalece nas irmandades iniciáticas e nas sociedades de pensamento, não pretendemos que os demônios se manifestem positivamente e venham explicitamente ditar suas instruções. Estamos apenas dizendo que, sob o efeito da mística iniciática, é criada uma cooperação entre o homem e os demônios. A conivência do homem é sempre necessária para que a influência demoníaca se exteriorize. A influência infernal se mistura ao pensamento humano, onde aparece como um dos dois elementos constitutivos de uma verdadeira sinergia humano-diabólica. Era muito importante esclarecer este ponto antes dos desenvolvimentos que se seguirão.

1. UMA AÇÃO PLURIMILENAR

Observemos primeiro que a ação dos demônios se exerce sobre a terra desde as origens, ou seja, há vários milênios. São os mesmos espíritos caídos que rondaram as Sibilas, as Pítias, os falsos místicos do paganismo, depois os hereges do cristianismo, depois os grandes doutrinadores da maçonaria e da revolução. Esses maus espíritos operam com grande continuidade. Eles adquiriram uma experiência prodigiosa e implementam uma estratégia de muito longo prazo, preparando seus golpes vários séculos adiante. Entende-se então, por exemplo, que os mesmos erros religiosos reaparecem periodicamente, pois têm os mesmos inspiradores em todas as épocas. Entende-se o renascimento atual do gnosticismo.

Em seu livro, A Nova Assembleia dos Filósofos Químicos, Claude d'Ygé, ele próprio favorável ao espírito alquímico, expressa-se assim:

"É o mesmo demônio que inspirou os Alquimistas do passado e que continua a inspirar os de agora" (p. 35).

2. O GÊNIO DA GUERRA 

O comportamento do demônio e, portanto, também dos organismos que estão sob sua dependência, não é ditado por uma doutrina homogênea, porque a homogeneidade da doutrina é a consequência de sua verdade. Ora, "não há verdade nele". Portanto, ele não é embaraçado pelo que os cristãos chamam de "analogia da fé". Ele muda de rumo sem dificuldade. Ele opera até mesmo, na maioria das vezes, em várias direções diferentes, e ao mesmo tempo.

O demônio é motivado por um pensamento de ordem estratégica e não doutrinal. Nele, a coesão existe apenas na guerra que ele trava contra o Verbo Encarnado. Ele possui certamente uma lógica incontestável, mas é uma lógica belicosa, que não teme contradições e reviravoltas. A espinha dorsal do pensamento demoníaco é a guerra contra Jesus Cristo e Sua realeza universal.

Da mesma forma, em última análise, a coesão dos membros da besta é assegurada, não por uma única e mesma doutrina, mas pela existência de um inimigo comum a todos os membros. E esse inimigo comum é Nosso Senhor Jesus Cristo.

3. O NATURALISMO DOS DEMÔNIOS

Os demônios querem ignorar a graça e pretendem alcançar a participação na vida divina apenas com as forças de sua natureza angelical.

Deste naturalismo demoníaco decorre, por exemplo, as doutrinas da gnose moderna em relação à transfiguração do mundo. Pois muitos neo-gnósticos aceitam a ideia cristã da glorificação final do universo. É até essa transfiguração que forma a essência da Alquimia. Mas eles veem essa mutação como sendo um florescimento natural do universo.

A doutrina cristã, por outro lado, ensina que, para passar do estado de natureza para o estado de glória, duas operações são necessárias: primeiro a Redenção que exigiu o sangue de um Deus e depois a intervenção soberana do Criador que modifica o universo por um decreto anunciado nos últimos versos do Novo Testamento:

"E aquele que estava sentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas" (Apocalipse XXI, 5).

São duas operações que são totalmente impossíveis apenas com forças naturais.

4. O TEÍSMO DOS DEMÔNIOS 

"Tu acreditas, diz São Tiago, que há um Deus, fazes bem; os demônios também acreditam..." (São Tiago II, 19).

O demônio tem mantido audiência com Deus sob certas condições; este é um privilégio que ele manteve em virtude de sua natureza angelical. Ele ainda pode se aproximar do trono de Deus para reivindicar o exercício dos direitos que adquire sobre os homens todas as vezes que os faz sucumbir. É assim que ele "reivindicou" os apóstolos para peneirar como o trigo. Ao se aproximar de Deus desta maneira, ele manifesta sua crença em Deus, ou seja, um certo teísmo.

Da mesma forma, entre os homens, muitos grandes inimigos da fé são teístas e pretendem se aproximar de Deus. O tipo perfeito desses inimigos da fé é Voltaire. Este teísmo, do qual tantas religiões se contentam, não vem de Deus, mas do diabo. São Paulo já reprovava seus contemporâneos por isso quando dizia deles:

"Dou-lhes a justiça de que têm zelo por Deus, mas não é segundo o conhecimento."

Não basta reconhecer a existência de um Deus, é preciso também professar que só se pode alcançá-lo através da mediação de Nosso Senhor:

"Ninguém vai ao Pai senão por Mim."

5. O GOVERNO PELA RIVALIDADE DOS MEMBROS

O demônio só sabe semear a discórdia e é pela discórdia que ele reina. Se o vemos unificar, é porque ele quer levar à luta. E ele age assim tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas.

É assim que ele pretende chegar ao reino universal jogando uns contra os outros os grandes impérios que, no entanto, todos dependem dele. Ele lançou a suástica, que é um de seus emblemas, contra a estrela vermelha, que também lhe pertence. Ele ainda prepara o confronto da estrela vermelha contra as estrelas yankees, que são as de Mammon, seu ministro. O campeão desses formidáveis testes "eliminatórios" exercerá a hegemonia mundial sob a direção do Anticristo. Ele terá realizado seu império governando pela rivalidade dos membros.

6. A DEMONOLOGIA DO DEMÔNIO 

Houve, como vimos, anjos dos nove coros que prevaricaram. De modo que os demônios são muito desiguais em inteligência e malícia. Seu chefe usa essas desigualdades não apenas para reinar no inferno, mas também para exercer sua principado sobre a terra.

Os demônios inferiores são grosseiros e só sabem se mostrar aos homens sob formas repulsivas. Os demônios dos coros superiores, mais sutis e psicólogos, são hábeis em se disfarçar de anjos de luz.

Assim, Satanás pode assustar os homens fazendo intervenções de demônios hediondos e aterrorizantes. E depois os tranquiliza e atrai enviando-lhes grandes querubins caídos que sabem se revestir de charme.

Na maioria das congregações iniciáticas, sob a inspiração suave de Satanás, incentiva-se a desconfiar dos demônios inferiores. Apresenta-se uma verdadeira demonologia.

Uma demonologia enganosa à qual se deve ter muito cuidado para não se deixar enganar. Não há seita, por mais luciferiana que seja, que não professe o medo dos demônios.

Este fenômeno é extremamente importante e generalizado. Explica que religiões inteiras, embora inspiradas por Lúcifer, possuem todo um arsenal de exorcismo. O observador superficial pode fazer essa reflexão: "Essas religiões não podem depender do diabo, pois exorcizam os demônios". Deve-se saber que se pode pertencer inconscientemente ao diabo enquanto se teme os demônios.

Os escribas do tempo de Jesus sabiam que se pode expulsar demônios por Belzebu.

A demonologia de Lúcifer e seus seguidores é muito pouco conhecida. E, no entanto, é fácil medir o quanto ela pode induzir ao erro.

7. A IMITAÇÃO DE CRISTO 

O demônio não tira os olhos Daquele que é objeto de seu ciúme: o Verbo Encarnado. Subjugado por Ele, o demônio o imita, mas o deforma. Por isso, ele é comumente referido como

"o macaco de Deus".

E vemos avançar, lentamente e com cautela, para o altar da grande catedral cristã, um falso Cristo, ora filósofo, ora revolucionário, ora iniciado, ora avatar, ora demiurgo. Até que um dia ele se vira para ser adorado como o grande mediador entre Deus e os homens ou mesmo simplesmente como Deus.

Esta amarga nostalgia de Cristo, Lúcifer a comunica aos órgãos terrestres que ele controla. Encontramo-la, por exemplo, na maçonaria, que gosta de adornar seus templos com emblemas que foram emprestados do cristianismo, mas que foram desviados de seus significados.

8. A REABILITAÇÃO DE LÚCIFER 

O príncipe das legiões infernais tende invencivelmente a se reabilitar. Ele gostaria de recuperar o estado em que se encontrava antes de ser expulso do paraíso celestial.

Ou ele reclama que foi injustamente reprimido por um Deus despótico.

Ou ele reivindica o benefício da Misericórdia Divina à qual sua natureza angelical não lhe dá direito.

O espírito de reabilitação de Lúcifer é muito difundido nas seitas iniciáticas. É uma das provas mais certas da docilidade às influências luciferianas.

9. A SUPOSTA NECESSIDADE DO MAL 

Muitos neo-gnósticos ensinam a necessidade do mal e, portanto, de Satanás.

Certamente, nos concedem, o poder diabólico é aquele que resiste a Deus. Mas essa resistência é necessária, acrescentam. É necessária ao próprio Deus, pois é graças a ela que Deus pode Se manifestar. É preciso uma força antagonista para que o eco da Palavra nasça. É preciso uma oposição que dê a Deus a réplica. De modo que o poder diabólico se torna, em colaboração com Deus, cocriador do Universo.

Segundo os neo-gnósticos, o arquétipo do diabo se encontra no pensamento divino. De modo que o mal está localizado no próprio Deus. Observado de uma altura suficiente, nos dizem, o bem e o mal se equilibram, se neutralizam e se confundem.

Tais raciocínios obviamente não se acomodam à lógica tradicional. Eles são baseados em uma lógica que admite a coincidência dos contrários, a famosa coincidentia oppositorum. Esta lógica, que obviamente saiu do poço do abismo, é atualmente ensinada, como indispensável ao avanço das ciências, em muitas sociedades de pensamento e é defendida por ardentes e imperiosos doutrinadores.

10. A ILUSÃO CÓSMICA

O demônio, como vimos, odeia o corpo humano que ele não cessa de mutilar. Mas ele também odeia, por extensão, a matéria, com a qual ele não tem nada em comum. Assim, ele vai sugerir, aos contemplativos e filósofos que o escutam, que o universo material é uma ilusão. Ele é "a Maya", ou seja, uma simples "aparência" já que não há realidade além do absoluto. Daí surgem todas essas doutrinas orientais de aniquilação do cosmos e, por extensão, da humanidade terrestre. O homem deve aspirar a retornar ao absoluto para sair deste mundo da ilusão.

O que tudo isso significa nas concepções cristãs? Certamente, o universo material, na forma que o conhecemos, é efêmero. Ele é transitório e não foi feito para durar. Ele está destinado a ser transformado quando Deus pronunciar o decreto profetizado no Apocalipse:

"Eis que faço novas todas as coisas" (Apoc. XXI, 5).

Mas, por ser transitório, o universo físico não é menos real. Ele foi criado do nada, ex nihilo, e, portanto, distingue-se do nada por sua própria natureza.

A aniquilação universal dos contemplativos orientais é o reflexo, no pensamento humano, do ódio de Satanás pela matéria. Sob o pretexto de ir ao fundo das coisas, ela não é mais que uma elaboração da falsa mística, ou seja, em última análise, do pensamento de Lúcifer.

11. AS PEDRAS DE REUTILIZAÇÃO 

O príncipe deste mundo constrói seu templo universal com pedras que provêm da demolição da catedral cristã. São pedras reutilizadas. Os observadores superficiais se surpreendem ao ver tantos símbolos cristãos nesse templo e concluem que, no fundo, o templo gnóstico do Anticristo também é cristão, assim como as pedras que o constituem.

E os prosélitos que querem fazer os cristãos entrarem no templo da religião universal não deixam de lhes mostrar que ele é construído com pedras cristãs, mas dispostas de maneira mais inteligente, segundo eles, menos ao acaso, mais sublimadas do que estavam na velha construção. É de se desejar que os cristãos não se deixem seduzir por essa semelhança. Pois, se o templo gnóstico lembra materialmente o Cristo, o espírito que ali se abriga é o do Anticristo.

12. EXOTERISMO E ESOTERISMO

É com razão que os demônios são chamados de "as potências ocultas". Em suas evoluções na sociedade humana, são obrigados a se esconder porque nossa natureza manifesta uma apreensão instintiva da morte, da qual os demônios são os provedores, e, mesmo decaída, ela conserva o medo das trevas. Eles são, portanto, forçados a dissimular sua presença e suas atividades. Nas associações e confrarias que inspiram, praticam um misticismo de grande habilidade e nunca expõem abertamente seu objetivo de guerra. Eles os disfarçam de maneira diferente, dependendo dos graus da iniciação. A verdadeira natureza luciferiana da iniciação é cuidadosamente ocultada dos adeptos dos graus inferiores.

Essas doutrinas, tranquilizadoras na maneira como são apresentadas, mas luciferianas nas consequências que acarretam, são veiculadas nas congregações iniciáticas onde recebem o nome de doutrinas esotéricas, palavra que evoca a ideia de um uso interno.

Claro, sua essência luciferiana quase nunca é percebida como tal, mesmo pelos iniciados, a maioria dos quais é movida pela ideologia ou pela ambição, mas que não suportaria a ideia de estar subordinada ao demônio; de fato estão, mas não têm uma consciência clara disso. As sociedades iniciáticas e suas doutrinas são comparáveis a um grande micélio invisível, ou pouco visível, de onde emergem, de tempos em tempos, os grandes cogumelos das religiões ditas exotéricas, isto é, "de manifestação exterior", destinadas ao grande público. Os iniciados consideram que o exoterismo das religiões oficiais é uma versão vulgarizada, simplificada, transitória, do esoterismo iniciático, que é considerado muito mais profundo, mais essencial, mais verdadeiro e mais próximo das realidades espirituais.

Segundo os iniciados, a Religião Católica não é exceção a essa regra. Ela também é uma religião exotérica e, portanto, supõe uma infraestrutura esotérica da qual é apenas uma emanação. No entanto, a Religião Católica se emancipou dessa antiga infraestrutura esotérica e tomou sua independência (em uma época, aliás, controversa). De modo que hoje desconhece e negligencia seu próprio esoterismo, o que lhe é extremamente prejudicial, acrescentam com comiseração. O trabalho das sociedades iniciáticas contemporâneas, portanto, consiste em devolver à Religião Católica a consciência e o conhecimento desse esoterismo original que ela perdeu. Essa é a missão (?) que as atuais redes do esoterismo cristão se atribuíram.

É bem evidente que os católicos fiéis não raciocinam assim de forma alguma. Pois, se a Religião de Nosso Senhor se deixar contaminar por essa concepção de um esoterismo subjacente, ela vai simplesmente se enxertar no esoterismo mundial, que está precisamente em processo de unificação e que vimos que, fundamentalmente, não é outra coisa senão a rede das "potências ocultas", ou seja, dos demônios.

O par "exoterismo-esoterismo" tem origens maçônicas muito antigas e constitui, em particular, um dos elementos essenciais da doutrina guénoniana. É uma noção que é mortal para a conservação dos dogmas e dos sacramentos católicos e que, evidentemente, também surge do poço do abismo.

13. PLURALISMO E SINCRETISMO 

Vimos que o demônio é um espírito belicoso que se dedica à guerra contra o Verbo Encarnado. Ele naturalmente comunica essa belicosidade aos órgãos terrestres onde sua influência se faz sentir.

Ora, aquele que faz a guerra propõe-se um objetivo final precedido por objetivos secundários e intermediários, pois nunca se pode alcançar o objetivo final já no primeiro ataque. Só se consegue isso por etapas. Essa é uma lei da guerra.

O objetivo final de Satanás é duplo, como vimos. Primeiramente, é a realização do império do mundo sob o cetro do Anticristo. E também é o estabelecimento da religião universal que terá Lúcifer, pelo menos, como "mediador" e, provavelmente, como deus.

O objetivo secundário e intermediário é a instalação transitória do pluralismo das religiões. É a fase preparatória. É necessário primeiro reunir os pontífices das religiões exotéricas em uma mesa redonda, em plena igualdade. O pontífice romano não escapa a essa necessidade. Ele é convidado a se sentar com seus confrades das outras religiões. E é até ele, como um cooperador dócil das diretrizes iniciáticas, que convocou a primeira reunião pluralista já vista nesta terra, a famosa reunião de Assis.

Esse mesmo pontífice romano não se contenta em praticar o pluralismo externo em relação aos seus confrades de outras religiões, ele também implementa o pluralismo interno na própria Igreja Católica: o progressismo, o carismatismo... até mesmo o tradicionalismo são tolerados e simultaneamente incentivados dentro do mesmo redil romano. Há sempre um único pastor na Igreja, mas vê-se ali pastarem vários rebanhos. É o regime do pluralismo, como na maçonaria e em sua imitação.

A fase pluralista não deve ser nem ignorada nem mal executada. Os grandes estrategistas do ecumenismo insistem na necessidade da prática exotérica. Não há progresso no caminho esotérico se não se pratica primeiro, o mais seriamente possível, uma das "vias exotéricas". Você é cristão? Pratique primeiro com zelo sua religião cristã, se quiser progredir depois no caminho iniciático. Essa é, em particular, a teoria de R. Guénon e de seus adeptos modernos. Daí o zelo exemplar dos neo-gnósticos dentro do tradicionalismo católico.

Enquanto as religiões exotéricas se acostumam a viver sob o regime pluralista, tanto externamente quanto internamente, as redes iniciáticas preparam a fase final, que é o sincretismo. Todos os elementos da religião única e universal estão reunidos. Múltiplas publicações dão uma primeira visão disso, até mesmo com uma extraordinária volubilidade. De modo que o pluralismo se torna uma etapa cada vez mais superada e o sincretismo é cada vez mais real. Esse sincretismo, semi-oculto e semi-público, conseguirá se desocultar totalmente?

Para que isso ocorra totalmente, seria necessário que Lúcifer pudesse se desocultar completamente e despir-se de suas vestes de falso Cristo para aparecer em sua qualidade de anjo revoltado contra Deus. Ele conseguirá fazer isso algum dia? É possível. Mas ainda estamos muito longe desse momento para que possamos ter uma ideia do que acontecerá então.

Por enquanto, ainda estamos na fase do pluralismo das religiões. No entanto, vemos surgir, nos documentos, aliás, abundantes, provenientes das redes iniciáticas, a fase sincrética, ou seja, a da gnose universal, que nada mais é do que a "teologia" da religião luciferiana.

14. SEPARAR, UNIR

O demônio, que não tem nenhuma ortodoxia no pensamento, pois nele não há verdade, mas que possui o gênio da guerra, se empenha, de era em era, em separar o que Deus une e unir o que Deus separa, a fim de contrariar e frustrar, a cada momento, a realização dos planos de Deus. Esse é um dos traços pelos quais se reconhece sua ação sobre seus adeptos humanos. Poderíamos citar numerosos exemplos desse comportamento. Vamos nos contentar com apenas um, que consideramos típico, ao término deste estudo que se quer sucinto. Deus une os esposos; o demônio não descansa até que os separe pelo divórcio. Deus separa os sexos com vistas à procriação; o demônio pretende uni-los nesse ser mítico do Andrógino, tão caro aos nossos esoteristas cristãos.

15. FORÇAS PRESENTES

Finalmente, a expulsão dos demônios que infestam a sociedade está além das forças humanas. Lidamos com seres espirituais que são mais poderosos do que nós na ordem da natureza. Ao permitir que os espíritos revoltados e banidos do céu contaminassem a terra, Deus colocou os homens em uma situação da qual só podem se libertar com a ajuda do Verbo Encarnado.

Essa relação relativa entre demônios e homens se reflete até nos detalhes das lutas religiosas e políticas. Aqueles que, por exemplo, atacassem a maçonaria (que é um dos institutos mais típicos de malícia de que falamos) apenas com meios humanos estariam condenados à derrota antecipada; seriam eles os que seriam extirpados. Não se pode resistir às forças demoníacas da terra sem contar com a ajuda de Deus. No entanto, essa condição geralmente não é preenchida, por diversas razões. Isso explica os fracassos de que nossa História nos oferece tantos exemplos.

O comportamento habitual dos demônios em relação aos homens ainda apresenta dois problemas importantes que precisariam ser estudados:

  • O primeiro é o poder dos demônios sobre as forças físicas, ou seja, sobre a matéria e sobre as energias das quais a matéria é sede, especialmente as energias vibratórias. Esse problema nos levaria a examinar tudo relacionado à magia.

  • O segundo é o domínio demoníaco sobre o corpo humano, ou seja, as possessões e infestações demoníacas. Isso nos levaria a estudar os exorcismos, que hoje em dia se tornaram quase impossíveis de realizar.

Mas esses dois capítulos exigiriam desenvolvimentos incompatíveis com as dimensões necessariamente limitadas deste resumo. São dois temas que precisam ser tratados separadamente e em sua própria extensão.