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I. A CIÊNCIA DO BEM E A CIÊNCIA DO MAL

A Sagrada Escritura dá aos demônios denominações muito diversas. Vamos tentar ter uma ideia da frequência com que são mencionados. Isso nos dará uma primeira opinião sobre a importância que lhes é atribuída no ensinamento divino.

Um instrumento de trabalho valioso nos permitirá realizar esse levantamento: é o Dicionário das Concordâncias. Todas as palavras encontradas no texto da Escritura foram contadas com rigor. Cada palavra da Bíblia é um artigo neste curioso dicionário, com referências aos trechos em que é utilizada. Será fácil para nós totalizar os trechos escriturísticos nos quais os demônios aparecem, seja qual for a denominação pela qual são designados.

Diversas denominações dos demônios Antigo Testamento Novo Testamento
Diabolus 6 34
Satanas 13 33
Draco 36 12
Serpens 26 16
Leviathan 6 0
Béhémoth 1 0
Belial 12 1
Baal 46 1
Beelzebuth 4 7
Beelphegor 6 0
Mammon 0 4
Malus-Malum 651 44
Bestia 0 33 (Apocalipse)
Infernum 58 11
Géhenne 1 10
Tartare 0 1
Total: 1073 866 207

Este total de 1.073 menções nas Escrituras não inclui os versículos em que os demônios são designados por locuções compostas, pois essas locuções não estão nos dicionários de concordância. Exemplos disso são: os espíritos de malícia, as legiões do orgulho, as potestades das trevas, os espíritos de rebelião, os filhos da ira, os filhos da perdição, o Príncipe deste mundo, o adversário.

No entanto, essas expressões ocorrem com frequência no texto sagrado. Se pudéssemos contá-las também, elas aumentariam significativamente o total que acabamos de encontrar.

Para ser completo, seria necessário ainda listar, o que é impossível, todas as alegorias e parábolas em que os demônios são mencionados por imagens, como a do semeador do joio ou a do ladrão que entra na casa. É concebível que haja muitas delas.

Portanto, as Sagradas Escrituras nos trazem uma revelação abundante sobre os espíritos malignos. Este ensinamento é precioso, pois esses espíritos pertencem ao mundo invisível. Não podemos observá-los através da experiência sensorial e só podemos conhecê-los através da revelação.

Assim, as Escrituras contêm não apenas a ciência do bem, ou seja, a ciência de Deus, mas também a ciência do mal, ou seja, a ciência do inimigo de Deus, que é também o inimigo da humanidade. E esta ciência do mal é tão necessária quanto a ciência do bem, pois nos ensina a natureza e as obras dos inimigos invisíveis contra os quais devemos lutar durante nossa perigosa jornada na terra.

As Escrituras, transmitidas pelos Padres, pela Liturgia e pelo Magistério, não revelam apenas o Verbo Encarnado, mas também seu adversário; uma revelação que é absolutamente indispensável para nós. Se tudo o que se refere ao demônio fosse removido dela, metade de seu conteúdo seria retirado. Portanto, é surpreendente o pouco destaque dado ao "Adversário" nos discursos da Igreja conciliar.

A presença espiritual dos demônios na Terra constitui o que São Paulo chama de "mistério da iniquidade". Este mistério tem sido, desde sempre, o terrível problema do mal para os seres humanos. Esse problema imemorial tem sido a pedra de tropeço para muitos filósofos e fundadores de religiões que não souberam resolvê-lo corretamente, privados que estavam da verdadeira e autêntica Revelação divina.