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IX. O TRONO ACIMA DAS ESTRELAS

Vamos agora observar Lúcifer e seus anjos, expulsos para as trevas exteriores. Eles não vão se mover livremente dispersos por lá. Mas antes de examinarmos em que lugar e sob quais condições eles serão confinados, precisamos tentar entender quais são as disposições espirituais dos anjos caídos ao saírem do céu.

Já sabemos que sua natureza angelical não lhes foi tirada, apenas se obscureceu. Mas agora adquiriram um caráter específico. Eles vão permanecer firmemente na lógica da rebelião, levando o espírito de revolta às suas consequências mais terríveis.

Um texto crucial do profeta Isaías descreve as ambições de Lúcifer. No capítulo XIV, o profeta contempla, no futuro, a queda final do grande dragão e expressa sua perplexidade diante da queda de um espírito originalmente tão elevado:

"Como caíste do céu, ó Lúcifer, filho da aurora! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!" (Isaías XIV, 12)

O profeta chama Lúcifer de "filho da aurora" porque ele foi criado, como todos os anjos, no começo, ou seja, no alvorecer do mundo.

E Isaías se surpreende com essa queda ao compará-la com as ambições inimagináveis que Lúcifer alimentava enquanto incitava os anjos a abandonar sua própria morada:

"Tu dizias no teu coração: 'Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e me assentarei no monte da assembleia, nas extremidades do norte; subirei acima das nuvens mais altas e serei semelhante ao Altíssimo.'" (Isaías XIV, 12-15)

Aqui não temos apenas o programa da revolta dos anjos. O texto de Isaías também revela o plano que agora será o de Lúcifer em sua ação entre os homens.

Seria necessário contar com a assistência do Espírito Santo para compreender o significado de imagens como "acima das estrelas de Deus", "a montanha do testamento", "os flancos do Aquilão", "acima das altas nuvens".

Mesmo não as compreendendo perfeitamente, devemos manter essas expressões proféticas em mente. Elas certamente tiveram ou terão sua aplicação ao longo da história humana, pois nenhuma palavra de Deus retorna a Ele sem ter sido executada.

Como o grande dragão pode nutrir ambições tão grandiosas? Como pode escalar a montanha do testamento? Como pode estabelecer seu trono acima das nuvens? Como pode sair como conquistador dos flancos do Aquilão? Por quem pode ser adorado como semelhante ao Altíssimo? Sobre quem pode exercer essa supremacia na qual ele acredita estar destinado?

Essas pretensões são ainda mais impossíveis de serem realizadas neste momento, pois o séquito dos réprobos agora serpenteia nas trevas exteriores em direção ao abismo que lhes está destinado.