CAPÍTULO 27: Como deve ser entendida a afirmação de que o sopro da vida que Deus soprou no rosto do homem não é a alma racional, mas o derramamento do Espírito Santo
Outra dúvida surge da declaração de Cirilo de que “quando em Gênesis 1 Deus é dito ter soprado o sopro de vida no rosto do homem para que o homem se tornasse um ser vivente, não chamamos esse sopro de vida de alma. Pois se fosse a alma, a alma seria inalterável e não pecaria, porque seria da essência divina; antes, Moisés disse que o derramamento do Espírito Santo foi sobreposto à alma humana.
Isso é contrário à explicação de Agostinho que afirma que por esse sopro se entende a alma humana, e que mostra como, a partir disso, não se segue que ela seja da substância divina: pois é uma forma figurativa de falar, significando não que o Espírito Santo soprou como um corpo, mas apenas que ele fez o espírito, isto é, a alma, do nada. E mais, parece contrariar as declarações do Apóstolo que diz em 1 Coríntios 15 (45): “O primeiro Adão se tornou um ser vivente; o último Adão se tornou um espírito vivificante. Mas não é o espiritual que é primeiro, mas o físico, e depois o espiritual”. Aqui, a vida da alma é expressamente declarada como diferente da vida que vem através do Espírito Santo. Assim, aquele sopro pelo qual o homem se tornou um ser vivente não pode ser entendido como a graça do Espírito Santo.
Portanto, a explicação de Cirilo não pode ser descrita como literal, mas apenas alegórica.