O Politeísmo Moderno
O Professor Ruyer esclarece que se trata realmente de uma gnose e não de uma simples futurologia. E, de fato, encontramos nela traços de parentesco com a gnose histórica. Existe primeiro, no sistema de Princeton, um "Princípio Supremo" muito semelhante ao "Princípio Universal" de Simão, o Mago, e ao de R. Guénon. É a consciência cósmica à qual R. Ruyer dá diferentes nomes, muito esclarecedores sobre a concepção que ele faz dela: "a grande consciência", "o gênio misterioso da vida", "a lei sobre-humana", "a norma invisível", "a norma todo-poderosa", "a consciência total do espaço-tempo".
A grande consciência de Princeton possui todos os atributos do Princípio Supremo do hinduísmo? Talvez não. Mas ainda assim ela exerce a função de divindade, pois é objeto de contemplação por parte de alguns contemplativos mais ou menos especializados.
A produção de "consciências coletivas" é dada como um fenômeno absolutamente geral. Ela ocorre em todos os agregados e em todas as massas feitas de unidades reunidas, sejam essas unidades elementares materiais ou espirituais. Inobserváveis nos agregados de pouca importância, as consciências coletivas adquirem um valor enorme quando se trata de povos inteiros ou de constelações siderais. Haveria assim, no universo, não apenas uma grande consciência total, mas consciências coletivas subdivididas, espécies de pulsões gregárias parciais se impondo aos indivíduos. Elas desempenhariam o papel de divindades subalternas. Inevitavelmente, pensamos não apenas nos deuses do politeísmo antigo, mas também nos Eones e Arcontes das teogonias gnósticas e platônicas. Compreende-se que R. Ruyer tenha dado ao sistema de Princeton o nome de gnose, não obstante sua aparência "científica" ultramoderna.