Mais uma vez os Grandes Iniciados
Esse sistema também é gnóstico pelo sincretismo que forma sua estrutura. Ele apresenta todas as religiões como equivalentes e miscíveis. Portanto, não é surpreendente ver reaparecer a teoria dos Grandes Iniciados, tornada célebre em nossos dias por Édouard Schuré, mas que é muito mais antiga que ele.
Na verdade, encontramo-la formulada já no século III d.C. por Mani, primo dos gnósticos, nos primeiros parágrafos de seu Shapourakan:
"A sabedoria e as obras sempre foram reveladas ao mundo pelos enviados de Deus. Assim, em determinada época, elas foram trazidas à Índia pelo enviado chamado Buda, em outra, por Zoroastro à Pérsia, em outra ainda por Jesus ao Ocidente. Finalmente, esta revelação presente desceu, esta profecia se manifestou nesta idade suprema para mim, Mani, o mensageiro do deus da verdade no país da Babilônia". (Mani, século III d.C.).
Em "Os cem próximos séculos", R. Ruyer mostra por sua vez sua inclinação por esta doutrina:
"...os fundadores religiosos não batizam simplesmente um século, eles abrem uma nova era, como Moisés, Buda, Jesus Cristo, Maomé. Assim, vemos neles deuses, enviados de deus e pelo menos "grandes iniciados" aos segredos dos deuses, e não simples mortais ou simples super-homens". (página 110)