A Manobra da Pseudo-Reação
Já definimos a pseudo-reação. É um movimento político que utiliza a linguagem da reação, que possui suas aparências e recrutamento, mas que, na realidade, é suscitado para neutralizar a verdadeira reação, para desviá-la de seu objetivo lógico e para conduzi-la à impotência, ou melhor, à repressão. O público pseudo-reacionário é bem-intencionado, sinceramente contrarrevolucionário, mas politicamente inculto, enquanto os dirigentes são hábeis manobristas. Existe permanentemente um movimento pseudo-reacionário apto a ser amplificado em caso de necessidade. É uma das precauções elementares dos republicanos e dos maçons.
A maçonaria é essencialmente pluralista. Enquanto algumas lojas elaboram, ou melhor, impulsionam ideologias de tipo racionalista, científico, agnóstico e materialista, outras lojas, cultivando os elementos cavalheirescos que abundam nos rituais, favorecem, para uso dos "profanos", doutrinas políticas reacionárias das quais um certo misticismo não está excluído. A maçonaria de direita faz, neste momento, grandes esforços para disseminar no público uma doutrina de realeza-sagrada. Esta doutrina é particularmente elaborada e consistente entre os discípulos de Julius Evola, mas também aparece em outros lugares.
Aqui estão as suas grandes linhas. Assim como haveria uma tradição universal e única, e também uma mística universal e única, haveria igualmente uma realeza universal e única. E essa realeza é ao mesmo tempo sagrada, ou seja, sacerdotal. Todos os reis da História humana foram revestidos dessa realeza, da qual asseguraram o encargo com mais ou menos fidelidade; daí os bons reis e os maus reis.
Essa teoria não pode ser adequada para os católicos. Encontramos, de fato, na Escritura Sagrada, a respeito da realeza, uma dupla revelação. Primeiro, a afirmação de que o Messias é Rei é incontestável. Mas há outra afirmação, igualmente incontestável, que é a de que o Anticristo também é rei, ele é o "Príncipe deste mundo". É muito claro que a natureza dessas duas realezas não é a mesma; elas são antagônicas, irreconciliáveis, exclusivas uma da outra. E os reis da História, longe de pertencerem a uma única realeza sagrada universal, são figuras, alguns de Cristo (como Ciro, Davi ou Carlos Magno), outros do Anticristo (como Antíoco... ou Hitler, ou Stalin...).
Se ela está em discordância com o cristianismo, a teoria da realeza sagrada universal, ao contrário, convém admiravelmente a todos aqueles que, conscientemente ou não, preparam os fundamentos místico-jurídicos pelos quais o Anticristo conseguirá se fazer passar pelo Cristo-Rei. Essa teoria, de fato, convém duplamente ao Anticristo:
-
- Se há apenas uma única e mesma realeza universal, não há motivo para distinguir entre a de Cristo e a do Anticristo, entre a do titular e a do usurpador.
-
- A realeza universal é igualmente sagrada, portanto sacerdotal, e convém perfeitamente a um Anticristo que, como vimos, quer se fazer ao mesmo tempo rei e pontífice do mundo inteiro.
Esse neo-royalisme (que não hesitamos em qualificar de luciferiano) está se espalhando rapidamente nos meios pseudo-reacionários. Ele inspira toda uma teoria da restauração monárquica. Os maçons preparam tudo para que a restauração, se ocorrer, não lhes escape. Eles querem estar intimamente envolvidos o mais possível.
Outra versão pseudo-reacionária está sendo preparada, a versão neonazista. Ela é ainda mais vantajosa, para alguns jogadores, pois justificaria uma intervenção revolucionária violenta, seja interna e insurrecional, seja externa e soviética.
Evitaremos uma fase pseudo-reacionária? Ela é impossível de evitar. Já se anuncia como poderosamente orquestrada. Será colocada sob o signo da União Sagrada, a fim de atrair muitos seguidores. A união sagrada é a união dos espiritualistas, a qualquer religião que pertençam, para lutar contra a revolução dos materialistas, ateus e marxistas. Acredita-se assim prestar um grande serviço à causa do espírito, sem perceber que nada é mais injurioso para Nosso Senhor do que ser rebaixado ao nível de um fundador de seita e colocado em pé de igualdade com Belial. A união sagrada, que também faz estragos na religião conciliar, contrista o Espírito Santo e O afasta, afastando ao mesmo tempo a paz. Não há paz para os ímpios:
"Non est pax impiis". (Isaías LVII, 21).
O pequeno número de resistentes de que fala Nossa Senhora de La Salette ("é hora de vocês saírem, vocês, o pequeno número que enxerga") pode se reunir em um pequeno bloco compacto para assumir uma manobra salvadora finalmente autêntica e saudável? Isso também é impossível, pois o pequeno número está disseminado. Conhecemos bem a regra evangélica que se aplica quando vêm as calamidades: "um será tomado, o outro será deixado". Haverá eleitos em todos os lugares. A cidadela de Sião é uma fortaleza espiritual. Eles se reunirão apenas quando "o corpo" aparecer:
"Onde estiver o corpo (corpus), aí se reunirão as águias (aquilae)". (Mateus XXIV, 28).
O "corpo" é o Grande Monarca de que nos falaram as profecias.