A Direita e a Lei do Número
Mais uma vez, quem procurasse aqui um plano de operação ficaria desapontado. Nosso objetivo é remontar aos princípios essenciais da grande Causa em cuja defesa estamos envolvidos, porque esses princípios iluminam o espírito e inspiram as ações verdadeiramente eficazes.
Vimos que as forças latentes e patentes da revolução estão hoje no máximo de seu poder. Nunca, ao longo da História, Satanás havia ainda reunido os elementos de um tal poder.
Nunca a terra foi tão semelhante ao que será no tempo do Anticristo. Veremos mais adiante que Nosso Senhor se dispõe a derrubar o poder dos ímpios, por meios conhecidos somente por Ele.
As forças reacionárias foram privadas de seus órgãos de expressão e de comando por uma série quase ininterrupta de fracassos. E, no entanto, Deus sabe que elas lutaram bem: honras aos nossos valorosos antepassados.
Fracasso das operações parlamentares e ilusões perdidas das boas eleições nas quais se acreditou durante tantos anos.
Fracasso das Ligas Nacionais do tipo "Cruz de Fogo", que suscitaram, no entanto, um tão grande entusiasmo.
Fracasso das conspirações civis do tipo "Cagoule".
Fracasso das redes de direita durante o período da ocupação e da resistência.
Fracasso dos Golpes militares do tipo "argelino".
Fracasso de todos os boulangismos e de todos os poujadismos, que foram conduzidos para o beco sem saída pelo consórcio maçônico-policial.
É preciso acrescentar que a cada um desses fracassos correspondeu uma Depuração, algumas das quais foram muito sangrentas.
A direita, que ainda dispunha, durante a III República, de inúmeras publicações, de vários jornais diários, de grupos parlamentares numerosos, de generais, de bispos e de um vasto público, apresenta-se hoje à batalha com meios irrisórios, apenas bons para conduzir um último "combate de honra" antes da emigração, como os Russos Brancos.
E, no entanto, constata-se o renascimento, de geração em geração, do mesmo antigo dinamismo reacionário. O florescimento tradicionalista de hoje, com sua bela juventude contrastando no meio de uma população acomodada, é um belo exemplo dessa força incoercível que renasce sem cessar. Mas as bases demográficas dessa onda de fundo são cada vez mais estreitas, o que se compreende muito bem, dadas as depurações com as quais terminam suas manifestações sucessivas. À força de ser dizimada, a população tradicionalista acabará por desaparecer.
Não apenas o apelo ao número seria totalmente impossível para os tradicionalistas "orto-reacionários", como acabamos de nomeá-los, mas tal apelo seria totalmente ilógico. Não é com o número que podemos fazer tremer o demônio, pois este é o seu terreno; ele tem muito mais tropas do que nós. Se lhe opusermos, penosamente, uma multidão de 10.000 pessoas, ele nos responderá, facilmente, com uma multidão de 100.000 pessoas, e assim por diante...
Os apelos a manifestações de massa são procedimentos caros aos democratas e aos movimentos humanos. É mais provável colocar Deus contra si do que apelar ao número.
Lembremo-nos de que, dos 32.000 homens que compunham o exército de Gideão, Deus conservou apenas 300; e foram esses 300 soldados que puseram em fuga o exército dos 120.000 Madianitas.
Aqueles que mantivessem a fé no número, negligenciariam a confiança em Deus. Ora, quem nos salvará da colossal maquinação que se prepara contra os últimos restos da Igreja e da Cristandade, senão o Senhor "poderoso e misericordioso", omnipotens et misericors Dominus?
Se não se deve buscar o "grande número", como para um referendo, é preciso, no entanto, conservar o espírito apostólico e proselitista a fim de manter o "pequeno número" requerido. Pois se Deus, nesta terra, faz suas obras com quase nada (isto é, com muito pouca coisa), Ele não as faz com nada, porque não se trata de uma nova criação. O que Ele não quer é que o grande número possa atribuir a si os méritos da vitória:
"Non nobis Domine, non nobis, sed tibi da gloriam". Dai a glória, Senhor, não a nós, mas a vós (Sl. XXIII, 9).