CARLOS MAGNO E A APARIÇÃO DE PONTMAIN
A Aparição de Pontmain ocorreu em 17 de janeiro de 1871. Carlos Magno não lhe é estranho. E veremos que encontramos seu rastro preciso:
- na TOPOGRAFIA;
- na data do EVENTO.
1 - O RASTRO TOPOGRÁFICO de Carlos Magno:
Antes de evidenciá-lo, é preciso entregar-se a algumas reflexões na ordem da tática militar. Estamos em 1871, uma parte do exército francês já capitulou em SEDAN, em 2 de setembro de 1870, outra parte capitulou em METZ, em 27 de outubro de 1870.
Entre essas duas datas, situa-se a entrada dos Piemonteses em Roma pela Porta Pia, em 20 de setembro de 1870. É o fim da independência territorial da Santa Sé. É o fim do regime criado por Pepino, o Breve, e Carlos Magno pela criação do ESTADO PONTIFÍCIO.
Nas semanas que se seguem a esta capitulação, no Oeste da França, nos arredores de LE MANS, o exército do general Chanzy, o único que resta, acaba de ser abalado e recuou para a margem DIREITA do Mayenne, que corre de Norte a Sul, dirigindo-se para ANGERS. Chanzy coloca, portanto, o Mayenne entre os Alemães e ele. Chanzy deixa apenas uma Divisão em LAVAL como cabeça de ponte para impedir os Alemães de atravessar a ponte de Laval sobre o Mayenne. Mas ele não tem recursos para guardar as passagens que ficam ao Sul de Laval. As tropas alemãs, em seu avanço para o Oeste, apresentam-se na margem esquerda do Mayenne, ou seja, na margem LESTE. Em LAVAL, elas se chocam com a Divisão deixada por Chanzy, em "Cabeça de Ponte", que lhes proíbe a passagem. A precaução mais elementar teria sido, para os Alemães, ir tatear as passagens do Mayenne que ficam ao Sul de Laval e que precisamente não estavam guardadas. Assim, todo o dispositivo francês, estabelecido por Chanzy na margem OESTE do Mayenne, teria sido contornado. O exército de Chanzy (já muito abalado em Le Mans) teria sido envolvido. Teria sido uma TERCEIRA CAPITULAÇÃO (após a de Sedan e de Metz). Os Alemães teriam terminado a guerra em APOTEOSE.
Só que - Carlos Magno velava.
De fato, a primeira passagem que se encontra ao Sul de Laval, não guarnecida pelos Franceses e, portanto, absolutamente livre, é a passagem de VILLIERS-CHARLEMAGNE, a única comuna da França que leva o nome de CARLOS MAGNO, e isso desde os tempos mais remotos.
E como esse nome de "Carlos Magno" havia sido dado a esta ponte de Villiers sobre o Mayenne?
Encontram-se os dois nomes juntos nos documentos do século XI. Trata-se, verossimilmente, de um ESTACIONAMENTO PROLONGADO de Carlos Magno neste local, seja na ida, seja no retorno de uma peregrinação que ele fez ao Monte Saint-Michel. Pois Carlos Magno havia reconhecido oficialmente o PATRONATO de São Miguel sobre a França e havia aposto sua imagem em seus estandartes.
O que é certo é que, em 1871, a inteligência tática dos Alemães foi cegada e eles nem sequer tentaram a passagem de Villiers-Charlemagne. Estávamos por volta de 15 de janeiro de 1871. A Aparição de Pontmain ocorreu em 17 de janeiro.
A Santíssima Virgem disse às crianças BARBEDETTE:
"Rezai meus filhos, Meu Filho se deixa tocar".
Este evento sobrenatural é unanimemente considerado como tendo protegido a França de um novo desastre militar e trazido o fim da guerra.
Para isso, ela havia se servido do Ministério de Carlos Magno. Carlos Magno havia deixado seu rastro no SOLO. Veremos que ele o havia deixado também no CALENDÁRIO.
2 - RASTROS DE CARLOS MAGNO no CALENDÁRIO dos EVENTOS de PONTMAIN
A Aparição ocorre em 17 de janeiro de 1871, entre 6 e 9 horas da noite, nas primeiras vésperas da Cátedra de São Pedro em Roma.
Somos bem forçados a fazer a aproximação destas PRIMEIRAS VÉSPERAS com o que havia acontecido alguns dias antes: A ABOLIÇÃO da DOAÇÃO de Carlos Magno.
A Santíssima Virgem aparece em traje de ADVOGADA porque se trata de pleitear uma CAUSA DESESPERADA.
Pois bem, a intercessão de Carlos Magno não pode ser negada, pois o ARMISTÍCIO FRANCO-ALEMÃO interveio 11 dias depois, em 28 de janeiro de 1871, dia em que, em Aix-la-Chapelle, se festejava São Carlos Magno.
Concluiremos fazendo notar que o SIMBOLISMO HISTÓRICO ao qual acabamos de nos entregar é totalmente UNIVERSAL. Mas é preciso saber que:
- para ser aplicado com felicidade,
- para ser demonstrativo, esse simbolismo exige MUITO CUIDADO. Não só ele exige MUITO CUIDADO, mas também comporta PERIGOS.
Notemos, entre outros: não se deve cair nos exageros inadmissíveis de JOAQUIM DE FIORE sobre as 3 idades do Pai, do Filho, do Espírito Santo; não se deve também abusar das APROPRIAÇÕES.
Mediante um comportamento PRUDENTE, este tipo de especulações é benéfico. Para a França, por exemplo, somos validamente admitidos a reconhecer no Reinado de Clóvis um reflexo mais particular do PAI CRIADOR.
No Reinado de Carlos Magno, um reflexo mais particular do VERBO ILUMINADOR.
No Reinado de São Luís, um reflexo mais particular do ESPÍRITO SANTO SANTIFICADOR.
Essas considerações simbólicas são mais esclarecedoras e nutritivas do que se pensa. Elas confirmam a posteriori a origem divina da INSTITUIÇÃO REAL que começou nas fontes batismais de Reims na noite de Natal de 496.
É nessa origem que sentimos os eflúvios com tanto mais acuidade quanto mais dela estamos privados, que nos faz amar essa instituição e que nos faz desejar sua RESSURREIÇÃO. É essa mesma origem divina que faz detestar em bloco todo o Antigo Regime pelas gentes da Contra-Igreja.
E na própria época da Idade Média, os felizes súditos desses Príncipes merovíngios, carolíngios e capetíngios, que haviam tão valentemente combatido para libertar o SANTO SEPULCRO das mãos dos infiéis, como haviam tão frequentemente contribuído para libertar o túmulo dos santos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma das mãos dos ímpios, mereciam bem ouvir dirigir-se a eles, em sua última hora, as palavras que lhes abriam as portas da Jerusalém Celeste.
"Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos foi preparado desde o começo do mundo, porque estive PRESO e viestes Me ver..."
JEAN VAQUIÉ Universidade Saint-Grégoire de Lyon, 8 de janeiro de 1990