OS MARCOS SIMBÓLICOS QUE SE PODEM OBSERVAR DURANTE A CANONIZAÇÃO DE CARLOS MAGNO
A simples palavra CANONIZAÇÃO de Carlos Magno é suficiente para surpreender. O imperador do Ocidente, segundo os historiadores oficiais, teria sido um personagem de grande destaque, mas não particularmente mergulhado em devoção. Geralmente, mencionam-se os nomes de suas sucessivas esposas e de suas concubinas.
Gostaria, portanto, de lhes dar algumas explicações sobre dois termos que se encontram fatalmente quando se leem textos da época, retranscritos nas histórias modernas, romanceadas ou não. São os dois termos de:
- MANZER
- e de CONCUBINAS
Vejamos, então, o significado real dessas duas palavras: concubinas e manzer, nos textos antigos.
CONCUBINAS Na Antiguidade romana e até os Carolíngios, chamava-se concubina uma esposa perfeitamente legítima do ponto de vista das leis civis e religiosas, direito imperial, direito canônico, mas que não era de nascimento igual. Podia ser, no entanto, uma filha nobre. Mas se um FILHO DE REI desposasse uma mulher que não fosse FILHA DE REI - fosse essa mulher nobre ou não - ela era chamada "CONCUBINA".
MANZER O termo "manzer" é de origem hebraica. Era empregado, entre os Latinos, para designar os filhos das concubinas. Hoje em dia, traduz-se frequentemente MANZER por BASTARDO, dando-lhe assim a conotação de ILEGITIMIDADE. É um erro. Uma criança "manzer" não é "ilegítima", pois a "concubina" não é uma mulher ilegítima.
Vamos dar alguns exemplos.
- CARLOS MARTEL era filho de uma Concubina, pois sua mãe não era de posição igual à de seu pai. Ele era, portanto, MANZER, mas não BASTARDO.
- SANTA HELENA, mãe de Constantino, é chamada "concubina" de Constâncio Cloro porque ela não era Romana (ela era da Bitínia, Ponto Euxino). Ela havia desposado Constâncio Cloro quando ele ainda era apenas oficial da guarda pretoriana. Quando Constâncio Cloro ascendeu ao Império, ele repudiou Santa Helena porque ela não era Romana, o que não impediu seu filho Constantino de ascender ao Império, proclamado Imperador pelas tropas da Grã-Bretanha, da Gália e da Espanha.
O sentido dessas duas palavras, Manzer e Concubina, deve ser conhecido quando se lê a história de Carlos Magno. Dom Guéranger interessou-se muito pela questão das CONCUBINAS de Carlos Magno. Ele mostrou que ele havia ficado viúvo várias vezes e que havia se casado novamente várias vezes.
O que é certo é que Carlos Magno foi CANONIZADO. Sua canonização ocorreu em 29 DE DEZEMBRO de 1166, ou seja, 352 anos após sua morte. Naquela época, as canonizações ainda não haviam sido incluídas entre as CAUSAS MAIORES e, portanto, reservadas à Santa Sé. As canonizações eram realizadas pelos ORDINÁRIOS.
A Canonização de Carlos Magno foi feita por Renaud, arcebispo de Colônia, e Alexandre, bispo de Liège. Eles exumaram e expuseram os ossos de Carlos Magno à veneração dos fiéis. Esse dia, 29 de dezembro, é aquele em que o martirológio romano faz menção a São DAVI, qualificado como "Rei e Profeta".
A coincidência desta canonização e desta festa milita para sugerir:
- que estes dois Reis são revestidos da mesma Realeza,
- e que a realeza franca (francesa) é da mesma NATUREZA SOBRENATURAL que a realeza davídica e que ela toma sua sucessão.
A canonização é em 29 de dezembro, mas a festa de São Carlos Magno foi fixada em 28 de janeiro, dia do aniversário de sua morte.
Veremos que a canonização de 29 de dezembro de 1166 foi marcada por um MILAGRE PÚBLICO extremamente sintomático.
Pode-se ler nos ACTA SANCTORUM, na data de 28 de janeiro, o seguinte:
"Na terceira noite, após a canonização de Carlos Magno (isto é, na noite de 31 de dezembro de 1166 para 1º de janeiro de 1167) TRÊS TOCHAS [FLAMBEAUX], divinamente acesas, apareceram no topo da catedral de Aix-la-Chapelle, onde repousa seu corpo. Brilhantes de uma claridade admirável, estas três tochas foram vistas por uma multidão de pessoas. Estas mesmas tochas, de esplendor celeste, deram três vezes a volta na CRUZ que encima o cume desta igreja. E iluminaram lugares muito distantes em todas as direções". (fim da citação)
Esta passagem dos "Acta Sanctorum" registra, portanto, por três vezes, o número 3:
- a 3ª noite após a canonização,
- as 3 tochas,
- as três voltas descritas pelas tochas.
Como não ver nesses 3 números 3 o símbolo e, portanto, a manifestação da SANTÍSSIMA TRINDADE.
Expliquemos o simbolismo do número NOVE. A Santíssima Trindade pode ser simbolizada numericamente de várias maneiras. Pode-se simbolizá-la pelo 3. Pode-se simbolizá-la pelo 9.
Há DUAS COISAS A SIMBOLIZAR:
- a DISTINÇÃO DAS PESSOAS in Personis Proprietates
- e a UNIDADE DA ESSÊNCIA in Essentia Unitas A Distinção das PESSOAS é simbolizada pela TRÍPLICE REPETIÇÃO de um número. Resta escolher esse número.
A Unidade da ESSÊNCIA será simbolizada adequadamente se o número para a tríplice repetição marcar bem que: UMA PESSOA TEM TANTO QUANTO TRÊS. E este resultado não é obtido com o número 1. Mas é obtido com o número 3. - Um bom simbolismo da Santíssima Trindade é, portanto: 9: 3-3-3. Daí a TRÍPLICE INVOCAÇÃO DO KYRIE. Daí também a hora da morte de Jesus: "e era cerca da 9ª hora".
Pode-se, portanto, bem dizer que naquela noite, 3ª noite após a CANONIZAÇÃO, a Santíssima Trindade se manifestou em favor, em confirmação da FÉ de Carlos Magno. E ela o fez por meio de Tochas [Flambeaux] para bem mostrar que Carlos Magno havia sido um ILUMINADOR (o que já sabíamos por seu nome CAROLUS).
Os ossos de São Carlos Magno se encontram na câmara do TESOURO de Aix-la-Chapelle, ao lado das relíquias das vestes da Santíssima Virgem, os dois relicários estando colocados lado a lado. Nenhuma revolução, nenhuma invasão, profanou nem um nem outro desses dois relicários.
OS VESTÍGIOS ESPIRITUAIS - SOBRENATURAIS DE CARLOS MAGNO na sucessão dos séculos, pois nossas obras nos seguem.
As Obras de Carlos Magno o SEGUIRAM.
- Os VESTÍGIOS HISTÓRICOS de seu reinado são objeto dos livros de História.
- Mas há vestígios SOBRE-HISTÓRICOS, dever-se-ia mesmo dizer SOBRENATURAIS.
São esses vestígios, esses traços sutis que vamos tentar localizar. Contentar-nos-emos evidentemente em tomar alguns exemplos, não podendo esgotar o assunto. E examinaremos sucessivamente:
- Carlos Magno e São Carlos Borromeu;
- Carlos Magno e as aparições de Lourdes;
- Carlos Magno e a aparição de Pontmain.