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Breves comentários ao livro “A Liturgia da Missa Segundo o Concílio Vaticano II”

Selecionamos algumas absurdidades do Donato e comentaremos brevemente sobre a gravidade de suas afirmações:

“Tão repentina como a conversão de São Paulo foi também a convocação do Concílio Vaticano II. Nesta data Sua Santidade, o Papa João XXIII, estava na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, junto ao local onde vinte séculos antes havia sido martirizado o apóstolo São Paulo. Junto com ele estavam diversos cardeais. Subitamente veio-lhe uma inspiração. Não nomeou nenhuma comissão para estudar previamente o assunto, não consultou nenhum especialista, não fêz perguntas a ninguém, nem estudou o problema longamente por si próprio. Naquele mesmo local, dali a poucos momentos, anunciou aos cardeais o seu firme propósito de convocar o Concílio Vaticano II.”


“A decisão de convocar o Concílio Ecumênico, portanto, não necessitou de tempo para amadurecer na alma do Pontífice. Surgiu, consumou-se e foi comunicada à Igreja em questão de poucos momentos.”


“Este texto é muito importante, porque mostra que João XXIII, ao ter convocado o Concílio Vaticano II, não estava pensando, pelo menos de modo principal, na unidade dos cristãos, na reforma litúrgica, nem em outros temas específicos. Ele estava na realidade aflito diante do triste espetáculo do homem contemporâneo, 'distraído da busca dos bens superiores, envolvido com os bens da terra, que o progresso da técnica engrandece e exalta'.”


“Em todos os textos que citamos, João XXIII não se refere nunca à reforma litúrgica como objetivo prioritário do Concílio Vaticano II.”


“Entretanto, - e é importante salientar este fato à luz das orientações gerais de João XXIII para o Concílio -, ao ser iniciado o Vaticano II em outubro de 1962, verificou-se que a liturgia era na realidade um assunto prioritário, o primeiro assunto a ser discutido e, pode-se dizer também, o único assunto a ser discutido no Concílio durante o pontificado de João XXIII que então chegava ao fim.”


“Foi como se eles já soubessem de antemão por um consenso geral que, se se deviam buscar os objetivos de João XXIII, a liturgia deveria ter prioridade e, ademais, como se também houvesse um certo acordo a respeito do sentido em que ela deveria ser prioritária.”


“Esta orientação que a liturgia ganhou dentro dos objetivos traçados por João XXIII para o Concílio Vaticano II não vinha do próprio João XXIII, pelo menos como de sua principal fonte de inspiração.”


“Os apelos e a doutrina de Pio XII contidos na Encíclica Mediator Dei, dirigidos a todos os bispos do mundo, não podiam ficar sem resposta. Não ficaram sem resposta. Conforme veremos adiante, esta resposta concretizou-se no Concílio Vaticano II, e de um modo que, ao contrário do que muita gente hoje está propensa a pensar, o Concílio Vaticano II não representou uma ruptura com a tradição, mas, ao contrário, foi na verdade um fiel continuador desta tradição, e de uma tradição que, conforme viemos mostrando, vem mesmo de muito antes da fundação da própria Igreja.”


“Quando, anos depois, foi encerrado o Concílio, verificou-se que o documento que daí havia resultado, a Constituição Sacrossantum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, havia sido, de todos os documentos do Vaticano II, o que menos dificuldades havia causado. Foi o primeiro a ficar pronto e o primeiro a ser aprovado, pela significativa votação sem abstenções de 2147 votos contra. A explicação é que na realidade a constituição continuava a tradição de perto, mais de perto do que habitualmente se imagina; e não seria mesmo concebível que se ela representasse a destruição da tradição cristã tivesse havido uma votação tão unânime em tais circunstâncias.”


“Estas palavras, redigidas por um perito conciliar fazendo a crônica das sessões plenárias ainda durante os debates preliminares à Constituição sobre a Sagrada Liturgia são muito importantes para se entender porque o texto final aprovado é pobre, quando comparado aos textos anteriores do Magistério da Igreja, em declarações dogmáticas. Isto fez com que alguns que leram a constituição posteriormente achassem o texto suspeito e que isto teria acontecido devido a intenções escusas; mas deve-se dizer, ao contrário, à luz de todo o conjunto dos fatos, que tal se deu apenas porque desta vez o Magistério da Igreja interveio em alguma coisa onde não havia nenhuma questão controvertida e ser dirimida; o objetivo do documento não era dirimir nada, mas oferecer normas para fomentar a piedade litúrgica dos fiéis.”

É evidente pelas citações que Antônio Donato Paulo Rosa não faz a menor ideia do que está falando. Sua estratégia perenialista é afirmar que ainda há tradição dentro do Concílio Vaticano II e na missa nova para poder inocular suas doutrinas ocultas naqueles modernistas que porventura venham a ter contato com a santa moita.

Defender que o Concílio Vaticano II, que a missa nova e que os falsos papas conciliares são contra o mundo moderno e que todas as mudanças litúrgicas são tradicionais e símbolos para uma modernidade que, nas palavras do Donato, se afastou das verdades eternas (externamente, verdades eternas querem dizer catolicismo, mas internamente quer dizer o tradicionalismo-perenialismo de René Guénon e Frithjof Schuon, uma escola esotérica que influenciou o Donato) é um caso gravíssimo de esquizofrenia catatônica.