REIMS
A TERCEIRA marca de Predileção divina (PATRONATO) que notaremos (mas houve outras) é a de Reims. Ela é particularmente importante porque deixou VESTÍGIOS JURÍDICOS. Passou PARA A LEGISLAÇÃO. Trata-se da SAGRAÇÃO DE CLÓVIS por São Remígio, Bispo de Reims, no dia de Natal de 496.
Foi ao mesmo tempo o BATISMO e a SAGRAÇÃO de Clóvis.
O DIÁCONO que devia trazer o Santo Crisma da Sacristia ao Batistério foi impedido de passar por causa da extrema densidade da multidão. O tempo passava e os celebrantes começavam a impacientar-se. Foi então que se viu uma POMBA trazer ao Batistério a famosa AMPOLA cheia de um CRISMA, que desde então só podia ser CELESTE, já que fora assim miraculosamente trazido a São Remígio. Foi com este crisma que Clóvis foi sagrado Rei.
Este milagre, eminentemente significativo, foi atestado por AUTORIDADES INCONTESTÁVEIS:
- por Hincmar, arcebispo de Reims no século IX (ele manifestava assim uma tradição de sua igreja catedral);
- por Flodoardo, padre da mesma igreja;
- pelo que se chama o DIPLOMA de Luís o BONACHÃO, filho de Carlos Magno;
- por Élie de Bourdeilles que depôs no processo de REABILITAÇÃO de Joana d'Arc;
- pelo Cardeal BARÔNIO, em seus "Annales Ecclesiastici", que são consagrados precisamente à história dos primeiros séculos da Igreja. Todos esses documentos retêm como MIRACULOSO e como HISTÓRICO o aporte da Santa Ampola na Sagração de Clóvis.
Aqueles que negam a Historicidade deste milagre são animados pelo mesmo ESPÍRITO de DEMOLIÇÃO que as pessoas que negam a historicidade da TRANSFERÊNCIA da CÁTEDRA de São Pedro de Antioquia para Roma, sob pretexto de que essa transferência não está consignada nos ATOS dos APÓSTOLOS (enquanto a transferência de Jerusalém para Antioquia lá se encontra). Na realidade, é para se dispensarem de admitir a SUPREMACIA do Pontífice Romano. O mesmo se dá com aqueles que contestam o milagre da Santa Ampola: é para se dispensarem de admitir o DIREITO DE PRIMOGENITURA dos REIS da FRANÇA e, por via de consequência, o PRIVILÉGIO da FRANÇA FILHA PRIMOGÊNITA da Igreja.
O milagre da Santa Ampola não permaneceu um fenômeno ISOLADO. Primeiro, foi CONFIRMADO de reinado em reinado pelo milagre da CURA DAS ESCROFULAS, que manifesta a manutenção do FAVOR DIVINO sobre a pessoa do Rei reinante. A fórmula era: "O Rei te toca, Deus te cura." À saída da catedral de Reims, no adro, DEPOIS DA SAGRAÇÃO, traziam-se os doentes.
E, sobretudo, o milagre da Santa AMPOLA constituiu o fundamento do Direito Real francês. Doravante, o Rei da França será "Rei pela Graça de Deus". Ele não é "Rei pela autoridade da Sé Apostólica". Ele o é por uma escolha especial, diretamente formulada. De sorte que ninguém tem o direito de DEPOR UM REI DA FRANÇA. A ESCOLHA DIVINA manifestada pessoalmente a Clóvis perpetuou-se por toda a RAÇA REAL FRANCESA. POIS, se o Trono da França mudou de DINASTIA, essas DINASTIAS sucessivas PROVÊM da mesma ascendência. A unidade das 3 raças é agora coisa reconhecida.
Cada DINASTIA produziu seu REI TIPO:
- Carlos Magno, para os Carolíngios;
- São Luís, para os Capetianos. Todos esses Reis foram os BENEFICIÁRIOS das mesmas promessas iniciais, do mesmo PACTO INICIAL.
Farei notar, Senhoras e Senhores, que é São Carlos Magno quem nos proporciona a ocasião de falar de tudo isso HOJE, já que é sua FESTA: a São Carlos Magno festeja-se em 28 de janeiro, pois ele tem uma festa litúrgica no PRÓPRIO da DIOCESE de Aix-la-Chapelle. Ele tem até VÉSPERAS próprias com um hino soberbo. Carlos Magno morreu em 28 de janeiro de 814. Este ano de 1989 é mesmo um Ano Jubilar, pois há 1175 anos. É este ano o 47º jubileu. Ele morreu num SÁBADO (como hoje), e era a 3ª semana após a Epifania.