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O Segredo de La Salette é nada menos que uma Apocalipse mariano[9]

O padre Ricossa, até o dia em que, provavelmente, como ele diz, “reapreendeu o livro de Corsini”, não hesitou em convencer o leitor, em 1986, no Sodalitium n° 12 (edição italiana), de que o Apocalipse fala realmente do futuro. Antes de enumerar, neste artigo, os diferentes “motivos da oposição ao Segredo de La Salette”, ele escreve: “Não pretendemos conhecer todos, nem julgar suas intenções. Apenas tentamos entender um fato inexplicável: a luta contra uma aparição que é reconhecida como verdadeira”. Em sua enumeração dos “motivos da oposição”, retemos os III e IV:

Vamos primeiro ao III motivo, onde o padre Ricossa, apoiando-se em Wilfrid, usa o termo “profético” para indicar uma revelação sobre o futuro: “O caráter profético e apocalíptico do segredo pode desconcertar o leitor. Contudo, Wilfrid escreve não sem razão: ‘Tudo está dito, de fato, mas como em uma página da Sagrada Escritura, com muita clareza para aquele que possui o sentido bíblico; com muita obscuridade também, como nos Livros inspirados, para nos deixar o mérito da fé. Constata-se, de fato, aparentes anacronismos e uma sobreposição de eventos, às vezes separados por intervalos de tempo bastante longos, que a Visão do Profeta mostra, como em um afresco, em um mesmo plano. O Segredo de La Salette é nada menos que uma Apocalipse Mariano. Seu estilo mesmo se aproxima do dos Profetas, pela forma incisiva e a rigorosa doutrina. Na verdade, é como um desenvolvimento do próprio Apocalipse, um desenvolvimento que chega agora a seu tempo, para nos dar, em termos claros, o que nos interessa saber hoje sobre o que São João proclama, de absoluta necessidade, para os homens dos Últimos Tempos: ‘Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro’ (Ap, XXII, 7). Bem-aventurado também aquele que guarda as palavras de Maria, cuja Mensagem ilumina aquelas do vidente de Patmos” (In difesa del segreto de La Salette, Roma, 1946, página 100)”.

Nada surpreendente que o padre Ricossa, que não “guardou as palavras da profecia deste livro”, de qualquer forma não tenha guardado “as palavras de Maria, cuja Mensagem ilumina aquelas do vidente de Patmos”!

Em seguida, o IV motivo, no qual o padre Ricossa, após ter feito corretamente a relação entre a ocultação do Segredo e a horrível crise, evoca o sublime paralelo entre Jesus e Sua Mãe: “Por outro lado, a predição de tudo que parecia impossível se realiza diante de nossos olhos: assim como veremos, é a horrível crise da hierarquia da Igreja que estamos vivendo atualmente. O resultado foi a ocultação do aviso da Santa Virgem. Da mesma forma que Jesus anunciou Sua Paixão para que, uma vez chegada, seus discípulos não se escandalizassem, Maria também anunciou o eclipse da Igreja para que, uma vez ocorrido, não nos escandalizássemos”.

Não é para enfiar mais o pé na ferida, mas é preciso constatar que agora é o mesmo padre Ricossa quem assume a responsabilidade e continua a trabalhar para “a ocultação do aviso da Santa Virgem”. De fato, em seu número 48 de 1999, ele havia tomado o cuidado, em seu apêndice sobre certas profecias e revelações privadas, de apresentar todas as possíveis razões que pôde encontrar a fim de justificar seu encorajamento implícito a não ler nem divulgar o Segredo da Mãe de Deus. Tudo o contrário do que ele escreveu em 1986, notadamente os quatro motivos, que permanecem válidos para explicar a oposição ao Segredo: o liberalismo de certos bispos, a reprovação ao clero, o caráter profético e apocalíptico e a predição da crise da hierarquia da Igreja.