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Considerações Finais da Parte III - Final

Chegamos ao fim. Fiz o que tinha de ser feito. Falei o que tinha de ser falado. Agora tudo que gostaria é um pouco de paz — o que talvez seja um pouco difícil nessa circunstância.

Antes do fim, gostaria de deixar uma sugestão de sistema simbólico, informo que não passa de um rascunho mal feito:

Olhem para a Santa Missa e verão duas partes, Liturgia da Palavra e o Rito de Consagração. Escutamos o Evangelho e levamos pão e vinho para serem ofertados para serem consagrados pelo sacerdote in persona Christi para Deus.

No Antigo Testamento havia três tipos de sacrifícios: (1) holocausto no qual tudo era queimado e ofertado a Deus em sinal de louvor; (2) sacrifícios pacíficos no quais metade era queimado a Deus e a outra metade era alimento para os homens (simbolizando a manutenção da força dos homens nos caminhos de Deus); e (3) o bode expiatório, nos quais os sacerdotes impunham sobre um animal, geralmente um bode, os pecados deles e da comunidade e o largavam para morrer no deserto.

Nosso rito, tanto católico quanto ortodoxo, é a perfeição desses três simultaneamente: (1) Louvamos a Deus; (2) Pela comunhão recebemos a Graça Santificante; e (3) Cristo redimiu nossos pecados perfeitamente.

A Graça vem pela carne de Cristo, não pelo trigo, nós já comemos o pão vivo descido dos céus. O que fazemos em todas as Santas Missas é um sacrifício de Abel, o mais agradável a Deus. Há uma hierarquia, trigo é natural, pão é humano, mas quem transforma em corpo e sangue de Cristo, um símbolo divino, é Deus.

Trigo, parece-me ser, a Palavra, a Boa Nova, o Evangelho. Muitos santos ao escutar uma pequena frase e elevaram-na a um estado de perfeição. Temos de plantá-la na terra fértil (sem espinhos e sem pedras, prática da virtude) de nosso ser, que deve ser arada (ar, oração), a terra deve ser úmida de amor (água, jejum) e deve receber a Luz do Sol, a Graça Santificante habitual no estado de Graça, o fogo, a esmola. O Sol é o símbolo por excelência de Deus (O Sol de Justiça, o centro, e o Espírito Santo desce, assim como a luz do Sol desce sobre nós.). Vem o maligno e planta joio. Estamos tentando cultivar a palavra, guardamos ela, e temos de fazer frutificar, plantamos a semente na terra do nosso interior, mas uma terra adequada (com ar, se formos muito dura, como na estrada, a palavra não se desenvolve) devemos ser amorosos para com ela (água, sentimos falta de algo na secura do jejum) e cresce com a ajuda da Graça Santificante (a luz do Sol). Só na colheita separamos o joio do trigo, é a Confissão: O que eu fiz de bom? O que fiz de ruim? O que deve ser queimado?

A prática da Confissão renova o ciclo, agora armazenamos os bons grãos, nossas boas ações (o agir reto e livre) e queimamos o joio plantado pelo inimigo à noite. Pela prática do pão, moemos o trigo, (nossas virtudes são conquistadas a duras penas e um simples desvio pode pôr tudo a perder), novamente juntamos o trigo com a água, depois sovamos o pão (ar) depois pomos no forno (o fogo do Espírito Santo que desceu sobre os apóstolos sob a forma de línguas de fogo e hoje sopra sobre nós para manter a chama acesa), o excesso sai, a esmola. E pronto, temos pão para oferecer no altar. Pão é uma vida plenamente dirigida e orientada a Deus, que por sua vez, é oferecida no altar. Em vez de irmos buscar trigo e ficarmos julgando cada detalhe, estamos oferecendo a nossa miserável vida.

Trigo vira Pão, que vira Carne que, por sua vez, é o nosso alimento. Cuidado de quem nos afasta do alimento mais necessário.

Na falta de pão ou vinho, Cristo nunca nos deixou na mão — vide as Bodas de Caná, a multiplicação dos pães (em que, de poucos pães, Cristo saciou a fome de todos), “*eis que estarei convosco todos os dias até o final dos tempos*” e a Comunhão dos Santos.

Cristo é o Logos, o arquétipo dos arquétipos, a estrutura do ser, é a partir do Todo que conseguimos entender as partes, talvez por isso que as outras religiões podem ser entendidas à luz do cristianismo, mas será que as outras religiões podem entender o cristianismo? Que outra religião possui um sacrifício de carne feita pelo próprio Deus?

Algumas perguntas ficam, mas isso é o natural.

Isso é tão somente um breve rascunho, mas talvez ajude algumas pessoas a repensar.

No mais, cuidado com aquilo que presumirem de mim, pois pode ser meramente fruto da imaginação reforçada por um meio social restrito, na verdade, este documento nem foi feito para isso, foi produzido para a consciência de cada um individualmente. Nada do que foi escrito aqui se resume a dicotomias baratas: gosto x não gosto; a favor x contra ou meu time x seu time. Eu mesmo nutro grande apreço por alguns rabinos, cristãos ortodoxos e protestantes, budistas e — por que não? — muçulmanos.

Encerro aqui e informo que retornarei ao meu habitual silêncio pelas redes sociais em breve. Obrigado.