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CAPÍTULO 31: Como deve ser entendido a afirmação de que mesmo o Novo Testamento é uma carta mortífera

Outra dificuldade surge de um texto de Atanásio na carta a Serápion: “Esta é uma carta mortífera: Desde o princípio e antes de todos os tempos eu fui criado, etc. (Eclesiástico 24:14), e ele adiciona muitas ilustrações do Antigo e do Novo Testamento. No entanto, a carta do Novo Testamento não parece ser mortífera; pois assim não seria diferente da carta do Antigo Testamento, sobre a qual 2 Coríntios 3:6 diz que a carta mata.

Mas uma formulação correta deve dizer que nem a carta do Novo Testamento nem a do Antigo matam, exceto ocasionalmente. A ocasião da morte é tomada por alguns em um duplo sentido. Em um sentido, na medida em que o texto sagrado é ocasião de erro, algo comum tanto à carta do Antigo quanto à do Novo Testamento; daí São Pedro diz em sua segunda carta (3:16) que nas cartas de São Paulo há algumas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis torcem para a própria destruição, por não entenderem as escrituras.

De outra forma, na medida em que os preceitos contidos nas Sagradas Escrituras se tornam ocasião para uma vida ruim, a concupiscência sendo intensificada por sua proibição quando a graça ajudadora não é concedida; e dessa forma a carta do Antigo Testamento é considerada mortífera, mas não a carta do Novo Testamento.