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CAPÍTULO 21: Como a afirmação "Deus fez o homem-Deus" deve ser entendida

Outra dúvida surge a partir do que Atanásio diz na mesma carta: “O Filho de Deus, assumindo o homem em sua própria hipóstase para que pudesse conduzir o homem de volta a si, fez dele Deus, deificando-o.” E em seu terceiro discurso sobre o Concílio de Nicéia: “É impossível que eles sejam consumados a menos que eu assuma um homem perfeito e o deifique e o faça Deus comigo.” Com isso, é implícito que a proposição: o homem tornou-se Deus, é verdadeira.

Deve-se notar que as proposições: Deus se fez homem, e o homem se fez Deus, são igualmente verdadeiras de acordo com a opinião que afirma haver dois supósitos em Cristo, pois quando se diz: Deus se fez homem, desse ponto de vista, é que um supósito da natureza divina foi unido ao supósito da natureza humana: e, inversamente, quando se diz que o homem se fez Deus, o sentido é que um supósito da natureza humana foi unido ao Filho de Deus.

Mas se for mantido que em Cristo há apenas um supósito, então a afirmação: Deus se fez homem, é verdadeira no sentido próprio, porque aquele que era Deus desde a eternidade começou a ser homem no tempo. Falando propriamente, no entanto, esta proposição não é verdadeira: o homem se fez Deus, porque o supósito eterno conotado pelo termo homem sempre foi Deus. Portanto, as passagens de Atanásio devem ser explicadas assim: o homem se fez Deus, ou seja, passou a ser que o homem é Deus.