FOLHEANDO OS LIVROS
"DA VIDA ANTES DE TUDO"
O livro "De la vie avant toute chose" ("Da vida antes de tudo"), publicado recentemente pelas Edições Mazarines pelo Dr. Pierre SIMON, constitui um documento precioso. Ele demonstra, sem nenhuma ambiguidade, a responsabilidade da maçonaria em todo o processo de vulgarização da contracepção e da eutanásia.
O Dr. Pierre SIMON, ginecologista, é antigo Grão-Mestre da Grande Loja da França. Eis em que termos seu editor o apresenta: "Há vinte e cinco anos, ele luta para transformar não apenas a medicina, mas também a lei e os costumes". "Da vida antes de tudo é uma visão global de nossa sociedade, através dos combates e das experiências cotidianas de um homem que foi o cofundador do movimento francês pelo Planejamento Familiar; conselheiro do ministro da Saúde durante os grandes debates legislativos sobre a contracepção, ele foi um daqueles que contribuíram para fazer passar a contracepção à vida cotidiana".
No capítulo intitulado "A Morte", P. SIMON revela que foi levado a entrar na Maçonaria por suas angústias e reflexões a respeito da morte. Ele se perguntava se não seria possível "domesticar a morte".
"Domesticar a morte é dar-lhe um sentido e é também dar um sentido à vida... Só pude compreender a vida subjugando a morte. É aqui, portanto, que se deve compreender o passo que me incitou a tornar-me maçom". (página 68).
As doutrinas da maçonaria, seus símbolos, seus ritos antigos e inalterados, toda a atmosfera intelectual da loja ensinaram ao Dr. P. SIMON a desdramatização da morte: "A verdadeira iniciação não tem outro objetivo senão fornecer as técnicas de passagem para o 'Oriente Eterno', como os maçons denominam a morte. A verdadeira iniciação é aquela que prepara para a morte. É assim que o novo iniciado apreende precisamente a passagem para a nova vida. Tecnicamente, cientificamente, pela sociedade iniciática, ele acede a um novo clima mental. É então que intervém a loja: ela o ajudará a encontrar suas fontes existenciais. Pela loja, o iniciado descobre a verdadeira dimensão, que é espaço-temporal. Encarnado em um coletivo, ele viverá assim até o fim dos tempos. O iniciado jamais desaparece". (página 74).
Foram as doutrinas maçônicas, simbolizadas pelos ritos, que trouxeram ao Dr. P. SIMON o primeiro elemento de seu sistema: a desdramatização da morte, a qual não passa de uma simples mudança de estado.
A loja, graças ainda ao seu ensinamento "tradicional", ensinou-lhe também outra noção:
"No plano filosófico, a sistêmica torna-se a noção fundamental da Tradição, que se exprime hoje em linguagem científica... A revisão do conceito de vida, induzida pela contracepção, pode, portanto, pela virtude da sistêmica, transformar a sociedade em sua integralidade."
"O meio: estabelecer o princípio de que a vida é um material, no sentido ecológico do termo, e que cabe a nós geri-la; eis a ideia motriz. Mas não se modificam as multidões sem tocá-las fundamentalmente. A arma absoluta, que traz o apoio popular, é o visceral."
"O visceral é o meio onde, em resposta à demanda até então surdamente formulada, vai difundir-se o agente detonador: a contracepção médica."
"Os progressos da química vão permitir o acesso à contracepção absoluta, a pílula. Ciências exatas, mais aspiração visceral = a razão conjuga-se com o instinto". (página 85).
Em termos mais claros, a vida não depende mais de uma gestão providencial até então aceita, mas da GESTÃO HUMANA. É a Sociedade, e não mais a Providência, que vai gerir a vida. É a Sociedade que vai chamar à vida e interromper a vida quando isso lhe parecer sensato.
O Dr. P. SIMON extraiu sua doutrina eugênica do laboratório de ideias constituído pela loja. Não somente ele não faz mistério dessa inspiração, como a inscreve no ativo da Maçonaria: "Quando pretendemos — aqui a propósito do conceito de vida e de regulação de nascimentos — que a loja é o LABORATÓRIO DA SOCIEDADE, isso implica apenas que 'a colocação em condição cósmica' induz uma reflexão não tributária do cotidiano, do evento ou da rua. A reflexão tem valor humano, social e universal. Assim acontece com as leis que podemos inspirar ou com as mutações da sociedade que podemos suscitar". (página 114).
Quando o Dr. P. SIMON fala de "colocação em condição cósmica", ele emprega uma linguagem maçônica para dizer que o trabalho em loja põe o iniciado em comunicação com a grande entidade coletiva e universal; e é essa comunicação que lhe proporciona a inspiração, fazendo-o ver o mundo numa perspectiva mais elevada.
Aprendemos também pela leitura deste livro que o mesmo "laboratório" de ideias generosas estuda os meios de legalizar progressivamente a inseminação artificial das mulheres, as manipulações genéticas dos fetos, a eutanásia dos indesejáveis, bem como, evidentemente, a substituição da família tradicional, doravante inútil, por outras instituições.
Leiamos e conservemos preciosamente o livro do Dr. P. SIMON, Grão-Mestre da Grande Loja da França. Ninguém poderá mais contar-nos, de agora em diante, que a Maçonaria não teve parte na gênese da catástrofe.
J. V.
"A CONJURAÇÃO DOS ILUMINADOS"
Henry Coston é bem conhecido por seus diversos dicionários e repertórios: Dicionário da Política Francesa, Dicionário das Dinastias Burguesas, O Alto Banco e os Trustes, As Duzentas Famílias...
Essas obras são indispensáveis a quem quer que pretenda acompanhar a evolução da sociedade de hoje.
Ele é também autor de uma obra muito documentada sobre a Maçonaria, A República do Grande Oriente.
Toda essa documentação é completada a cada mês por uma revista, modesta na aparência, mas rica em substância, Lectures Françaises.
Hoje, o senhor COSTON coloca à disposição dos pesquisadores mais exigentes um conjunto de documentos sobre os "Iluminados da Baviera", esse agrupamento secreto que se encontra na origem da penetração da Revolução no cristianismo e particularmente na Igreja Católica. Eis algo que nos interessa em primeiro grau.
O Sr. COSTON teve a boa sorte de pôr as mãos em um livro muito raro: "Alguns escritos originais da Ordem dos Iluminados que foram encontrados na casa de Zwack, antigo conselheiro do Governo, durante a busca domiciliar executada em Landshut nos dias 11 e 12 de outubro de 1786" (1). Ele o fez traduzir do alemão em sua integridade.
Como se trata de documentos apreendidos durante uma perquisição, o conjunto é bastante díspar, mas muito edificante. Encontra-se de tudo: cartas, notas, projetos de estatutos e de organização, um ritual de iniciação, listas de maçons, reflexões sobre o suicídio e até receitas médicas... Há ali ampla matéria para despertar a curiosidade e incitar a uma pesquisa mais aprofundada dos especialistas das questões maçônicas, mas será preciso decifrar certos nomes e certos termos: aviso logo aos pesquisadores que não se trata de uma leitura recreativa e que um trabalho austero os espera.
Por outro lado, no prefácio de quarenta páginas escrito pelo Sr. COSTON para apresentar seu achado, apreciar-se-á uma notável exposição sobre o Iluminismo, clara e precisa, um histórico muito aprofundado, citações adequadas com numerosas notas bibliográficas que permitiriam a esse estudo bastar-se a si mesmo.
Em todo caso, ela permanecerá o preâmbulo necessário a qualquer investigação posterior e dispensará o amador novato da consulta a obras mais eruditas.
A PROPÓSITO DO PADRE JANDEL
Submetemos o texto do artigo consagrado à aventura do Padre JANDEL (no Boletim nº 3) a um especialista em questões maçônicas. Este estima que, se o relato do Padre é exato, ele pode ter sido vítima de uma mistificação, mas certamente não assistiu a uma reunião regular de maçons.
"De fato", acrescenta nosso correspondente, "em toda sessão maçônica, um 'irmão cobridor' [Nota do Tradutor: em francês, frère tuileur] posta-se à entrada do templo e verifica a qualidade maçônica de todo visitante estrangeiro, que deve dar as palavras, os sinais e apresentar seu diploma. Em seguida, ninguém entra sem estar de luvas e revestido do avental de seu grau. O visitante, à entrada, executa a marcha de aprendiz se a loja, como é costume no início, desenrola-se nesse grau; e mesmo uma loja diabólica não iria revelar tais segredos a aprendizes: portanto, a sessão se fez no grau de mestre, com a marcha adequada."
Se não se trata de uma sessão maçônica regular, convém, cremos nós, dirigir as pesquisas para o lado dos círculos ocultistas que não faltavam em Lyon naquela época. O dossiê permanece aberto. Temos em vista aqui apenas estabelecer a verdade sobre um fato controverso, o que não é fácil. Mas certos fatos mais recentes (citarei apenas aquele relatado no pequeno livro de Henri LONATRON, "Na missa negra ou o Luciferianismo existe"), que dificilmente podem ser contestados, autorizam uma pesquisa mais aprofundada.
F. M. d'A.
Publicações Henry COSTON - BP 92-18 - 75862 PARIS CEDEX 18