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O Padre JANDEL, FUTURO MESTRE GERAL da ORDEM dos FRADES PREGADORES, EXPULSOU O DIABO de uma "LOJA MAÇÔNICA LIONESA"?

PREFÁCIO

O título deste artigo terá, sem dúvida, surpreendido alguns leitores. De fato, nós também tivemos uma certa relutância diante deste texto, mas a seriedade de seu autor nos fez aceitá-lo e, em retrospecto, estamos muito felizes em publicá-lo aqui neste boletim: de fato, tal qual ele está, contribuirá para manter um certo equilíbrio entre os diversos aspectos da Subversão e introduz um elemento concreto, vivenciado, naquilo que é forçosamente uma descrição abstrata de uma realidade complexa (nota 1).

Por que se espantar e, no fundo, o que temer?

A dificuldade não reside tanto na exatidão das circunstâncias quanto na natureza do fato em si. As circunstâncias são relatadas através de vários documentos que apresentamos pelo que valem, nem mais nem menos. Por outro lado, o fato levanta um problema à partida, e mesmo dois: primeiro, crê-se na existência do Diabo e, em seguida, crê-se na possibilidade de sua manifestação, em uma possibilidade real, não teórica, mas efetivamente realizada? Uma outra questão anexa, mas finalmente secundária, é saber se o Diabo governa por vezes os homens diretamente, por uma intervenção física.

Neste século que se pretende racionalista, tornou-se de bom tom rir dessas coisas, a tal ponto que mal era possível responder a essas perguntas afirmativamente se se quisesse participar de um debate intelectual de algum nível; e o próprio clero, que rapidamente aprendeu a lição, mal se aventurava mais em terrenos tão delicados.

Após o caso "Léo Taxil", os próprios círculos antissubversivos tornaram-se de uma prudência que muitas vezes beirava o silêncio, e o dano causado por essa sinistra maquinação foi tão importante que se compreende facilmente nossos antecessores de cem ou até cinquenta anos atrás (nota 2).

Hoje em dia, parece, pelo contrário, que só se pode lucrar ao abordar uma questão tão necessária agora mais do que nunca, pois isso se tornou possível. Por quê?

A Revolução, que precisou usar o racionalismo para derrubar o cristianismo, pensa que esse resultado foi obtido e hoje precisa, ao contrário, deixar transparecer sua verdadeira face "espiritualista" para se instalar definitivamente, para responder ao vazio deixado pela religião defunta e preparar, em suma, o reinado do Anticristo.

Dessa forma, ela de certa forma deu um tiro no próprio pé e não pode mais rir quando se fala do Diabo.

É bastante cômico ver como os historiadores modernos trataram a Idade Média "obscurantista" em luta contra a bruxaria: esses pobres coitados de bruxos eram, ao que parece, apenas uns desafortunados, vítimas das condições econômicas, segundo os racionalistas, de sua libido reprimida, segundo os freudianos.

Ora, atualmente, as livrarias já não têm prateleiras suficientes para suportar todos os livros que tratam de ocultismo e bruxaria: cada semana nos traz novos e, se alguns são disparatados, muitos descrevem experiências completamente reais.

Assim, uma obra recente narra a iniciação, longa e penosa, de um universitário americano por um feiticeiro indígena com a ajuda de plantas e cogumelos alucinógenos, e ali se reencontram as situações e as técnicas dos feiticeiros europeus medievais, fazendo o autor, aliás, ele mesmo alusão a isso.

Assim é também o caso das investigações que se encontram até mesmo em revistas de grande circulação e onde a bruxaria atual na França é tratada como um tema normal, importante e fascinante.

A questão não é, portanto, mais tabu e não é ruim que acrescentemos nossa pequena nota ao concerto, mesmo e sobretudo se ela não estiver no mesmo tom.

Resta responder às perguntas que fizemos no início: sim, cremos na existência do Demônio, sim, cremos na possibilidade e na realidade de suas manifestações. Teologicamente, isso é certo, e testemunhos demais o confirmam ao longo dos séculos para que seja razoavelmente possível duvidar (nota 3).

Quanto às suas intervenções em loja, basta refletir um pouco para admitir a sua eventualidade, ao mesmo tempo que se fixam os seus limites: para isso, o adágio segundo o qual "o diabo é o macaco de Deus" pode nos iluminar utilmente.

Deus age ordinariamente no mundo por causas segundas, o Demônio, por sua vez, também – Deus age em seguida inspirando sua Igreja e as almas individuais, o Demônio faz o mesmo pela Contra-Igreja e seus fiéis (sendo este, aliás, o seu modo de ação mais frequente) – Deus age finalmente, por vezes, manifestando-se diretamente a almas privilegiadas, seja por Ele mesmo (Cristo), seja pela Santíssima Virgem, ou pelos Anjos, ou pelos Santos: por que o Demônio não o faria também à sua maneira?

Todos aqueles que estudaram um pouco a Maçonaria sabem que nela reinam "espiritualidades" diversas e, por exemplo, a distinção entre satanistas e luciferianos é bastante conhecida.

Se, habitualmente, os rituais iniciáticos são um canal suficiente para fazer passar a influência do mau Espírito, é muito concebível que, em certos cenáculos, este se dê ao trabalho de vir sob uma forma física, o que é capaz de impressionar muito mais fortemente certos temperamentos.

Mas, sem que se trate de estabelecer um paralelo estrito, deve-se admitir que tais situações não são mais frequentes do que o são, por sua vez, as aparições em meio católico. Em um caso como no outro, a característica da via extraordinária é não ser ordinária e sua importância, embora real, não deve obscurecer a atenção a ponto de fazer esquecer a via normal: em tal matéria, esse risco não deve ser negligenciado, esta seria talvez a suprema habilidade diabólica!

Vocês estão avisados. Agora, façam o sinal da cruz, e boa leitura!

S. A. B.


No clima atual de racionalismo e modernismo, esta questão pode fazer alguns sorrir, outros cairão na gargalhada. E, no entanto, se se quiser estudar objetivamente os fatos, convir-se-á que ela deveria ser levantada, qualquer que seja a resposta que cada um lhe der, com conhecimento de causa.

A "Semaine religieuse de GRENOBLE", de 10 de junho de 1880, publicava um relato extraordinário que ela fazia preceder de uma palavra de introdução.

"O estranho relato que reproduzimos é autêntico, pois antes de publicá-lo quisemos conhecer e possuir todas as provas. O Padre JANDEL em pessoa o contou a várias testemunhas cujas declarações estão em nossas mãos."

Quem eram essas testemunhas? Provavelmente aquelas que citaremos mais adiante de outra fonte. A "Semaine religieuse" não as menciona.

Este relato, retomado por numerosos periódicos, foi inserido ou utilizado em coletâneas de histórias edificantes ou com fins apologéticos, sem nenhuma referência crítica e com algumas variantes de detalhe.

Pode-se perguntar de antemão por que, tendo o evento ocorrido em Lyon, foi em Grenoble que ele foi extraoficialmente acreditado. A resposta é simples: em 1880, o bispo de Grenoble era Dom FAVA, anteriormente bispo da Martinica. Ele era um cavaleiro da Idade Média com uma fé ardente, um homem de ação cujas realizações são impressionantes, um valente lutador contra os governos perseguidores e a Maçonaria.

Ele fundou com esse propósito a revista "La Franc-Maçonnerie démasquée" em 1884, inspirou-a e a dirigiu por nove anos. Foi na sequência de uma diligência feita em Roma por Dom FAVA que Leão XIII publicou sua encíclica "HUMANUS GENUS" contra as sociedades secretas (20 de abril de 1884). No calor da luta, o valente bispo talvez nem sempre teve tempo de controlar rigorosamente as informações que lhe chegavam. Ele se deixou enganar no início pela impostura de Léo Taxil. Longe de ser o único!

Dom FAVA certamente ficou feliz em acolher o relato de que falamos. Ele trazia água para o seu moinho.

Em Lyon, era o oposto. O cardeal de BONALD (falecido em 1870) deixou a memória de um homem reservado, bastante tímido, de extrema prudência e circunspecção, pouco propenso a perturbar a opinião pública pela publicação de fatos, mesmo autênticos, suscetíveis de criar agitação de dupla corrente, não só entre os fiéis sempre ávidos de maravilhoso, mas também entre os adversários da Igreja, virulentos e vingativos. Sabe-se, por parêntese, que naquela época Lyon contava com 12 lojas maçônicas, que os banquetes gordos de Sexta-feira Santa começavam a ser honrados e que a imprensa hostil à Igreja se desenvolvia amplamente? Perto do fim do Segundo Império, houve até um jornal que se intitulava "l'Excommunié".

Aqui está o texto publicado pela "Semaine religieuse de Grenoble":

"O P. JANDEL, pregando em Lyon, foi um dia impelido por um movimento interior a ensinar aos fiéis a virtude do sinal da Cruz; ele não resistiu a essa inspiração e pregou. Ao sair da catedral, foi abordado por um homem que lhe disse:

  • Senhor, o senhor acredita no que acabou de ensinar?

  • Se eu não acreditasse, não o ensinaria, respondeu ele, a virtude do sinal da Cruz é reconhecida pela Igreja, eu a considero CERTA.

  • Verdadeiramente, retoma o interlocutor surpreso, o senhor acredita... Bem, eu sou maçom e não acredito; mas, porque estou profundamente surpreso com o que o senhor ensinou, venho propor-lhe pôr à prova o sinal da Cruz. Todas as noites, nos reunimos em tal rua, em tal número, o demônio vem ele mesmo presidir a sessão. Venha esta noite comigo, ficaremos à porta da sala; o senhor fará o sinal da Cruz sobre a assembleia e eu verei se o que o senhor disse é verdade.

  • Tenho fé na virtude do sinal da Cruz, acrescenta o P. JANDEL, mas não posso, sem ter pensado detidamente, aceitar sua proposta. Dê-me três dias para refletir.

  • Quando quiser provar sua fé, estou às suas ordens, retoma ainda o maçom, e ele dá seu endereço ao dominicano.

O P. JANDEL dirigiu-se imediatamente a Dom de BONALD e perguntou-lhe se podia aceitar o desafio, em nome da Cruz. O Arcebispo reuniu alguns teólogos e discutiu longamente com eles os prós e os contras dessa abordagem. Finalmente, todos acabaram por concordar que o P. JANDEL deveria aceitar.

  • Vá, meu filho, disse-lhe Dom de BONALD, abençoando-o, e que Deus esteja com você.

Quarenta e oito horas restavam ao P. JANDEL: ele as passou a orar, a mortificar-se, a recomendar-se às orações de seus amigos e, no final da tarde do dia designado, foi bater à porta do maçom. Este o esperava. Nada podia revelar o religioso; ele estava vestido com roupa leiga; apenas havia escondido sob essa roupa uma grande cruz.

Partem e chegam logo a uma grande sala mobilada com muito luxo e param à porta... Pouco a pouco, a sala se enche; todos os assentos iam ser ocupados, quando o demônio aparece sob forma humana. Imediatamente, tirando do peito o crucifixo que tinha escondido, o P. JANDEL o eleva com as duas mãos, fazendo sobre a assistência o sinal da Cruz. Um raio não teria tido um resultado mais inesperado, mais súbito, mais estrondoso. As velas se apagam, os assentos se viram uns sobre os outros, todos os assistentes fogem. O maçom arrasta o Padre JANDEL e, quando se encontram longe, sem poder dar-se conta da maneira como escaparam às trevas e à confusão, o adepto de Satanás se precipita aos joelhos do sacerdote:

  • Eu creio, disse-lhe ele, eu creio: reze por mim, converta-me, ouça-me."

Faltam a este texto três esclarecimentos:

1° A data do evento - Tendo o Padre JANDEL pregado na Primacial de Lyon a estação do Advento de 1846, é quase certamente durante essa estação que o evento ocorreu.

2° O local onde teria ocorrido - "Nós nos reuníamos em tal rua, em tal número..." Gostaríamos de conhecer esta rua e este número para identificar a loja maçônica, se for de fato uma loja e não um apartamento privado. Uma tradição oral, infelizmente incontrolada, diz que foi na Montée du Gourguillon, no edifício que mais tarde abrigou a Câmara dos Notários do Ródano, e depois vários grupos escoteiros.

3° O Conselho reunido no Arcebispado, composto por vigários gerais e teólogos, durante o qual se discutiu se o Padre JANDEL deveria ser autorizado a aceitar o desafio, não deixou nenhum rastro. Sabemos apenas que o Padre GAUTRELET, jesuíta, assistiu. "No entanto", precisou o padre PETIT, hoje falecido, que há uns quinze anos era arquivista do Arcebispado e que realizou pesquisas muito aprofundadas, "devo dizer que o silêncio dos documentos oficiais sobre o caso JANDEL não me surpreende em nada. O Cardeal de BONALD sempre foi de uma prudência e de uma circunspecção extremas e certamente não deixou um processo-verbal de uma reunião desse tipo. Ele pode ter deixado o Padre JANDEL agir por sua própria conta e risco; ele certamente não lhe deu uma autorização positiva e formal para ir à cerimônia maçônica, o que poderia tê-lo comprometido na opinião pública".


Em 1890, é publicada em Paris, pela editora Poussielgue, a "Vida do Reverendíssimo Padre Alexandre-Vincent JANDEL, septuagésimo terceiro Mestre Geral dos Frades Pregadores", pelo P. F. Hyacinthe-Marie CORMIER da mesma ordem. É um volumoso in-octavo de 579 páginas, com "Nihil obstat" dos P. P. BION e RAYNAL e "Imprimatur" para a terceira edição (1896), do P. GALLAIS, provincial. Esta terceira edição "revista e aumentada" é precedida de um Breve de SS. Leão XIII, onde o Soberano Pontífice elogia "o homem sem controvérsia eminente, de uma prudência e piedade notáveis que governou por tanto tempo a família dominicana e tão bem a mereceu". O caráter sério do P. JANDEL estava assim consagrado.

Utilizaremos a terceira edição, a mais completa. Na página 133, o volume reproduz palavra por palavra o relato publicado em 1860 na "Semaine religieuse de Grenoble". Pode-se crer que o Padre CORMIER não afirmou o fato levianamente, sabendo-se, por um lado, o pouco gosto que os discípulos de São Tomás de Aquino sentem por "diableries" e fantasmagorias de toda natureza e, por outro, as qualidades de julgamento e ponderação que fizeram deste religioso o Assistente Geral de sua Ordem.

Uma nota complementar fornece os nomes das testemunhas, provavelmente aquelas de que se falava no início.

São elas:

  • M. Sauvé, proprietário e por muito tempo Diretor do Hôtel de la Minerve em Roma;
  • o P. Lescuyer, Vigário geral da Terceira Ordem docente;
  • o P. Eymard, fundador dos Padres do Santíssimo Sacramento, hoje beatificado;
  • o Padre Dalongo, Jesuíta, e o Irmão Floride, Procurador geral dos Irmãos das Escolas Cristãs, ouviram o relato da própria boca do Padre JANDEL;
  • o Padre Gautrelet, por sua vez, participou da reunião do Arcebispado.

Certamente, houve, entre os dominicanos da época, incrédulos. Foi assim que o Padre Monsabré escreveu, em 16 de julho de 1894, ao doutor Imbert-Goubevre que havia relatado o evento:

"Li, como o senhor, em vários jornais e Semanas religiosas, o relato da Aparição do Diabo expulso de uma loja maçônica pelo P. JANDEL. Não se acredita nisso em nossa casa. Não duvide mais, mas tenha como certo que não se deve dar nenhum crédito a essa fábula".

O jornal "La Vérité" de 12 de novembro de 1894 opinava no mesmo sentido.

Para compreender essas reações vivas, é preciso não perder de vista que, em 1894, um impostor, ainda não desmascarado, Léo Taxil, lançava em grandes quantidades no mercado, para o uso das almas boas e crédulas, galhofas estupefacientes, histórias fantasmagóricas onde Satanás e suas coortes demoníacas assumiam um papel primordial no jogo da Maçonaria. Por reação, todos os espíritos sensatos, dotados de um mínimo de senso crítico, rejeitavam esse sobrenatural de "Grand-Guignol" e englobavam no mesmo desprezo as elucubrações de Taxil e os fatos sérios dignos de serem discutidos.

Hoje, a opinião dos dominicanos é mais matizada. Nenhum historiador da Ordem formou uma opinião original sobre os detalhes do P. JANDEL com o Diabo. Eles sabem que o Padre JANDEL era um religioso sério e prudente e que ele mesmo contou sua aventura. Portanto, a discussão continua possível, o essencial girando em torno do valor dos testemunhos. Este é também o nosso ponto de vista.

Reservei para o final um testemunho capital que não pode ser contestado. Ele apareceu, sob a forma de carta ao "L'Univers" inserida pelo jornal, em 29 de julho seguinte.

Saint Dié, 29 de julho de 1895


"Faço questão de vos trazer, nesta ocasião, o meu testemunho pessoal.

"Sendo vigário em Plombières, de 1864 a 1888, conheci muito o P. JANDEL, tão humilde, tão venerável, tão venerado por todos, e que era nosso comensal. Nessa época, os jornais fizeram grande alarde do fato em questão. Naturalmente, meu venerável pároco, o Sr. Rolland, de tão santa memória, falou-lhe sobre o assunto e o suplicou que nos fizesse o relato dessa aventura.

"O bom P. JANDEL, após muitas hesitações inspiradas pela humildade, contou-nos o seguinte: convidado por um de seus amigos de Lyon para assistir a um importante Convento de Maçons, ele aceita e veste roupas leigas e, conduzido por este amigo, entra na sala de reuniões. Os Maçons chegam e se colocam em seus lugares; espera-se a entrada do presidente, em meio a um silêncio absoluto e aterrador. De repente, a porta se abre, o Grão-Mestre faz sua aparição e avança para seu assento. Ao vê-lo, o P. JANDEL é tomado pelo pavor, tão inconcebível e assustador lhe parece aquele ser; ele faz um grande sinal da Cruz e, de repente, dir-se-ia que tudo desabava; a personagem horrível desaparece, as luzes se apagam e todos os Maçons, cheios de terror, se precipitam, num delírio medonho, para fora do templo.

"Sim, o R. P. JANDEL nos contou esta cena; eu estava lá, ouvi seu relato e afirmo com a mais inteira certeza o que digo e não permito a ninguém contestar minha afirmação. Então, seria preciso duvidar da veracidade do P. JANDEL e tratá-lo como mentiroso. Ora, não o creio, pois sei o que é.

"Que os detalhes dados pelo R. P. Cormier sobre a encenação – o Maçom que quer provar a virtude do sinal da Cruz, a consulta ao Arcebispo de Lyon, a grande Cruz escondida sob a roupa leiga do P. JANDEL, a conversão do Maçom etc. – sejam verdadeiros, isso pode ser, mas não respondo por isso. O que eu certifico da maneira mais absoluta é o fato bruto, tal como acabei de contar e tal como nos foi brevemente contado pelo R. P. JANDEL. E concluo com o doutor Imbert: "Sim, o célebre dominicano realmente expulsou o diabo da loja maçônica de Lyon por um sinal da Cruz".

Assinado: M. de BAZELAIRE, Secretário geral do Bispado de Saint Dié.

Nosso dossiê se encerra com esta carta. Desde esta data, que saibamos, nenhum novo testemunho pró ou contra pôde ser apresentado. Nenhum estudo crítico de alcance decisivo foi publicado. Os espíritos não prevenidos continuarão a se interrogar e a discutir. Mas ninguém mais pode ridicularizar o fato e um certo número, incluindo o autor destas linhas, manterá a íntima convicção da veracidade do Padre JANDEL e do valor do testemunho do Padre de Bazelaire.

F. M. d'A.


(1) Aliás, não se trata de um trabalho exaustivo: seu autor reuniu peças válidas por suas referências e consideradas como tal por numerosas pessoas qualificadas, mas este dossiê permanece aberto a eventuais descobertas de documentos ou testemunhos.

(2) Uma das consequências lamentáveis deste caso foi que muitos fatos dignos de estudo foram deixados na sombra por medo do ridículo. No entanto, podem-se destacar três exceções notáveis:

  • Dom Trochu, historiador do Cura d'Ars, dedicou em seu livro publicado em 1925 um capítulo inteiro às relações do Santo e do Demônio; ora, este livro foi objeto de uma tese de doutorado defendida perante um júri universitário.
  • Dom Cristiani reuniu em uma obra muito conhecida "Presença de Satanás no mundo moderno" diversos testemunhos sobre a atividade contemporânea do Demônio no Oeste da França.
  • Finalmente, em 1948, a revista "Les Études Carmélitaines" dedicou um número especial a Satanás, que se tornou um clássico e foi recentemente reeditado. Notemos, porém, que esta obra, devida a uma plêiade de autores muito diferentes, inclui artigos muito variados e alguns muito pouco católicos.

(3) É preciso lembrar aqui o quanto a Igreja sempre levou este problema muito a sério, não só com palavras mas com atos: as funções de exorcista fazem parte do curso das ordens eclesiásticas, e ainda hoje cada diocese possui um exorcista oficial, auxiliar especializado do bispo. Finalmente, há menos de um século, o Papa Leão XIII prescreveu no final das missas privadas a oração a São Miguel, onde se pede a este que nos proteja contra "os espíritos malignos que vagam pelo mundo para a perdição das almas".