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I - A CONDENAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS

As Escrituras Sagradas não cessam de condenar, e com a maior severidade, o pecado contra a natureza. No Antigo Testamento, por exemplo, o livro do Levítico, que contém as prescrições legais ditadas por Deus a Moisés com o objetivo de preservar o povo eleito da corrupção da fé e dos costumes, pronuncia uma severa condenação à prática homossexual definida como «abominação», e ordena para os culpados a pena de morte.

« Não te deitarás com um homem como se deitasse com uma mulher. É uma abominação. (...) Todo aquele que cometer uma dessas abominações, seja qual for, será extirpado do seu povo » (Lv. 18, 22 e 29).

« O homem que se deita com um homem como se deitasse com uma mulher: é uma abominação que ambos cometeram. Eles deverão morrer, o seu sangue cairá sobre eles » (Lv. 20, 13).

Uma reprovação semelhante é pronunciada pelos profetas de Israel, como atesta este trecho de Isaías:

« A sua complacência testemunha contra eles, eles expõem seu pecado como Sodoma. Não o esconderam, ai deles! Pois prepararam a sua própria ruína » (Is. 3, 9).

O castigo divino de Sodoma e Gomorra

A condenação da Bíblia não se limita apenas ao nível teórico, mas se manifesta ainda pela punição dos pecadores. O exemplo mais notório e significativo é aquele, tirado do primeiro livro do Antigo Testamento (Gênesis), no qual Deus envia dois de seus anjos, sob forma humana, para destruir as cidades de Sodoma e Gomorra, corrompidas pelo vício contra a natureza. Somente Ló e sua família são poupados.

« Portanto, Yahvé disse (a Abraão): «O clamor contra Sodoma e Gomorra é muito grande! O pecado deles é muito grave!» (...) Os homens disseram a Ló: «Tens mais alguém aqui? Teus filhos, tuas filhas, todos os teus que estão na cidade, faze-os sair deste lugar. Pois vamos destruir este lugar, pois grande é o clamor que se eleva contra eles diante de Yahvé, e Yahvé nos enviou para exterminá-los ». (...) Yahvé fez chover sobre Sodoma e sobre Gomorra enxofre e fogo vindo de Yahvé, e subverteu essas cidades e toda a Planície, com todos os habitantes das cidades e a vegetação do solo. (...) Levantando-se de manhã, Abraão foi ao lugar onde tinha estado diante de Yahvé e lançou seu olhar sobre Sodoma, sobre Gomorra e sobre toda a Planície, e eis que viu a fumaça subindo da terra como a fumaça de uma fornalha! » (Gn. 18, 20; 19, 12-13; 19, 24-25; 19, 27-28).

Comentando este trecho da Bíblia, muitos Pais da Igreja, seguindo Tertuliano (cf. Apologética, § 40) e o historiador Orose (cf. História da Igreja, 1, 5), testemunham que na planície onde se estendiam as duas cidades — local onde hoje se encontra o Mar Morto —, « um odor de incêndio ainda polui a terra ». Isso para exortar as gerações futuras a não esquecerem o castigo divino.

« Durante minhas viagens – afirmou diante de seus juízes o mártir Pionius (morto no ano 250) — traversei toda a Judeia, atravessei o Jordão e pude contemplar esta terra que até os nossos dias carrega as marcas da ira divina ( ... ). Vi a fumaça que ainda hoje sobe de suas ruínas e o solo que o fogo reduziu a cinzas, vi esta terra agora flagelada pela secura e pela esterilidade. Vi o Mar Morto, cujas águas mudaram de natureza; ela se empobreceu por temor a Deus e não pode mais sustentar seres vivos » (Gesta Dei Martyri, pp. 112-113).

O apóstolo São Paulo exclui os sodomitas da salvação

O Novo Testamento não faz mais do que confirmar, em termos ainda mais vigorosos, essa condenação. Em alguns trechos de suas Epístolas, o Apóstolo dos Gentios nos dá uma explicação profunda da ruína de Sodoma e Gomorra, associando a homossexualidade à impiedade, à idolatria e ao homicídio.

« Por isso, Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à impureza, de modo que desonram entre si os seus próprios corpos; eles que trocaram o Deus verdadeiro pela mentira, adoraram e serviram a criatura em lugar do Criador, que é bendito eternamente. Amém! Por isso, Deus os entregou a paixões infames: pois suas mulheres trocaram as relações naturais por relações contra a natureza; semelhantemente, os homens, abandonando o uso natural da mulher, se acenderam em desejo uns pelos outros, tendo homens com homens um comércio infame e recebendo, em uma mútua degradação, a justa retribuição por seu erro. (...)

Conhecendo bem, porém, o veredito de Deus que declara dignos de morte os autores de tais ações, não apenas os praticam, mas também aprovam aqueles que os cometem » (Rm. 1, 24-27; 1, 32).

« Sabendo bem que a Lei não foi instituída para o justo, mas para os ímpios e rebeldes, para os ímpios e pecadores, para os sacrílegos e profanadores, para os parricidas e matricidas, os assassinos, os impudicos, os homossexuais, (...) e para todo homem que age contrariamente à sã doutrina moral » (1 Tm. 1, 9-10).

Excluindo da salvação aqueles que praticam o vício contra a natureza, o Apóstolo pronuncia contra eles uma condenação muito mais grave do que a da morte física: a da morte eterna.

« Não vos enganeis! Nem os impudicos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os infames (...), não herdarão o Reino de Deus » (1 Cor. 6, 9-10).

São Pedro e São Judas mencionam a destruição de Sodoma como castigo divino

O primeiro Papa, São Pedro, e o Apóstolo São Judas, pronunciam a mesma condenação ao recordar a destruição de Sodoma e Gomorra. Eles a apresentam como um aviso divino que deve servir para dissuadir os ímpios e confortar os fiéis.

Se Deus « condenou à completa destruição e reduziu a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra, para servir de exemplo aos ímpios que virão; e livrou o justo Ló, que estava profundamente angustiado pela conduta desses homens sem freios em sua dissolução (...), é porque o Senhor sabe livrar da tentação os homens piedosos e reservar os ímpios para serem punidos no Dia do Julgamento » (2 P 2, 6-9).

« Assim, Sodoma, Gomorra e as cidades vizinhas que se entregaram, como elas, à impudicícia e a uniões contra a natureza, são oferecidas em exemplo, sofrendo a pena de um fogo eterno » (Jude, 7).