CAPÍTULO VII: Dos limbos
Quando a serva de Deus foi transportada à entrada do inferno, ela viu bem perto um anjo de pé em outra porta: era a porta dos limbos, dessa prisão onde todas as almas justas da terra esperaram por tanto tempo a vinda do Libertador. Este lugar, embora contíguo ao inferno, não tem nenhuma comunicação com ele. Sua elevação está para o inferno como a de uma casa para os porões da casa vizinha; ou seja, sua parte mais baixa é superior à mais elevada do inferno. Não há neste lugar nem fogo, nem gelo, nem serpentes, nem demônios, nem odor pestilento; não se ouvem nem uivos, nem blasfêmias; não se sofre nenhuma outra pena além da privação da luz; pois é sempre noite. É lá que se encontra a morada eterna das crianças mortas sem batismo. Sua distribuição é a mesma que a do inferno. Há uma parte superior, uma inferior e uma intermediária. A parte superior é habitada pelas crianças nascidas ou concebidas de pais cristãos. Na parte intermediária estão confinadas as crianças dos judeus, mortas antes de terem pecado. Sua posição é a mesma que a das primeiras, exceto que sua prisão é ainda mais tenebrosa. Na parte inferior encontram-se as crianças nascidas ou concebidas por efeito de um crime contrário ao voto solene de castidade ou à afinidade espiritual. Lá reina uma noite mais profunda que nas duas partes mais elevadas.