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UM PENSAMENTO EXTRASSENSORIAL

Qual é, para um cristão, o verdadeiro valor dessa ciência espiritual? Sabemos que uma das grandes ambições de Steiner é penetrar o mundo das forças espirituais. Para consegui-lo, ele trabalha para destacar o pensamento humano de sua base sensorial. Quanto mais o pensamento for DESENCARNADO, pensa ele, melhor será sua apreensão do mundo dos espíritos, já que os espíritos não caem sob nossos sentidos:

"Fortalecer suas faculdades psíquicas de maneira a torná-las progressivamente INDEPENDENTES do organismo físico", tal é o objetivo de Steiner, segundo seu discípulo H. E. Lauer, na obra "A Antroposofia e o Futuro do Cristianismo".

Essa desencarnação do pensamento lhe parece essencial. Na mesma obra, Lauer ressalta em várias ocasiões que Steiner dava o exemplo:

"Seu pensamento tinha naturalmente o caráter de uma intuição suprassensorial". (p. 22)

Um pouco mais abaixo, ele insiste na necessidade de destacar o pensamento de sua dependência em relação ao corpo. É preciso, diz ele:

"transformar a totalidade da atividade psíquica em um órgão capaz de experiências suprassensíveis, tornando-a AUTÔNOMA em relação ao corpo". (p. 80)

Ele estima mesmo que, se conseguirmos adquirir essa autonomia, não somente penetramos o mundo dos espíritos, mas modificamos o estado da consciência humana. E é a isso que, segundo ele, é preciso chegar. Deve-se chegar a:

"libertar o pensamento dos laços que o prendem ao corpo e, por aí, neste domínio do pensamento liberto, a procurar a ressurreição da consciência do Eu". (p. 142)

Mas então, operando assim, aproxima-se o pensamento humano do pensamento angélico. Copiam-se as operações mentais humanas sobre as dos anjos. Os anjos são privados de aparelhos sensoriais. Seu pensamento é intuitivo e não recorre a imagens sensíveis. Seu modo de percepção e de raciocínio é EXTRASSENSORIAL. E é para obter essa semelhança com o modo de pensamento angélico que Steiner se treinou para adquirir uma representação extrassensorial do mundo material. É, pelo menos, o que ele buscou.

Quando ele observa as famosas silhuetas iridescentes, das quais falamos no capítulo precedente, substituírem o aspecto corrente e sensorial das coisas, ele acredita ter dado um grande passo em direção ao modo de percepção e, portanto, de pensamento dos espíritos. Ele acredita ter entrado no mundo dos espíritos e fala da clarividência como sendo uma "investigação espiritual".

Mas, na realidade, ele está aí em plena ilusão.

Qual é, de fato, a natureza da aura vaporosa e colorida que envolve os objetos contemplados pelo clarividente?

Steiner declara que essa aura é de natureza ESPIRITUAL e, em consequência, ele vai se exercitar pacientemente a não ver mais que a aura e a mascarar o objeto ele mesmo. À força de se exercitar, ele conseguirá. E se acreditará habilitado a dizer:

"Adquiri a visão ESPIRITUAL das coisas. Entrei no mundo dos espíritos."

Nada é mais falso; já o dissemos, mas é preciso repeti-lo aqui. Na realidade, a observação clarividente é sensível não a um elemento espiritual que estaria latente na matéria, mas à FRANJA VIBRATÓRIA da qual todo objeto material, e a fortiori todo ser biológico, se encontra rodeado. Trata-se de uma irradiação simplesmente FÍSICA. Não se trata de uma auréola espiritual, mas de uma margem ondulatória, portanto perfeitamente material, embora SUTIL. Steiner prospectou aí uma zona à qual nossos sentidos não nos dão acesso normalmente e naturalmente. Mas é uma zona que não é, por isso, uma zona espiritual.

Steiner acreditou angelizar seu pensamento e torná-lo independente dos sentidos. Acreditou lhe prover a intuição espiritual. Mas, na verdade, ele se contentou em torná-lo sensível a uma franja vibratória sutil que não é acessível aos órgãos dos sentidos em seu estado ordinário, mas que se torna acessível quando esses mesmos órgãos sofreram um treinamento apropriado.

Houve, portanto, nele, CONFUSÃO entre, por um lado, o "espiritual" no qual ele acreditou entrar e, por outro lado, o "físico sutil" no qual ele finalmente permaneceu.