PRIMEIRA ILUMINAÇÃO
É em Weimar que Steiner encontra uma nova inspiradora na pessoa de Gabrielle Reuter. Ela está atingida pelo vírus da ideologia feminista e o transmite a ele. Os temas emancipatórios sugeridos por essa mulher encontrarão lugar na "filosofia da liberdade" na qual ele não cessa de pensar.
Em Weimar ainda, ele conhece uma nova "mulher extraordinária", Elisabeth Förster, que é a irmã de Nietzsche. Ela o convida a ir conversar com o filósofo envelhecido. Mas ele tarda a realizar a viagem, de sorte que só se apresenta a Nietzsche numa época em que ele já perdeu a razão. Ele repousa mudo sobre um divã, os olhos perdidos; não vê seu visitante e não toma parte alguma na conversa.
E, no entanto, é junto a esse Nietzsche perdido nas nuvens que Steiner faz a experiência de sua primeira "iluminação". Ele a descreve nestes termos: "E eis a VISÃO que tive naquele quarto: a alma de Nietzsche pairava acima desta cabeça física, banhando-se já na luz dos mundos espirituais, desses mundos que ela havia apaixonadamente desejado conhecer antes de afundar na loucura e que não havia encontrado. Mas ela permanecia ainda acorrentada ao corpo que a impedia de desabrochar na plena claridade do espírito". (Autobiografia).
Steiner interessou-se por Nietzsche a ponto de lhe dedicar uma obra extremamente admirativa: "Friedrich Nietzsche, um homem em luta contra seu tempo" (1895).
Foi ainda durante sua estadia em Weimar que ele defende a tese de doutorado em filosofia que havia preparado em Viena. Ele a defendeu na Universidade de Rostock, no Mecklenburg setentrional, não longe do litoral do Báltico. Há muito tempo, ele reunia os materiais. Pode-se considerá-la como a síntese de sua formação, de suas leituras e de suas relações. Intitulou-a "a filosofia da liberdade". Esse texto deu origem posteriormente a duas obras, publicadas pelas Edições Triades, e que se tornaram clássicos entre os antropósofos.