LIVRAR-SE DA IGREJA
Para edificar sua cristologia, Rudolf Steiner começa por fazer tábula rasa de tudo o que ensina o magistério eclesiástico:
"Quero ressaltar que, quando falo aqui do MISTÉRIO DO GÓLGOTA, não coloco nada, nesta expressão, que se relacione à religião; tenho em vista apenas os fatos objetivos que se oferecem à observação material e espiritual. Faço inteira abstração das doutrinas professadas nas diferentes Igrejas sobre o mistério do Gólgota para considerar apenas o que aconteceu no curso da evolução histórica".
Ele manifesta completo desprezo pela teologia eclesiástica:
"Parece que a teologia se deu a tarefa de erguer o maior número possível de obstáculos diante de todo esforço de compreensão neste domínio. Quanto mais avança, mais parece se afastar do objetivo". ("O Cristo e o Mundo Espiritual" Éditions Triades p. 25 e 39).
Não devemos, portanto, esperar de Steiner nem uma exegese da Escritura em boa forma, nem uma investigação patrística, nem uma pesquisa dos escritores escolásticos, nem uma menção às decisões do Magistério, mesmo reservando-se o direito de criticá-las posteriormente. Ele ignora totalmente toda a ciência eclesiástica.
Steiner possui sua própria CIÊNCIA ESPIRITUAL. Ele utiliza sua própria abordagem. A cristologia que ele apresenta é inteiramente repensada por ele. Ele a funda sobre o que chama de suas "observações espirituais". Essas "visões de clarividência", como ele também as chama, ele as declara "CIENTÍFICAS". Ele não quer que sejam discutidas porque são, diz ele, absolutamente objetivas e totalmente independentes da subjetividade do observador. Sobre elas pode-se, estima ele, edificar uma nova, mas verdadeira, ciência espiritual.