A VISÃO DA ESTRELA
Os gnósticos davam a apelação de EONS a cada um desses mundos emanados do casal Pai-Silêncio. Steiner prefere abandonar essa apelação. Ele abandona também a repartição do mundo dos espíritos em trinta graus. Ele se contenta com três escalões:
- o "Devachan superior" que está diretamente em contato com o casal Pai-Silêncio,
- o "Devachan inferior" que constitui um mundo intermediário,
- e enfim o "mundo astral" que é imediatamente contíguo ao mundo material sensível.
E naturalmente ele vai dirigir sua clarividência sobre esses mundos que nos dominam a fim de elucidar seus mistérios. Ei-lo, portanto, dirigindo seu olhar espiritual na zona do Pai-Silêncio "em direção ao plano que está ainda acima do Devachan superior". ("O Cristo e o Mundo Espiritual", p. 27)
Ele está absorto, há um momento, nesta contemplação quando uma VISÃO se apresenta ao seu olho interior:
"Então aparece a ESTRELA que fez sentir sua força no pensamento greco-latino... Vê-se aparecer, além do Devachan, o que se pode chamar simbolicamente de uma estrela, isto é, a ENTIDADE ESPIRITUAL que está na origem do impulso de pensamento ocorrido no início de nossa era." (ib., p. 27)
Ele retorna um pouco mais abaixo sobre esta mesma "visão da estrela" que visivelmente o golpeou e marcou para sempre. Ele buscava a causa do que entrou nas almas na época greco-latina e esperava que sua faculdade de clarividência lhe revelasse essa causa:
"Eu esperava, não em vão, pois surge, no horizonte, infinitamente longínquo da vida espiritual, uma ESTRELA e desta estrela irradia uma força da qual tenho o direito de dizer que está na origem de minha experiência interior." (ib. p. 27-28).
Tal é a famosa "visão da estrela" da qual ele fala sem cessar e que foi para ele uma iluminação.
Após um interminável périplo através dos filósofos gregos e latinos, das sibilas, dos Rishis da Índia para terminar pela lenda do Graal, Steiner chega a desvelar que esta "estrela", esta "entidade espiritual" da qual ele teve a visão não é outra senão o Logos.
Somos obrigados a confessar que estamos muito menos seguros disso do que ele. Dados os procedimentos de mística provocada que Steiner emprega, dada a orientação e a iluminação gnóstica, ocultista e hinduísta no meio das quais sua clarividência se exerce, esta estrela-entidade, que faz assim sua aparição furtiva, nos parece, ao contrário, assemelhar-se muito de perto àquela "estrela caída do Céu" da qual fala Isaías para designar Lúcifer. E se, como ele diz, tal "força" está na origem de sua experiência interior, há grandes chances de que toda essa mística venha, em última instância, do demônio. É a esta mesma conclusão que já nos conduziu a análise da mística steineriana. E a continuação de nossa investigação reforçará ainda mais esta opinião.