VIª SEÇÃO - Do mistério da encarnação e do caráter baptismal
27. Na humanidade de Cristo, a vontade humana foi tão arrebatada pelo Espírito Santo a aderir ao ser objetivo, ou seja, ao Verbo, que ela cedeu inteiramente a ele o governo do homem, e o Verbo pessoalmente assumiu esse governo, assim se encarnando, permanecendo a vontade humana e as outras potências subordinadas à vontade em poder do Verbo, que, como primeiro princípio desse ser teândrico, fazia ou se fazia fazer pelas outras potências com seu consentimento. Daí a vontade humana cessou de ser pessoal no homem e, sendo uma pessoa nos demais homens, conservou-se em Cristo na natureza... O Verbo, porém encarnado, assim por obra do Espírito Santo, estendeu sua união a todas as potências e à própria carne (Introdução do Evangelho segundo João, lez. 85, p. 281).
Na humanidade de Cristo, a vontade humana foi de tal modo arrebatada pelo Espírito Santo para aderir ao Ser objetivo, isto é, ao Verbo, que ela entregou a Ele inteiramente o governo do homem, e o Verbo, assim, pessoalmente assumiu essa regência, unindo-se à natureza humana. Assim, a vontade humana deixou de ser pessoal no homem e, embora sendo uma pessoa nos outros homens, permaneceu em Cristo como natureza.
Como essa proposição se insere no sistema geral do rosminianismo, explicamos no HYPOSTÁTICO (União), t. VII, col. 557-558. Cf. Trutina, n. 197-205, p. 267-280.
28. Ensino, portanto, o Cristianismo que o Verbo, caráter e face de Deus, como também é frequentemente chamado nas Escrituras, é impresso nas almas daqueles que, com fé, recebem o batismo de Cristo (Introdução à filosofia, n. 92). - O Verbo, portanto, ou seja, o caráter impresso na alma, segundo o ensinamento cristão, é o ser real (infinito) por si manifesto, o qual depois sabemos ser uma pessoa, a segunda da divina Trindade (ibid., nota).
Na doutrina cristã, o Verbo, caráter e face de Deus, é impresso na alma daqueles que, com fé, recebem o batismo de Cristo. - O Verbo, isto é, o caráter na alma
pressum, na doutrina cristã, é o Ser real (infinito) por si manifesto, que depois sabemos ser a segunda pessoa da santíssima Trindade.
A Trutina relaciona a prop. 28 com a anterior relativa à encarnação, porque ainda se trata do Verbo. Seria talvez ainda mais oportuno acrescentar que existe uma perturbadora semelhança de relação entre o Verbo e o cristão, com a explicação proposta (prop. 27) para a encarnação.
A proposição é reprovável sob mais de um aspecto. Em primeiro lugar, Rosmini parece supor que o caráter baptismal é impresso apenas naqueles que recebem o batismo cum fide. E as crianças pequenas? E aqueles que recebem o batismo validamente, mas com uma ficção proveniente, precisamente, de uma falta de fé? Mas depois, e sobretudo, embora a Igreja não tenha definido a natureza do caráter impresso na alma, é evidente que esse caráter, imprimido na alma (cf. Conc. Tridentino, sess. vii, can. De sacr. in genere, 9, Denz.-Bannw., n. 852) não pode ser entendido senão como um acidente real, inerente à alma ou a uma de suas faculdades, de maneira indelével. Como identificar esse acidente inerente com o Verbo, ser real infinito, conhecido manifestamente pela alma? Além disso, essa percepção do divino sob a forma do ser real será objeto das proposições 36-37. Cf. Trutina, n. 206-213, p. 281-291.