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Tábua Rasa

Para compreender a utilidade estratégica do comunismo totalitário, é preciso se colocar, pela imaginação, no escalão mais elevado da contra-igreja, ou seja, no escalão luciferiano. O comunismo totalitário é necessário porque é o único capaz de praticar a liquidação física das elites cristãs. Ele tem o poder porque é totalitário e tem a vontade porque é o regime dos sem-deus, fundado em uma filosofia materialista militante.

Pois é necessário proceder à liquidação dessas antigas elites, ditas "burguesas", e isso não apenas durante a fase revolucionária de tomada do poder, mas também durante todo o longo período governamental que se segue. Se não as exterminarmos e nos contentarmos em afastá-las das responsabilidades, deixando-as subsistir no local, essas elites ressurgirão mais cedo ou mais tarde.

É preciso um regime totalitário que terá duas funções.

  1. Uma função a longo prazo que será instituir um sólido coletivismo, a fim de realizar uma coerção absoluta e universal ("ninguém poderá comprar ou vender se não tiver a marca da besta na testa e nas mãos", Apoc. XII, 17).

  2. Uma função transitória não menos essencial: a liquidação física das elites cristãs, ou mais geralmente costumeiras.

Ora, os partidos socialistas do tipo reformista são incapazes de proceder à necessária liquidação dos antigos quadros porque são contemporizadores e, portanto, hesitantes. É por isso que é necessário um partido monolítico dominando um Estado policial. É necessária a ditadura de um partido único, a única capaz de instaurar a delação popular, a polícia proletária e os tribunais de opinião.

Uma fase de regime totalitário é necessária no mundo inteiro para estabelecer o coletivismo, mas é particularmente necessária nos países cristãos para realizar também a exterminação das elites religiosas. Daí o partido comunista internacional, cujas bases místicas são luciferianas, como agora se sabe, e que se destina, em grande parte, a passar o rolo compressor sobre todo o território da antiga Cristandade. Ele é encarregado de fazer tábua rasa e eliminar a Religião de Nosso Senhor não apenas em suas instituições, mas em seus homens. É precisamente isso que a Rainha do Céu anunciava em Fátima:

"a Rússia espalhará seus erros pelo mundo, provocando guerras e perseguições contra a Igreja, muitos bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer; várias nações serão aniquiladas".

Observar-se-á, portanto, uma ANTINOMIA entre a maçonaria, que é essencialmente tolerante e pluralista, e o comunismo, que é essencialmente monolítico e totalitário. Esta antinomia coloca a maçonaria numa situação difícil em relação ao comunismo. Em seus atos, ela o apoia. As obediências de esquerda veem nele um insubstituível artífice da cidade futura. Mas em suas palavras, ela é obrigada a criticá-lo porque o comunismo não é tolerante e não é pluralista.

A maçonaria estaria muito mais à vontade para apoiar o comunismo se ele abandonasse seus costumes totalitários e passasse ao pluralismo, como a Igreja conciliar lhe dá o exemplo e o encoraja. Se, em vez de um partido único, o regime dos Sovietes conseguisse estabelecer um sistema de alternância entre vários partidos comunistas, tornar-se-ia um regime tolerante e a maçonaria abandonaria as reservas verbais às quais está obrigada.

Um certo pluralismo comunista, mesmo que reduzido a dois partidos, ambos marxistas, é claro, constituiria um lubrificante muito eficaz para a penetração da carga explosiva vermelha na blindagem ocidental. (Estamos fazendo aqui uma suposição absolutamente irrealizável e sem fundamento? O futuro nos dirá). Resta que o sovietismo totalitário é, por enquanto, o instrumento privilegiado da extirpação do cristianismo por conta do poder oculto luciferiano.