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Removam a Pedra

As profecias privadas nos informam sobre a estratégia divina, se não em seus detalhes, pelo menos em suas grandes linhas. Ora, essa estratégia nos interessa em primeiro lugar, pois devemos cooperar com ela, "corresponder" a ela. Pode-se notar duas fases essenciais nessa estratégia. Primeiro, será preciso passar por uma fase de extrema confusão em que "tudo parecerá perdido". Então, tudo será salvo assim que um rei for divinamente designado. Vamos retomar cada uma dessas fases para entender o que elas exigirão de nós.

  1. "Tudo parecerá perdido", nos dizem. Perguntemos primeiro para quem tudo parecerá perdido. Certamente não será para os inimigos da Igreja e da França, que, ao contrário, triunfarão. Tudo parecerá perdido para os espíritos fiéis. Eles verão desaparecer as esperanças humanas em que haviam confiado. Portanto, a situação de desespero será precedida por um período de luta. Pode-se pensar que esse último esforço, tentado com meios humanos, será obra dos pseudo-reacionários do momento, arrastando consigo toda a reação. A maioria sendo sincera, será necessário conceder-lhes o benefício do velho adágio militar: "Na guerra, a única coisa infame é a inação". No entanto, seu fracasso terá sido previsível e previsto.

  2. A designação divina do Rei salvará tudo. Essa designação será precedida por um milagre brilhante que colocará o povo em condições mentais sobrenaturais? Algumas profecias fazem alusão a isso. Mas o que é estrategicamente importante é a chegada de um rei para dirigir a fase de restauração. É evidente que, sem ele, nada é possível, pois ele atuará como salvador. Sua designação será como a chave de uma partitura na qual uma nova música será escrita. Sem essa mudança de chave, o poder dos ímpios permaneceria como é hoje e nada mudaria. É necessário que o cenário político seja iluminado por uma nova luz, que a luz do dom do conselho dê lugar à luz do dom da sabedoria. A sabedoria virá: as discussões cessarão. A sabedoria subjuga: cada um será colocado em seu lugar e a ordem reinará. Portanto, é inútil esperar montar uma operação vitoriosa antes dessa designação. Por ignorar isso, os pseudo-reacionários chegarão ao ponto em que "tudo parecerá perdido".

O que podemos fazer para conjurar essa fase preliminar de desespero? Podemos atenuá-la, mas não podemos eliminá-la. Podemos atenuá-la porque se nos é predita é precisamente para que, pela oração e penitência, possamos encurtá-la e aliviá-la. Mas não podemos suprimi-la totalmente porque somos passíveis disso em toda justiça.

Esses são os dois pontos fortes da estratégia divina que as profecias privadas nos revelam. Assim podemos descartar a hipótese de um longo período de catacumbas. Pelo contrário, estamos diante da necessidade de arrancar um milagre do Céu. As profecias privadas nos ensinam, em suma, que o Céu não se contenta mais com a defensiva e a retirada. O Céu contra-ataca e quer nos fazer participar da operação, desde que o sinal seja dado.

Aqui estão as posições recíprocas da intervenção divina e do "ministério" humano. Visto que se trata da ressurreição da monarquia de direito divino, que é uma instituição morta, podemos legitimamente compará-la à ressurreição de Lázaro. Neste milagre de ressurreição, como se distribuem a intervenção divina e o ministério dos homens?

Jesus realizou o que apenas um Deus pode realizar: ressuscitou aquele que estava morto. Quanto aos homens, tiveram que exercer duas vezes sua atividade.

  1. Antes da ressurreição do morto, Jesus ordenou aos assistentes que removessem a pedra. A remoção da pedra é um trabalho árduo que representa a remoção de uma pesada hipoteca; ele simboliza o ministério de súplica, sem o qual não é possível qualquer recuperação posterior. É adequado para almas sérias, que amam a verdade, humildes, fervorosas e corajosas. Este trabalho não convém aos ambiciosos, intrigantes e ativistas, que não têm calma e constância suficientes no espírito.

  2. Após a ressurreição, Jesus ordena aos amigos que estão lá que desatem o corpo de Lázaro, pois ele estava envolto em faixas. Neste trabalho de desatar reside novamente a ação humana. Após a ressurreição da instituição morta, os homens de ação terão muito com que se ocupar, pois certamente haverá muitas faixas para desatar.

Assim, hoje, enquanto a intervenção divina ainda não ocorreu, estamos na situação das virgens prudentes (ou virgens sábias, Mateus 25, 1-13). Elas tiveram o cuidado de colocar óleo em suas lâmpadas. Este óleo é a esperança que as profecias fornecem. É por terem colocado este óleo de esperança em suas lâmpadas que as virgens são prudentes e sábias. No meio da noite, um grito é ouvido: "Aqui está o noivo que vem". A noite representa "tudo parece perdido". O grito é o do espanto popular diante do milagre. O noivo é o rei designado. Vamos colocar o óleo da esperança profética em nossas lâmpadas, aguardando o

"Lazare, veni foras", Lázaro, vem para fora (João 11, 43).