Skip to main content

O Recurso às Profecias Privadas

As instituições que estão prestes a desaparecer são as obras de Deus na terra. A Igreja é Sua obra; no entanto, vemos claramente que ela está à beira do desaparecimento, corroída pelo pluralismo, que por sua vez anuncia o sincretismo universal. A monarquia de direito divino é sua obra; no entanto, ela foi decapitada. Deus então permitirá que todas as suas obras terrestres sejam destruídas? Estamos condenados a ser combatentes sem esperança?

Certamente não, pois sabemos que Deus "não forma um povo sem esperanças". Nosso espírito é, portanto, invencivelmente levado a interrogar as profecias sobrenaturais. Existem dois tipos de profecias: as da Revelação Pública e as das revelações privadas.

As profecias públicas são destinadas a todas as nações e a todos os tempos; elas anunciam o Advento de Majestade, indicando-nos os "sinais precursores". Mas elas tratam apenas de um futuro de grande amplitude no qual discernimos mal o destino da França de hoje.

Desejamos profecias mais detalhadas e mais atuais. Este é precisamente o caso das profecias privadas, que nos dão esperanças mais próximas. No entanto, elas constituem um volumoso dossiê que precisou ser objeto de uma obra especializada [1].

Nossos inimigos costumam nos descrever como espíritos atrofiados "presos à uma esclerose tradicional e nostálgicos de um passado irremediavelmente perdido". Isso é mais um de seus falsos julgamentos. O homem tradicional é, ao contrário, um homem de futuro, um homem de profecias porque é um homem que busca não a sua própria vontade e seus sonhos, mas a vontade de Deus; por isso, ele não despreza os profetas:

"Et in prophetis meis nolite malignari" (Ps. CIV, 15). Por favor, não difamem Meus profetas.

Aqui precisamos apenas reter a síntese das profecias privadas, ou seja, suas grandes linhas. Aqui está como podemos resumi-las. Antes da aparição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo vindo para derrotar o Anticristo, ocorrerá na terra um evento prefigurativo desse, uma antecipação premonitória, semelhante em sua natureza mas menos grandiosa em suas dimensões. Esta antecipação premonitória da "Segunda Vinda" constituirá uma acalmia na sucessão das provações que devem culminar no reinado do Anticristo. Esta acalmia terá como objetivo restaurar as forças materiais e espirituais da Igreja antes que ela enfrente as tribulações finais. Este episódio de TRIUNFO pode ser comparado, na vida terrena de Nosso Senhor, à Transfiguração no Monte Tabor: assim como a Transfiguração permitiu aos apóstolos que foram testemunhas não perderem completamente a esperança após a morte de Cristo, a restauração da Igreja e da Cristandade dará aos contemporâneos da ditadura anticrística a paciência para aguardar o Advento da Majestade com um resto de esperança.

Santa Margarida Maria revelou a natureza profunda desse tempo de acalmia, já obscurecidamente pressentida desde a Idade Média, quando ela o chamou de O REINADO DO SAGRADO CORAÇÃO. As profecias privadas mais recentes levam a pensar que o "Reinado do Grande Monarca" e o "Reinado do Sagrado Coração" são uma só e mesma coisa.

As profecias nos dizem também que chegará um momento em que tudo parecerá perdido. Mas a monarquia de direito divino será restaurada, embora por meios que escapam a qualquer previsão humana. A lógica cristã adere facilmente à esperança dessa restauração. Sabemos, de fato, que Deus não deixa Suas obras inacabadas. Ora, a monarquia de direito divino é Sua obra; ela, no entanto, desapareceu, na pessoa de Luís XVI, "como um cordeiro abençoando"; ela reaparecerá, na pessoa do Grande Monarca, "como um leão rugindo", em um evento triunfal.

As profecias privadas revelam ainda muitas circunstâncias que devem acompanhar esses eventos. Elas estão de acordo com as profecias públicas em muitos pontos essenciais e, em particular, quanto à súbita eclosão:

"Quando os homens disserem Paz, então serão surpreendidos por uma ruína imprevisível". (I Tess. V, 3).

Resulta do exame das profecias que nem o restabelecimento da monarquia nem o da Igreja serão o resultado de nossas intrigas políticas ou canônicas. Ambos serão milagrosos. Jesus demonstra a divindade de Suas obras ao ressuscitá-las. Ele provou Sua própria divindade ressuscitando a Si mesmo. Ele provará a divindade das instituições cristãs, tanto temporais quanto espirituais, ao ressuscitá-las.


[1] Jean Vaquié: Bênçãos e Maldições – As profecias da Revelação privada, nas Edições D.M.M.; pode ser solicitado à Difusão do Pensamento Francês, Chiré-en-Montreuil, 86190 VOUILLÉ.