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O Próximo Cenário

O investimento soviético na Europa é metódico, mas lento. A serpente faz grandes meandros antes de atacar. Quando passar para a ofensiva aberta, sob qual forma se manifestará? Uma insurreição sindical armada à la Lenin, um "Golpe de Praga" com ameaça de invasão militar, uma "Guerra revolucionária" à la Mao, ou ainda uma combinação de tudo isso?

É preciso lembrar que existem vários níveis nas forças do humanismo democrático, ou seja, nas forças que compõem a grande mandíbula da pinça da qual falamos, em outras palavras, a ala marchante que transborda a Cristandade pela esquerda. No nível superior estão os elementos visíveis do comunismo que todos conhecem: os partidos comunistas locais, os sindicatos de luta de classes, a diplomacia e o exército vermelho, os serviços de inteligência, os banqueiros soviéticos...

No nível imediatamente abaixo, e, portanto, menos visíveis, vêm os apoios que o sovietismo suscitou em torno de si. Entre esses apoios, figuram primeiro o mundo cripto-comunista com suas toupeiras, mundo no qual é preciso colocar o pacifismo e o terrorismo. Figuram também entre esses apoios, as alianças concluídas com o Islã, com a Igreja e com o Judaísmo.

Não é segredo para ninguém que as organizações pacifistas (as mais típicas atuando na Alemanha) são controladas pelos comunistas. Elas lhes trarão, em caso de conflito aberto, uma ajuda considerável, majorando os efeitos psicológicos da ameaça militar e fazendo penetrar no público a mentalidade "antes vermelho do que morto".

Quanto às redes terroristas, todas estão submetidas, em última análise, ao impulso soviético, através de intermediários trotskistas. As místicas nacionalistas invocadas são apenas veículos e pretextos. Nenhuma dessas redes escapa à vigilância comunista, sejam as das "minorias oprimidas" (córsegos, bascos, irlandeses, catalães) ou as do tipo islâmico. Por enquanto, assistimos apenas a um "terrorismo de desestabilização". Mas, em caso de guerra, viria se somar a isso um "terrorismo de 5ª coluna", acionado pelo exército vermelho para fins militares.

A U.R.S.S. tem, há muito tempo, o hábito de lidar com populações muçulmanas. Ela até realizou, com o Islã, uma simbiose, certamente temporária, mas frutífera. As repúblicas democráticas islâmicas são o resultado dessa aliança. O inimigo comum que faz a ligação desse acordo é a Europa rica e cristã. Para investir na Europa, é preciso controlar as margens sul do Mediterrâneo e, portanto, entender-se com os muçulmanos, os quais, e isso é uma oportunidade inestimável, fornecem também tropas insurrecionais potenciais através de sua emigração massiva em direção à França, emigração que pode validamente suprir o aburguesamento das "massas proletárias". A aliança soviético-islâmica está, portanto, soldada pelo menos para as primeiras fases da sovietização europeia. Mas ela se tornará frágil quando o problema da religião universal se apresentar.

A U.R.S.S. também concluiu uma aliança com a Santa Sé. É a Ostpolitik de Paulo VI, à qual João Paulo II deu continuidade. A Igreja pensa assim assegurar sua sobrevivência para o caso de uma sovietização universal que é cada vez mais previsível. Ela se contenta em colocar como condição que a U.R.S.S. atenue seu totalitarismo e inicie uma evolução em direção ao pluralismo, evolução que também é solicitada pela maçonaria.

As relações da U.R.S.S. com o judaísmo são complicadas porque existem dois judaísmos. Há o Estado de Israel e há a Diáspora. Em relação ao Estado de Israel, a U.R.S.S. conduz uma política calcada na dos árabes porque precisa deles no entorno mediterrâneo. Quanto à Diáspora, ela vê sem desprazer se realizar, graças em parte ao coletivismo marxista, a concentração progressiva do capital mundial sobre o qual ela espera um dia colocar as mãos.

Assim, graças aos seus próprios organismos oficiais, graças ao criptocomunismo, graças enfim às forças secretas da revolução, a U.R.S.S. se beneficia, no mundo inteiro, de um aparato de conivência que torna possível, se não provável, a última operação do humanismo de esquerda, ou seja, a passagem sobre a Europa do rolo compressor soviético.