O Golpe de Praga e a Guerra Revolucionária
Conhecem-se as circunstâncias gerais do Golpe de Praga. Algumas semanas antes da capitulação alemã em 8 de maio de 1945, o exército americano desacelerou seu avanço em direção ao Leste, a fim de deixar tempo para que os russos entrassem primeiro em Praga. Os Soviéticos tomaram posse da Tchecoslováquia, que Roosevelt lhes havia atribuído. Eles instalaram um governo de coalizão, no qual a influência e a importância da participação comunista não cessaram de crescer. Quando, em fevereiro de 1948, essa participação foi considerada satisfatória, os Soviéticos aproximaram ainda mais suas unidades de ocupação de Praga. Ao mesmo tempo, eles organizaram na cidade uma série de manifestações sindicais que deram origem a "comitês de ação locais" para exercer pressão sobre Benes. Em 23 de fevereiro, vários cortejos importantes convergem para o centro de Praga. Em 24 de fevereiro, os jornais são censurados pelos comunistas, que de fato abolem a liberdade de imprensa. Em 25 de fevereiro, Benes capitula. Em 26 de fevereiro de 1948, o novo regime, puramente comunista, se instala e as purgas começam. Assim, em poucos dias, sob a ameaça do Exército Vermelho, Praga passou à "democracia popular". Com variações de detalhe, é o mesmo processo que foi empregado na Polônia, Hungria, Romênia e Bulgária.
Quando a ameaça não é suficiente, recorre-se à guerra revolucionária. É uma combinação da guerra estrangeira com a guerra civil. O princípio dessa forma de guerra é o seguinte: o exército comunista avança, no país que deseja conquistar, não como um exército de invasão, mas como se fosse um verdadeiro exército de libertação. Para tornar verossímil tal disfarce, o partido comunista do país invadido procede ao levante da população (pelo menos de seus elementos proletários) contra seu próprio governo, especialmente nas áreas próximas à frente militar. O avanço do exército comunista de invasão (supostamente de libertação) é calculado de modo a coincidir com os levantes sucessivos dos elementos proletários do país a ser sovietizado. O avanço militar se propaga assim de cidade insurgente a cidade insurgente, aparecendo a cada vez, não mais como uma força de invasão que realmente é, mas como uma força de libertação.
A guerra revolucionária mais típica é a de Mao Tse-Tung para a conquista político-militar da China. Ela só é possível em países que têm uma fronteira comum com a URSS, por onde fazer passar o apoio logístico, pelo menos no início. Quando o país a ser comunizado está distante de qualquer base soviética, é necessário organizar guerrilhas, que são "ilhas" insurgentes em território não insurgente, e estabelecer um exército de guerrilha, eventualmente acompanhado de um governo provisório. Mas então o apoio logístico, por falta de uma fronteira comum, é muito mais difícil de ser fornecido. A tática da guerrilha comunista é atualmente muito amplamente utilizada em todo o mundo, sob o nome de Frente de Libertação. Os mapas atualizados revelam uma verdadeira rede mundial de guerrilhas comunistas em funcionamento ou em formação.
Distinguem-se dois tipos de guerrilhas que não têm as mesmas regras militares: a guerrilha urbana e a guerrilha rural, cujas modalidades de ação e, sobretudo, seu recrutamento, não são os mesmos. Mas, em ambos os casos, o objetivo é formar um exército de libertação nacional cujo processo político-militar não difere essencialmente da "guerra revolucionária" à chinesa.
Observa-se, portanto, desde 1917, toda uma "família de revoluções" na qual não se sabe o que admirar mais: a continuidade ou o espírito de adaptação. Que novas formas podem então revestir as manifestações comunistas em sua expansão mundial? Que surpresas nos reservam, na fase que se aproxima, quando se tratar de sovietizar a Europa Ocidental? Para responder a essa questão, é preciso entender bem que essa expansão não depende apenas dos centros de decisão moscovitas. Sabemos que cumplicidades mundiais nunca deixaram de patrocinar as revoluções comunistas. Existem forças secretas de revolução cuja estratégia não é fácil de conhecer.