As Virtudes Anti-Teologais
A instituição maçônica não elaborou uma verdadeira doutrina, pois, ao contrário, ela se proíbe de dogmatizar. No entanto, ela desenvolveu uma estratégia anti-cristã de grande eficácia. Esta estratégia consistirá em neutralizar os combatentes da Igreja militante. Para isso, ela vai matar neles o que lhes dá força, ou seja, as virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade.
Contra a fé, a maçonaria inventou a Tolerância. É a "virtude" das pessoas que negam a existência da verdade objetiva. A "Mãe Loja" (pois a loja exerce uma verdadeira maternidade intelectual) se vangloria de dar a seus filhos todos os meios de que precisam para alcançar "a verdade"; mas trata-se apenas de uma verdade relativa e subjetiva, ou seja, de uma simples opinião pessoal que permanecerá, portanto, essencialmente discutível.
O "livre pensamento" maçônico recusa admitir qualquer verdade a priori. Ele faz da dúvida sistemática a base de seu sistema de reflexão; é por isso que ele tanto contribuiu para difundir o cartesianismo, a famosa "dúvida cartesiana". A maçonaria até conseguiu convencer os franceses de que eles são cartesianos por natureza, quando, ao contrário, o gênio de nossa língua, portanto de nosso pensamento, é um gênio dedutivo e analítico que parte do princípio (a priori, portanto) para chegar às consequências. Os franceses têm o gosto pelos princípios e sabem formulá-los: aí reside uma das razões de sua influência (boa ou má) no mundo. É exatamente o oposto da atitude mental maçônica.
A discussão é a atividade principal da loja. Um ditado é incansavelmente repetido lá: da discussão nasce a luz. Isso também é uma falsa máxima, pois, na verdade, da discussão não nasce a luz, mas a obstinação: aquele que defendeu uma tese não admite mais mudá-la. A verdadeira luz vem do "Pai das luzes", portanto da Revelação, e desce até nós, que a recebemos pelo Magistério.
Em maçonaria, toda a arte do Venerável é fazer coabitar irmãos inimigos. Não há dogmas; a maçonaria não dogmatiza: essa é a grande fórmula. Fórmula que constitui até mesmo um sintoma: quando qualquer publicação se orgulha de "não dogmatizar", pode-se ter certeza de que ela sofre, de perto ou de longe, a influência maçônica, pois ela adota suas expressões.
Se os maçons têm ódio do dogma, é porque têm o ódio da Igreja. Eles são filhos espirituais de Pôncio Pilatos, o Doutor cético que é seu "patrono". "O que é a verdade?", dizia ele. Ele a tinha diante de si e, cúmulo da cegueira, não a reconhecia.
O Progresso. É a falsa esperança; é a esperança projetada sobre a terra; é o mito do desenvolvimento infinito da natureza; é a insana esperança de uma felicidade natural que não deveria nada à Graça. Esse progresso temporal deve levar à conclusão a pirâmide truncada que forma um dos emblemas dos maçons; é o progresso do corpo místico do Anticristo que espera da terra sua plenitude.
Sabemos muito bem que existe um verdadeiro progresso. A Igreja não é estática; ela está em progresso sob o impulso da Graça. Dois exemplos:
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O Corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo está em perpétuo progresso; o número dos eleitos caminha para sua perfeição; quando os eleitos estiverem completos, o recrutamento dos homens cessará.
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O edifício do dogma também está em progresso, no sentido de que ele se completa de época em época; no final dos tempos, ele formará uma construção espiritual e intelectual à qual nada faltará.
A Solidariedade é a interdependência natural. Os maçons a elevam à altura de uma virtude porque ela não requer a mediação de Cristo. A solidariedade prescinde da ajuda de Nosso Senhor. Ela gera o socialismo, que é a utopia de pensar que, por meios adequados, pelo simples efeito da interdependência humana, irá-se triunfar da pobreza e do sofrimento.
A solidariedade se opõe à caridade cristã, que exige a mediação de Nosso Senhor. Um copo d'água dado em nome de Jesus Cristo ("em Meu Nome", diz o texto evangélico) terá sua recompensa na vida eterna. Se for dado em nome da solidariedade humana, só receberá uma recompensa temporal.
A tolerância se opõe à Fé. O progresso se opõe à Esperança. A solidariedade se opõe à Caridade. Estas são as três "virtudes anti-teologais" que vigoram no corpo místico do Anticristo.