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A Dinâmica Interna da Infraestrutura Revolucionária

Não estamos aqui fazendo obra de erudição. Não buscamos repetir o que outros já disseram muito melhor. O que nos interessa não é a descrição histórica da crise, são as relações de forças, é a dinâmica do aparato subversivo e, em particular, a de sua infraestrutura secreta.

As congregações iniciáticas, cercadas pelas inúmeras associações que difundem seu espírito, formam uma imensa rede mundial cujo centro é ocupado por um mestre de obras que não é outro senão o próprio Lúcifer. Nele reside a força central e a força principal que governa secretamente o mundo. Nosso Senhor o chamava de "Príncipe deste mundo". Essa rede mundial, devido a seu comando único, é animada por uma certa unidade de manobra, que se faz sentir a longo prazo. Mas também apresenta incontestáveis discordâncias, e isso por duas razões: primeiro, devido às suas enormes dimensões, e também porque Satanás governa pela rivalidade dos membros; seu reino está dividido contra si mesmo e o "Príncipe" usa essas rivalidades como forças de emulação (por exemplo, a emulação pelo império mundial).

O que faz a unidade entre esses membros rivais é o ódio comum ao inimigo comum. E o inimigo comum é Nosso Senhor e Suas obras terrestres, das quais a principal é a Igreja, mas das quais as monarquias cristãs do Antigo Regime faziam também, incontestadamente, parte. Por mais graves que sejam, entre as organizações da contra-igreja, as rivalidades dos membros, elas terminam diante do inimigo comum. Observamos um exemplo típico desse fenômeno na vida de Nosso Senhor:

"Herodes e Pilatos, que eram inimigos antes, tornaram-se amigos naquele dia" (Lucas XXIII, 1-2).

Eles se reconciliaram às custas do JUSTO. Reconciliações desse tipo sempre ressurgem no seio das forças da revolução. Devemos esperar estar constantemente fazendo novas experiências desse tipo.

A dinâmica interna da infraestrutura revolucionária apresenta outra particularidade: é a coabitação de duas tendências, aparentemente contraditórias, mas que, na verdade, se dividem no trabalho: a tendência racionalista e a tendência espiritualista. São as duas pernas sobre as quais a maçonaria avança; ela avança ora com uma, ora com a outra; ela implementa e privilegia alternadamente uma ou outra tendência; mas é preciso lembrar que as duas estavam presentes nela desde sua fundação.

Algumas lojas se especializaram em disciplinas científicas e racionais, desenvolvendo ao mesmo tempo o ceticismo agnóstico; é o caso, por exemplo, das lojas que abrigaram os enciclopedistas, e depois aquelas que geraram os socialistas, dando assim o impulso às grandes revoluções do século XIX. Essa tendência se concretizou no Grande Oriente. Essa maçonaria política trabalha na ordem temporal.

Outra família de lojas trabalha na ordem espiritual e religiosa. Elas cultivam o espírito gnóstico e cabalístico. Depois de se perpetuarem em surdina durante o período do anticlericalismo militante, as lojas "Espiritualistas" retomaram grande importância desde o estímulo que lhes proporcionaram homens como R. Guénon. Geralmente, acredita-se que essa tendência religiosa se concretiza na Grande Loja da França e na Grande Loja Nacional Francesa. É lá que se elaboram as forças da Nova Direita e da nova gnose.

Organismo essencialmente "pluralista", a ordem maçônica conduz várias políticas ao mesmo tempo. Assim, pode se adaptar não apenas às flutuações imprevisíveis dos eventos e da opinião pública, mas também praticar a arte real, ou seja, a arte do governo secreto, e passar de uma fase a outra da Grande Obra. Ela passa do "solve" ao "coagula": de Émile Combes, que dinamitou o catolicismo, a René Guénon, que construiu o esoterismo transcendente. Lembra-se que essas duas fases correspondem às duas reivindicações distintas de Lúcifer, que são fazer do Anticristo não apenas o Rei do mundo, mas também o Pontífice Universal.

A fase política do trabalho foi concluída pela maçonaria racionalista, jacobina, materialista, científica, anticlerical, socialista e ateísta, que acionou o ciclo revolucionário e suas etapas sucessivas: 1789-1830-1848-1871-1917. As monarquias cristãs foram substituídas por repúblicas e a república universal recebeu as bases que agora restam apenas consolidar.

Ao mesmo tempo, a maçonaria espiritualista infiltrou-se na Igreja, onde organizou primeiro uma rede modernista e, mais recentemente, uma rede gnóstica. Essa dupla rede, orquestrada pela mesma mão, corroeu a hierarquia eclesiástica, que agora está impotente. A maçonaria não tem mais nenhuma reação a temer da parte da Igreja oficial e conciliar. Ela a alistou definitivamente e a transformou em sua auxiliar. Salvo um milagre de ressurreição, essa situação é canonicamente irreversível, pois não há mais nenhuma instância eclesiástica que escape ao controle da maçonaria. O Concílio, o Sínodo, a Cúria, o Conclave e a própria Sé Apostólica estão todos em suas mãos.

Em suma, a República Universal está constituída e a Igreja está impotente. Mas os objetivos do demônio não foram alcançados. Primeiro, é preciso transformar a República Universal em Império Sacral para que o Anticristo possa cingir a coroa, tão ambicionada, de "Rei do Mundo". E depois, é preciso substituir a religião católica pela Religião Universal, da qual o Anticristo será o pontífice e Lúcifer será o Deus:

"Subirei aos céus; erguerei meu trono acima das estrelas de Deus. Sentar-me-ei no monte da assembleia, nos confins do norte; subirei acima das alturas das nuvens, serei semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14, 13-14).

O socialismo absoluto e universal ainda não está completamente implantado, o rolo compressor do ateísmo soviético ainda não passou por todo lugar, quando já (e há muito tempo, pois o demônio é prudente) a maçonaria se prepara, sob o impulso de seus espiritualistas, para uma fase gnóstica, a fim de sacralizar o poder socialista e espalhar, pela gnose moderna, uma verdadeira religião luciferiana.

Era necessário dedicar um parágrafo para recapitular a dinâmica interna da infraestrutura revolucionária.