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A Ciência do Bem e do Mal

Neste mundo onde o bem e o mal são tão próximos, devemos cultivar a "ciência do bem e do mal" para não confundi-los. E devemos cultivá-la precisamente porque ela não nos é natural; somos privados do consumo do fruto que deveria nos proporcioná-la:

"Ne comederes" (Gên. III, 17). Não comerás dele.

Esta dupla ciência, tão necessária, é Nosso Senhor quem nos traz. Ele próprio é a árvore desta ciência e seu "fruto" nos comunica. A ciência do bem é a ciência de Cristo e a ciência do mal é a ciência do Anticristo. Uma grande parte do Evangelho é dedicada a nos revelar a pessoa do Adversário. Se possuímos apenas uma das duas ciências, somos Doutores caolhos.

Os doutores da Sinagoga possuíam mais a ciência do mal. Acostumados a desconfiar das "Nações" e de seus deuses-demônios, eles desconfiaram de Cristo: "É por Belzebu que Vós expulsais os demônios", diziam-lhe.

Inversamente, a Igreja dos Gentios, saturada da ciência do bem, não desconfia do Anticristo; vemos hoje que ela se prepara para reconhecê-lo, pois já acolhe seus adeptos. Finalmente, a Sinagoga obstinada e a Igreja desviada não terão nada a invejar uma da outra. A primeira terá rejeitado Cristo e a segunda terá acolhido o Anticristo.

É por isso que é necessária uma ciência equilibrada que conduza à prudência sem obscurecer o espírito:

"Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas". (Mat. X, 16).

Por esta associação da serpente e da pomba, o texto especifica de qual prudência devemos nos armar. Pois há duas prudências: a prudência tortuosa que foi a da serpente no jardim do Éden e a prudência simples que foi a de São José em Nazaré (Nazaré significa: jardim das Flores). O Divino Mestre especifica aqui de qual prudência ele quer falar. Ele quer que pratiquemos a prudência que pode se aliar à simplicidade da pomba.

Para manter a simplicidade na prudência, é preciso cultivar simultaneamente as duas ciências. A da Igreja ilumina a inteligência e aquece o coração. A da contra-igreja nos faz reconhecer as trevas sob a falsa luz. Aqueles que cultivam apenas a ciência da Igreja tornam-se ingênuos que ignoram as armadilhas do Adversário. Aqueles que cultivam apenas a ciência da contra-igreja frequentemente se deixam fascinar pela prodigiosa astúcia dos demônios e acabam por se alistar nas fileiras da contra-igreja. De fato, o estudo dos documentos das seitas, que nos faz conhecer o inimigo, é perigoso; é preciso tomar cuidado para não se comprazer nesses textos, pois eles contêm sutilezas de aparência lógica (o demônio é lógico) mas que obscurecem o espírito e desviam a vontade. É preciso compensá-los com o alimento espiritual e com as luzes que se encontram no Patrimônio da Religião.