Os principais temas gnósticos
Começaremos nosso raciocínio com uma constatação que todos podem fazer: a proliferação atual e relativamente recente da literatura que antigamente se chamava ocultista e à qual hoje se dá indiferentemente o nome de esotérica ou gnóstica. Essa proliferação, que atinge enormes proporções, supõe uma grande quantidade de escritores gnósticos para alimentá-la, mas também uma considerável clientela de leitores para dela se nutrir. Pode-se falar de um fenômeno cultural com o qual é normal se ocupar, ou até mesmo se preocupar.
O esoterismo é o novo nome que se dá ao ocultismo. As duas palavras são construídas sobre o mesmo modelo: "esotérico" vem de um radical grego que significa "interior", e "oculto" é derivado de um verbo latino que quer dizer "esconder". As ciências ocultas ou esotéricas são ciências reservadas em princípio a iniciados. O movimento de pensamento, do qual essa literatura abundante é a emanação, qualifica-se a si mesmo de neognóstico ou mesmo simplesmente de gnóstico, marcando assim que trabalha para a ressurreição moderna da gnose chamada histórica que envenenou os três primeiros séculos de nossa era.
Gostaríamos, no trabalho que se segue, definir os principais temas filosóficos e religiosos que são desenvolvidos, com uma incrível volubilidade, na literatura ocultista, esotérica e gnóstica contemporânea.
Esses grandes temas são expressos pelos autores com uma confusão estudada. Vamos simplificá-los o máximo possível, pois queremos apenas chamá-los à atenção dos leitores. Não temos a ambição de resolver definitivamente as questões que vamos evocar. Trata-se apenas de esquemas reunidos em um aide-mémoire. Neste trabalho, não citaremos nenhuma fonte. Desejamos apenas facilitar a identificação dos grandes temas gnósticos nos documentos que a vida moderna nos apresenta.