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O Simbolísmo Universal

Eis, portanto, todas as religiões, incluindo a religião cristã, unificadas por sua tradição e por sua mística. A gnose, que se infiltra em todos os lugares, tentará unificá-las ainda mais por seu simbolismo. Segundo ela, o cristianismo nem sequer tem o direito de reivindicar a singularidade de seu simbolismo; o simbolismo cristão se confundiria com o simbolismo universal. Como a gnose chega a esse resultado? Mais uma vez, ela partirá de um postulado correto e depois se desviará no caminho.

Não há dúvida de que as obras de Deus estão em harmonia umas com as outras e que o universo testemunha uma correspondência universal. As obras de Deus estão em harmonia no espaço, pois Deus coloca unidade entre as diversas partes de sua obra. Elas também o estão no tempo, pois as obras de Deus se chamam e se recordam. Todos os sábios do mundo tomaram consciência dessa harmonia e dessa correspondência universais. A Tábua de Esmeralda, que é o código dos alquimistas, contém esta famosa proposição:

"O que está em cima é como o que está embaixo e o que está embaixo é como o que está em cima".

Ao subscrever esta máxima, a gnose moderna não diz nada além do que dizem muitos escritores da Igreja.

O meditativo gnóstico, ao comparar as obras de Deus entre si, obviamente encontrará harmonias em número ilimitado. Ele inventariará um universo indefinidamente harmonioso. Ao fazer isso, declarará que pratica um simbolismo aberto porque não se imporá nenhuma regra. Seu pensamento sendo cosmocêntrico, ele verá o universo como sendo seu próprio símbolo. Para ele, o cosmos, cujo alto corresponde ao baixo e fornece o tipo, será autossignificante. E ele escolherá, como emblema dessa "autocorrespondência", a serpente circular que morde a própria cauda. É a "serpente Ouroboros", ou seja, a serpente que devora a si mesma. E o gnóstico concluirá sua meditação simbólica pedindo à Igreja que também se submeta a esse "simbolismo aberto", universalmente aceito, acrescentará ele.

Diante desse simbolismo aberto, quais serão os princípios do simbolismo cristão? O ponto de partida é o mesmo. É a constatação da harmonia que Deus colocou entre as diferentes partes de suas obras. O pensador cristão dirá:

"O céu que vemos é a imagem do Céu em que acreditamos".

Mas ele irá além porque o eixo do simbolismo cristão não é "cosmocêntrico", ele é Cristocêntrico. Ele se preocupa em saber por quem e para quem um edifício tão harmonioso foi construído.