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O Hiper-deus

Os neognósticos, mesmo aqueles que se apresentam como cristãos ortodoxos, mencionam o "Princípio Supremo". Eles o descrevem como a Super-divindade. Alguns lhe dão o nome de hiper-deus. Eles o colocam acima da existência. Para eles, ele não pertence nem mesmo ao domínio da essência, pois o chamam de "sobre-essencial". Este princípio supremo é totalmente indiferenciado, ou seja, não possui nenhuma determinação. Ele é superior e anterior às hipóstases, ou seja, à distinção das Pessoas divinas. Ele é a Virtualidade universal. Ele contém todos os possíveis, tanto os manifestados como os não-manifestados. Ele transcende o bem e o mal. Nele, o bem e o mal se equilibram.

É bastante evidente que essa concepção da divindade suprema não corresponde de forma alguma ao Deus da religião cristã. O Deus que Se revelou é, ao mesmo tempo, um Deus existente e infinito. Ele é um Deus existente, pois diz: «Ego sum qui sum». Eu sou Aquele que sou. E é esse mesmo Deus, realmente existente, que é também infinito, absoluto e onipotente. Não existem dois deuses, um infinito e outro existente. Há apenas um. E é justamente aí que reside o mistério.

Os neognósticos, seguindo René Guénon no caminho do "princípio supremo", rejeitam a unidade divina acima e fora da Trindade, que então se torna uma espécie de hipo-deus, um sub-Deus, criador talvez, mas secundário e relativo ("diferenciado", como dizem), de qualquer forma subordinado ao absoluto do princípio supremo e à sua lógica.

A fé católica é totalmente diferente. A unidade e a imensidade de Deus não devem ser separadas de Sua Trindade; elas não devem ser consideradas mais essenciais do que Sua Trindade. Para provar isso, temos dois textos incontestáveis: o texto do prefácio da Santíssima Trindade e o do Símbolo de Santo Atanásio.

O prefácio da Santíssima Trindade diz o seguinte:

"... Um único Deus, um único Senhor, não na solidão de uma única pessoa, mas na Trindade de uma única substância... confessando a verdadeira e eterna Divindade, adoramos a propriedade nas pessoas, a unidade na essência e a igualdade na majestade..."

Quanto ao símbolo de São Atanásio, ele contém as seguintes formulações:

"O Pai é não-criado, o Filho é não-criado, o Espírito Santo é não-criado. O Pai é imenso, o Filho é imenso, o Espírito Santo é imenso. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E contudo, não há três eternos, mas um único eterno. Nem três não-criados, nem três imensos, mas um único não-criado e um único imenso... E nesta Trindade não há nada anterior ou posterior, nada maior ou menor."

A unidade e a imensidade de Deus não são maiores do que Sua Trindade. Elas também não são anteriores a Ele. É claramente visível que a própria noção de "princípio supremo" e de hiper-deus é rejeitada por estes dois textos, cuja autoridade não precisa ser enfatizada, pois ambos são litúrgicos. Portanto, cuidado com aqueles que nos vêm com seu hiper-deus.