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A Tradição Universal

Os gnósticos se dizem depositários da "tradição imemorial", a qual contém, segundo eles, os vestígios fiéis da "revelação primordial". Essa é uma das grandes ideias de René Guénon.

Essa revelação primordial teria se transmitido, dizem eles, em colégios de iniciados que inspiraram, com mais ou menos eficácia, as formas religiosas exotéricas que surgiram na superfície social e que são evidentemente diferentes de um continente para outro e mesmo de um milênio para outro.

A tradição primordial pode, portanto, também receber o nome de "tradição universal", pois é ela que se encontra, com mais ou menos fidelidade, no fundo esotérico das grandes confissões estabelecidas.

É no Oriente, desconfia-se, que a tradição universal teria se conservado com a maior fidelidade. É lá que se encontram suas formas mais arcaicas, em particular nos escritos védicos. Esses escritos védicos são: os quatro livros dos Vedas, os Upanishads que são os comentários dos Vedas e, finalmente, o Vedanta, que é uma explicação metafísica e mística mais tardia dos Vedas. É, portanto, de preferência no Oriente que se deve buscar a tradição universal, sem negligenciar, no entanto, o fundo esotérico e gnóstico das outras religiões, onde também se a encontra.

As grandes religiões darão um grande passo em direção à sua unidade cultivando sua fonte comum, que é a tradição universal. As sociedades esotéricas se encarregarão de fazê-las conhecê-la. Essa é, muito esquematicamente definida, a tradição universal segundo os gnósticos de hoje.

Perguntemos-nos agora qual é a doutrina da Igreja sobre esse assunto tão importante.

O fio da tradição primordial foi milagrosamente conservado por Abraão. A peça-chave dessa antiga tradição era o anúncio de um Salvador que deveria vir "nos tempos marcados". Anúncio que finalmente só se perpetuou intacto no povo de Israel.

Os grandes marcos dessa tradição autêntica são, portanto: Adão, Noé, Abraão e Moisés. Ela está contida no Antigo Testamento. E ela culmina em Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a sua realização, sendo o Salvador anunciado.

Jesus Cristo procede a uma Nova Revelação, a qual é consignada no Novo Testamento e na Tradição apostólica.

Duas tradições estão fundamentalmente em luta diante de nossos olhos. Longe de veicular o mesmo conteúdo conceitual, essas duas tradições são antagônicas. Uma transmite, sem disfarce, a religião do verdadeiro Deus, é a Tradição apostólica na qual a autêntica tradição primordial está inteiramente incluída. A outra, chamada pelos neognósticos de Tradição primordial, transmite, sob um disfarce de luz, a religião tenebrosa daquele que quer tomar o lugar de Deus.