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A Mística Universal

Para proceder à unificação das religiões, os homens da gnose também buscam uniformizar suas místicas, ou seja, seus métodos contemplativos. Eis como eles procedem.

Eles constatam primeiro (o que é perfeitamente exato) que o homem é naturalmente dotado de faculdades contemplativas e que essas faculdades se encontram em grande uniformidade. O aparelho místico do homem é o mesmo, independentemente da religião. Os gnósticos partem, portanto, de uma constatação exata. Veremos como eles logo depois bifurcam.

Dessa uniformidade do aparelho místico, eles concluem que o conteúdo conceitual que se pode extrair dele é também uniforme. Expliquemo-nos. Para eles, desde que a alma se desabroche em direção ao mundo dos espíritos, ela só pode captar mensagens divinas. Desde que haja exercício da faculdade mística, ou seja, da faculdade de comunicação com o mundo espiritual, é inútil perguntar com quais entidades a alma efetivamente se encontra em relação; só pode ser com o mundo divino. A gnose, a moderna como a antiga, conclui que todas as religiões são alimentadas pela contemplação divina. Todo místico só pode ter um inspirador, que é Deus.

Portanto, os gnósticos se dirigirão aos cristãos dizendo-lhes:

"Vocês afirmam que seus místicos comunicam com Deus; vocês têm razão. Mas os místicos de todas as outras religiões também comunicam com Deus".

Todas as religiões se equivalem no domínio da contemplação. A afirmação da equivalência mística universal é um dos meios mais seguros de unificar as religiões.

Aqui está a posição católica sobre este assunto.

A alma cristã se distingue daquela que não é cristã. Ela se distingue essencialmente pela Fé da qual recebeu a marca no batismo. A partir de então, é a graça divina que vai iluminá-la e instruí-la.

A alma não cristã de boa vontade pode receber de Deus graças adaptadas à sua situação. Mas ela não chegará à contemplação do Deus Trindade e do Verbo Encarnado Redentor da humanidade.

Os mestres da vida espiritual católica estabeleceram as regras bem conhecidas do discernimento dos espíritos. Uma das principais é que as "consolações místicas" não devem ser buscadas. É preciso apreciá-las quando se apresentam, mas não se deve fazer nada para provocá-las. Ora, precisamente a mística de todas as outras religiões é feita de receitas para provocar a visão, o êxtase, o comércio sensível com o além.