A Gnose Universal
Depois de terem usado por muito tempo circunlocuções prudentes, na época em que a Igreja ainda lhes inspirava certo temor, os escritores gnósticos se expressam hoje abertamente. Eles proclamam que a gnose não é outra coisa senão a teologia da futura e próxima religião universal.
Apenas a gnose ainda é apenas uma doutrina esotérica, pelo menos em teoria, ou seja, uma doutrina reservada a uma elite. Uma elite por muito tempo confinada a congregações iniciáticas, mas que se está ampliando a todo tipo de círculos intelectuais e universitários, e isso em todo o mundo.
Esta gnose, ainda esotérica, deixa subsistir acima dela, na superfície social, as religiões exotéricas, ou seja, as grandes confissões estabelecidas. E ela se contenta, por enquanto, em unificá-las insensivelmente. De modo que não saímos da fase do pluralismo. É esse pluralismo religioso que o ecumenismo conciliar põe em prática e em aplicação com uma notável docilidade. A diversidade das religiões estabelecidas é mantida enquanto a gnose subjacente não tiver conseguido unificá-las substancialmente. Ora, elas resistem a essa uniformização porque seu clero, é bem natural, apega-se ao seu papel de liderança.
Será preciso, no entanto, chegar um dia, sob a pressão das sociedades gnósticas, a essa unificação final, ou seja, ao estabelecimento de uma religião sincrética. É por ela, muito mais do que pelo pluralismo, que Lúcifer proclamará publicamente seu triunfo. O pluralismo ecumênico é apenas uma etapa. A religião sincrética será a gnose universal.
Quais serão os agentes dessa passagem do pluralismo ao sincretismo? Simplificaremos e enumeraremos apenas os três principais desses agentes que vemos tão frequentemente aparecer como temas da gnose moderna. O que convém unificar, nas diversas religiões do mundo, para fundir em uma única religião? Basta unificar a tradição, a mística e o simbolismo. Retomemos sucessivamente cada um desses agentes de unificação.