Uma Beleza Tenebrosa
O romancista-filósofo se chama na realidade Georges Soullès. Afirma-se que ele forjou o pseudônimo de Abellio condensando Abel e Belial. Diz-se também que ele escolheu o prenome Raymond por causa de sua semelhança com Ammon-Raa, nome do Júpiter egípcio. Não haveria nada de surpreendente nisso.
Concorda-se em reconhecer em R. Abellio um grande talento de escritor. Não discordaremos disso. Ele colocou, na exposição de toda essa gnose, um frêmito romântico totalmente fascinante ao qual não se pode ficar indiferente. É até permitido detectar nela uma espécie de religiosidade intelectual. Mas a riqueza e a elegância da forma encobrem um conteúdo cheio de erros. As páginas são belas, de fato, mas de uma beleza tenebrosa.
A heterodoxia desses desenvolvimentos vibrantes é imediatamente manifesta aos olhos de um cristão. Nem a transfiguração alquímica do universo, nem o determinismo astrológico, nem "o outro evangelho", nem o misticismo cósmico, nem mesmo a inclusão do cristianismo na pluralidade da gnose conseguirão convencer uma alma verdadeiramente católica.
O cristão fiel tem muito melhor do que essa gnose, por mais cintilante que seja, para alimentar as reflexões de sua inteligência e as meditações de seu coração. Basta-lhe considerar os serenos esplendores da verdadeira Religião.