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Um Imenso Cérebro

R. Abellio também destaca outro elemento constitutivo da gnose, talvez menos usual que os outros: a astrologia. Ele inseriu em sua coletânea três prefácios que lhe pediram para escrever para três livros tratando de astrologia: "Não queime a bruxa", de Élisabeth Teissier, "A Astrologia encontra a ciência", de Jean Barets, e "Retorno ao zodíaco das Estrelas", de Jacques Dorsan.

Ele acredita que se obtém muitos benefícios ao fazer da astrologia uma disciplina gnóstica plena. Retomaremos apenas dois deles.

O primeiro benefício que a astrologia proporciona à gnose é servir-lhe de terreno de entendimento com a ciência quantitativa. De fato, a astrologia trata precisamente da influência imponderável, e no entanto determinante, dos astros sobre o comportamento humano; ela mostra que o homem responde a estímulos que são ao mesmo tempo materialmente observáveis, sem contestação possível, e no entanto não quantificáveis. A astrologia, concluiu ele, é portanto em parte científica, embora não quantitativa em seus efeitos materiais. E ao mesmo tempo, em sua qualidade de antiga disciplina tradicional e indemonstrada, ela também é uma matéria gnóstica e "iniciática" (página 169). A astrologia, por ser ao mesmo tempo científica e gnóstica, constitui o ponto de encontro designado da ciência e da gnose.

Portanto, R. Abellio convida a ciência a estudar a astrologia, a incorporá-la e assim realizar sua própria espiritualização (página 157). A ciência quantitativa se tornará então verdadeiramente uma disciplina gnóstica. Aliás, uma evolução irreversível já está se operando nesse sentido:

"Na medida em que desconhecem o alcance dessa revolução espiritual, os detratores da astrologia são apenas atrasados". (p. 157)

A astrologia também proporciona à gnose um segundo benefício ao trazer uma confirmação ao velho panteísmo, que é um de seus componentes mais antigos. A astrologia se baseia, de fato, segundo R. Abellio, em um postulado que lhe é caro, o da interdependência universal. Para ele, essa interdependência é absoluta; não apenas o universo age sobre o homem, mas o homem age sobre o universo:

"Minha menor emoção, meu menor pensamento, ficam inscritos para sempre no tecido infinito da interdependência global". (p. 157)

Só que o homem não está incorporado a um universo mecânico e morto: "Esse universo prodigioso das interações e correspondências globais", R. Abellio não quer mais que o consideremos como uma imensa máquina. Ele é, na verdade, segundo ele, um imenso cérebro. E esse imenso cérebro é realmente vivo:

"Se os astros, como dizia Swedenborg, também são seres, não obedecem eles também ao dinamismo de toda a vida?" (p. 171).

Ora, precisamente "a astrologia restaura ao homem suas relações com o universo". (p. 156)

Um universo que tem consciência de si mesmo e que vive. Reencontramos aqui a consciência universal sobre a qual R. Ruyer nos falou em "A gnose de Princeton" e que não é outra coisa senão o elemento central do antigo panteísmo.